É possível imaginar um ambiente de trabalho, uma residência, uma loja sem uma chave de fenda, um martelo e um alicate? Essas são as ferramentas que todos lembram e usam, mas quando o ambiente é industrial, além desses itens essenciais e básicos, muitos outros estão presentes, inclusive hidráulicos, pneumáticos, automatizados, robotizados e em materiais especiais.
Na definição de ferramentas manuais está implícita a finalidade de oferecer habilidades laborais, complementando processos produtivos em diferentes atividades industriais e econômicas, constituindo-se como etapas de uma linha de produção ou de uma célula de manufatura.
Dessa forma, como detalha Felisberto Moraes, diretor da Unidade Ferramentas Manuais da Tramontina – indústria que neste ano está comemorando seu 111° aniversário – “as ferramentas manuais estão sempre presentes nos setores de manutenção, elétrica, hidráulica, setup de máquinas, ajustes de linhas, projetos e montagens de máquinas e equipamentos dentro da indústria”.
Com aplicações tão variadas, esse é um setor que, de um modo geral, evolui continuamente para atender exigências crescentes tanto de produtos quanto do mercado.
Eficiência é lema e responde por aprimoramentos para atender exigências de rastreabilidade, ergonomia, produtividade e desempenho, indicadores mais presentes nas ferramentas industriais para linhas de montagem, sinaliza Giovanni Ramos Caletti, diretor da CallTorque.
As ferramentas manuais de qualidade devem ser robustas o suficiente para serem usadas nos ambientes mais severos, pois protegem os eletricistas e técnicos de manutenção dentro da empresa, ao operar uma máquina, ou em trabalho externo, observa Osvaldo Conegundes – gerente de Produtos da Fluke, empresa pertencente à holding Fortive Corporation – sem “onerar o custo de fabricação das empresas com acidentes provocados por ferramentas estragadas ou irregulares, impróprias para o trabalho ou usadas de forma incorreta”.
ERGONOMIA: PALAVRA DE ORDEM
A ergonomia das ferramentas destaca-se como meio de “garantir o conforto na operação e a saúde no Trabalho, contribuindo para manter na empresa os profissionais treinados”, avisa o diretor da CallTorque, para quem a ergonomia está atrelada “ao processo como um todo e não à ferramenta. A busca por melhoria da ergonomia envolve trabalho conjunto com os clientes”.
A ergonomia também é enfatizada por Domenico Landi – gerente Técnico de Produtos da Sandvik Coromant: “Algumas ferramentas são projetadas para ter peso reduzido, contribuindo na redução do esforço do usuário, como as chaves com controle de torque, que permitem regular o esforço de aperto, evitando carga excessiva na fixação”.
Também no segmento industrial, as ferramentas são itens Indispensáveis. Valter Antonio Lima Santos, diretor Comercial do Grupo OVD/Vonder, sente-se confortável para afirmar que “qualquer processo de fabricação de máquinas e equipamentos ou produtos depende diretamente do uso de ferramentas manuais, em todas as etapas dos processos de fabricação do produto”. Leandro Cruz – diretor Comercial da América Latina da Starrett – soma a padronização dos processos e a velocidade de comunicação entre os setores das fábricas como facilitador da mensuração eletrônica e em tempo real dos dados, para evitar falhas e agilizar os processos.
Automação e certificação: tendências
A automação dessas ferramentas é tendência, pois é notável a demanda por agilidade nos processos, sejam eles industriais ou em uma simples manutenção em casa. Prova disso é o crescente lançamento de ferramentas alimentadas a bateria, capazes de realizar múltiplos procedimentos, principalmente na indústria automotiva, cujos processos de montagem de carrocerias e pintura são totalmente automatizados, entre outros.
Os preceitos da manufatura avançada estão cada vez mais presentes no ambiente industrial. Landi explica que nesse universo, além de robôs, são exigidos “sensores, medidores automáticos de qualidade e interligação de equipamentos e ferramentas de corte confiáveis que possam atestar a estabilidade do processo de usinagem e vida útil previsível. Em outras palavras, a ferramenta deverá assegurar que a troca automática da mesma, ao final da vida, ocorra sem problemas e no tempo ou vida programados”.
Enquanto nas linhas de produção é uma realidade palpável e mensurável, no mercado de manutenção corretiva e preventiva a automação – garante Caletti – “está longe de ser uma prática viável ou até mesmo tendência. No mercado em geral e mais especificamente em manutenção, certificação com rastreabilidade e ferramentas para torque controlado são necessidade, digamos, mas não imperativo quando se trata de aquisição de equipamentos. Entretanto, observamos que, em caso de aluguel, esta exigência torna-se pouco necessária ou até mesmo nula”.
A causa sinalizada pelo diretor da CallTorque refere-se à alta rotatividade entre clientes das ferramentas de aluguel e à grande incidência de quebra, exigindo a substituição em meio a operações muitas vezes críticas. “Isto faz com que, devido à urgência, não se observe se as ferramentas estão, ou não, certificadas ou até mesmo aptas ao uso. Esta prática de manter a certificação acompanhando as ferramentas é algo que nos preocupa, devido aos critérios exigidos nas manutenções. Por este motivo, nosso foco é o cliente adquirir suas próprias ferramentas, para que tenha a absoluta certeza de que estará executando o melhor trabalho”.