O novo Plano de Aceleração do Crescimento (NPAC), lançado em 11 de agosto, prevê investimentos de R$ 1,7 trilhão em todos os Estados, sendo R$ 1,4 trilhão até 2026 e R$ 0,3 trilhão após 2026, para um mapa de obras por Estado que trabalha com nove eixos e 40 subeixos, incluindo, por exemplo, água para todos, infraestrutura social e inclusiva, transição e segurança energética e transporte eficiente e sustentável.
Em paralelo, dados inseridos por estados e municípios na Plataforma Mãos à Obra, em maio, listam 7.717 empreendimentos de interesse social que já constavam nos sistemas do Governo Federal, correspondendo a 72% do total de cadastros, e incluem outras 3.726 obras, totalizando 11.443 empreendimentos.
Estatísticas apresentadas pelo titular da Casa Civil da Presidência da República em audiência pública conjunta no Senado Federal, realizada em 13 de junho e que reuniu parlamentares das comissões de Meio Ambiente, de Infraestrutura e de Desenvolvimento Regional, apontam que dois decretos editados pelo Governo Federal asseguraram “a continuidade dos serviços em mais de 1.100 municípios que corriam o risco de ficar sem os serviços de saneamento e reafirmou uma decisão do Congresso Nacional quando da aprovação do Marco (2020), dando ampla condição do investimento privado chegar aos municípios”.
A esses números, soma-se a malha rodoviária existente de 1,7 milhão de quilômetros, insuficiente e nem sempre mantida a contento. Há, também, concessões em andamento e previstas, além da possibilidade de projetos de infraestrutura rodoviária classificados como prioritários pelo Governo Federal captarem recursos no mercado privado via Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (REIDI).
Os quatro primeiros meses deste ano perceberam do Ministério dos Transportes R$ 3,3 bilhões em diversas obras pelo País, com 2.158 quilômetros de rodovias duplicados, adequados, pavimentados e revitalizados.
A relação se alonga com os investimentos em transporte por modais rodoviário, ferroviário, aéreo e aquaviário, e podem ser encontrados no Caderno de Transportes 2022, publicado pelo então Ministério da Infraestrutura, que traz o balanço do que foi realizado no ano. Olhando apenas o capítulo referente aos incentivos ao investimento, os principais resultados mostram 15 projetos aprovados em 2022, compreendendo 6 rodoviários, 7 ferroviários, 1 portuário e 1 aeroportuário, com Capex de R$ 27,05 bilhões e valor previsto para emissão de R$ 20,87 bilhões.
O relatório também cita a realização de 14 emissões de debêntures incentivadas no setor de logística e transporte, no montante de R$ 7,26 bilhões; foram aprovados outros 20 projetos no âmbito do Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (REIDI), com investimentos previstos de R$ 29,61 bilhões e desoneração estimada em R$ 1,47 bilhão, para 5 projetos rodoviários, 5 ferroviários e 10 portuários. E mais: Em 2022, o total de recursos repassados às 27 Unidades da Federação – proporcionais à extensão da malha existente, ao consumo de combustíveis e à população – esteve em R$ 520,4 milhões.
Mercado: demanda represada
Os números são impactantes, mas estão aquém do necessário para atender a demanda reprimida das obras de infraestrutura no Brasil. Essa realidade impacta o crescimento do mercado e das indústrias do setor, que, assim como todos os principais setores da sociedade, sofreu a influência da pandemia e do conflito entre Rússia e Ucrânia, com falta de peças e componentes, como pneus e componentes eletrônicos, com reflexos na capacidade produtiva das fábricas.
Alexandre Bernardes, presidente da Câmara Setorial de Máquinas Rodoviárias da ABIMAQ (CSMR), lembra que, apesar das dificuldades, o mercado “continuou ativo, pois a demanda do setor de infraestrutura é muito alta para as máquinas de linha amarela. Ainda há muito o que fazer. O Brasil precisa de grande investimento em infraestrutura, redes de esgoto, portos, aeroportos, rodovias etc. para melhorar a qualidade de vida da sociedade, gerar mais empregos e atrair investimentos e negócios para o País. Está tudo interligado. Esse é um dos caminhos para ganhos de produtividade, redução dos custos produtivos e logísticos e, por consequência, maior geração de emprego e renda”.
Os números do setor comprovam a atividade das fabricantes reunidas na ABIMAQ: a produção de máquinas da linha amarela em 2022 foi de 50.426 em unidades físicas, e a perspectiva para este ano é que fique um pouco abaixo desse total. No que diz respeito à comercialização, em 2022, foi batido o recorde histórico de vendas de máquinas da linha amarela, com 41.681 unidades, segundo dados do Estudo de Mercado 2022 da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema).
O mercado de equipamentos de infraestrutura, segundo estatísticas, tem como principal consumidora a Construção Civil (33%), que engloba transportes (rodovias, ferrovias e aeroportos), energia (hidrelétricas, plantas eólicas e fotovoltaicas) e saneamento (redes de água e esgoto); seguida dos segmentos de Locação (24%) e Agricultura (17%), Governo, Indústria, Mineração e Florestal.
Para atender essas aplicações, há extenso portfolio, composto por minicarregadeiras, miniescavadeiras, escavadeiras, pás-carregadeiras, retroescavadeiras, manipuladores telescópicos, rolos compactadores, motoniveladoras, caminhões-guindaste, tratores de esteiras, caminhões fora de estrada, betoneiras, guindastes móveis sobre esteiras e pneus etc.
Mesmo reconhecendo que “o setor de infraestrutura está melhor a cada ano”, Renato Torres, diretor Comercial da XCMG, concorda com a posição de Bernardes, ao argumentar: “Ainda há muito o que fazer para alcançarmos uma posição melhor no ranking dos melhores países em infraestrutura. Em 2019 ocupávamos a 81ª posição no ranking mundial. Percebemos que o setor de infraestrutura de transportes tem se destacado, na construção de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, por ser uma necessidade premente no Brasil, dadas as grandes distâncias entre os Estados produtores e os canais de escoamento”.
Recordando a retomada de 2017 até 2022 do setor fabricante de máquinas, puxada pela construção, João Giatti, gerente comercial da Caterpillar, enfatiza que 2022 “foi um ano excepcional, e em 2023, o segmento apresenta redução da atividade quando comparado aos primeiros meses do ano anterior. Estamos otimistas com as oportunidades a serem geradas daqui em adiante com potencial de impulsionar a infraestrutura de saneamento, transporte, energia e telecomunicação, inclusive com os anúncios de investimento por meio de PPI”.
Confiante em “investimentos significativos por parte do Governo Federal para o setor de infraestrutura, além de uma inflação controlada e um novo otimismo com a possibilidade de redução dos juros, o que traz perspectivas positivas para 2023”, Wang Shujin – vice-presidente da Sany do Brasil – pede agilidade no processo de planejamento e regulamentação para projetos de infraestrutura, que “muitas vezes é demorado e burocrático. A falta de clareza nas políticas e atrasos nos processos de licenciamento podem atrasar ou até mesmo inviabilizar projetos, tornando difícil a execução eficiente”.
“O fluxo contínuo de investimentos é que gera um pipeline robusto e consistente de projetos de qualidade”, alega Thomas Spana, gerente de Vendas da Divisão de Construção da John Deere Brasil, e recomenda: “O importante não é ter apenas alguns projetos indo ao mercado de tempos em tempos, mesmo que sejam projetos de valores expressivos. É necessário que exista uma gama diversa de projetos que justifiquem a presença de investidores privados de maneira consistente, complementar ao investimento público, que também precisa sofrer uma alteração de patamar, atingindo os desejados 4%”.
Investimentos permanentes em tecnologias e inovações
Usadas principalmente pelos setores da construção, governos e locação, as máquinas da linha amarela atuam em obras viárias, seja de cidades e ou estradas, construção e manutenção de prédios, escolas, hospitais, redes de esgoto e outros. Além disso, há alta demanda em portos, aeroportos, ferrovias, usinas e mineração, e são cada vez mais aplicadas ao agronegócio, tendo representado mais de 15% das vendas na linha amarela. Em qualquer uma dessas atividades, contribuem com diferentes frentes, desde o suporte, à construção propriamente dita, além de movimentação de cargas e manutenção.
Equipamentos tecnologicamente avançados e que saem de fábrica com muita tecnologia embarcada, merecem cada vez mais investimentos das montadoras em desenvolvimentos que impulsionam a eficiência, a segurança e a sustentabilidade das máquinas e equipamentos.
O presidente da CSMR lista entre as tecnologias que já estão transformando o setor “conectividade, coleta de dados em tempo real, uso de algoritmos, machine learning e inteligência artificial”. Como ele define, essas “são ferramentas essenciais que otimizam o planejamento, aumentam a produtividade das máquinas, permitem monitorar condições de atuação, detectar falhas, otimizar o consumo, melhorar a segurança, prever a manutenção necessária, automatizar tarefas repetitivas e melhorar a tomada de decisões no geral”.
Nos últimos dois anos, resultado da conjuntura internacional, crescem os investimentos para “nacionalização ainda maior de fornecedores, ou seja, a produção local de peças e componentes brasileiros diminuiria a dependência do mercado exterior”, informa Bernardes, elencando que entre os objetivos da CSMR está “trabalhar para o fortalecimento do setor e para impulsionar a indústria nacional. É um trabalho conjunto de análise das estatísticas, dos dados setoriais e dos principais gargalos, visando a buscar soluções coletivas para os membros da comissão, além de trabalharmos em parceria com outras entidades em prol do nosso setor”.
Outro ponto de atenção das fabricantes da Linha Amarela vincula-se a conforto e segurança do operador. “As obras de infraestrutura requerem equipamentos robustos, resistentes, seguros e versáteis, que são projetados para suportar condições rigorosas de trabalho e as demandas intensas e desafiadoras das obras. A segurança para o operador dentro da máquina e para a obra em si também são diferenciais importantes. São máquinas capazes de lidar com impactos, vibrações, altas cargas e condições climáticas adversas”, resume o presidente da CSMR.
Empresa com portfólio de mais de 300 modelos diferentes de máquinas fabricadas no Brasil, a JCB entende – de acordo com Etelson Hauck, gerente de Produtos da marca – que “as tendências em tecnologia no setor de infraestrutura estão moldando a maneira como projetamos, construímos e gerenciamos nossas cidades e ambientes construídos. Dentre as principais tendências podemos citar a IoT (Internet das Coisas), cidades inteligentes, realidade aumentada, realidade virtual, inteligência artificial e análise de dados, impressão 3D para criar componentes de maneira mais rápida e eficiente, integração de fontes de energia renovável em projetos de infraestrutura, como painéis solares e sistemas de energia eólica”, reforça Hauck.
Atuando basicamente com equipamentos acima de 40 toneladas para movimentação de terra e betoneiras, a Liebherr Brasil corrobora a premissa do crescente uso de tecnologia nessas indústrias, visando especialmente a aumentar a produtividade e a segurança das operações, além da busca por alternativas de acionamento mais amigáveis ao meio ambiente e por soluções de automação, em algumas aplicações.
Para o gerente de contas da Komatsu, as principais tendencias estão ligadas à economia de combustível – com uso de tecnologia embarcada condizente com a demanda do trabalho a ser executado, ajustando o sistema de injeção de combustível do motor diesel com o sistema hidráulico, de modo a gerar maior eficiência e economia de combustível –; e gestão da frota, com tecnologia de gerenciamento e monitoramento que fornece dados elucidativos sobre o equipamento e a frota em formato acessível ao proprietário de equipamentos da marca.
As evoluções em pás-carregadeiras e guindastes móveis sobre esteiras e pneus são citadas por Daniel Poll, diretor comercial e de pós-vendas da Liebherr Brasil. No caso das pás-carregadeiras, o foco em baixo consumo conduz a “máquinas mais leves sem perder em carga de tombamento, resultado de sistema de translação hidrostático, que possibilita o posicionamento ideal dos componentes da máquina e elimina a necessidade de contrapeso adicional”. Dentro da área de guindastes, recursos e tecnologias objetivam melhorar “substancialmente a segurança operacional, planejamento da operação, conforto e produtividade. Isso tudo, além de sistemas que possibilitam a utilização variável do contrapeso e do sistema de patolamento da máquina, favorecendo que grandes guindastes operem em áreas com espaços cada vez mais restritos”.
Os investimentos, garante Poll, são direcionados a tecnologias que, “de um modo geral, visam a melhorar a operação do cliente, agregando valor ao seu negócio, seja em que área for”, e cita como exemplo aperfeiçoamentos em betoneiras de modo a proporcionar “maior espaço para a mistura ser feita de forma ágil e com altíssima qualidade”.
Mais do que facilitar a gestão da frota pelo cliente, resultando em maior eficiência e produtividade, um portifólio completo de soluções integradas e conectadas ao serviço de telemetria em tempo real, como o da New Holland Construction, segundo Paula Araújo vice-presidente da marca para a América Latina, “oferece tratamento e análise destes dados, compartilhando as informações com o centro de controle da marca, que avalia e encaminha possíveis alertas gerados pelas máquinas em campo”.
Os resultados vêm comprovando benefícios para todos os envolvidos. “Isso nos permite uma atuação proativa e preventiva, fazendo que o time de serviços, tanto da fábrica quanto em nossas concessionárias, acompanhe a operação do cliente mais de perto. Tendo acesso às informações cruciais sobre a máquina, como desempenho, consumo de combustível e eficiência do operador, se tem um melhor controle da frota, podendo ganhar mais rendimento e produtividade”, reforça Paula Araújo.
Líder da Case Construction Equipment para a América Latina, Carlos França comemora a decisão da empresa de, desde o início de 2023, entregar todas as máquinas que fabrica com telemetria e sensoriamento embarcados de fábrica e com capacidade de comunicação a cada 1 minuto com o centro de controle, via sinal de celular a partir do próprio equipamento.
“A evolução da telemetria nos últimos anos permite que hoje seja gerado grande volume de dados que favorecem a tomada de decisão inclusive pelo próprio operador, que recebe alertas de superaquecimento de componentes, interrupção de algum fluido, como óleo, combustível, entre outros, mesmo no caso de não haver conectividade no local da operação. O alerta gera um código que dá ao operador a dimensão do problema e permite que, ao entender o que está acontecendo, possa atuar de maneira preventiva”, detalha França,
Permitir que o cliente tome decisões inteligentes, otimize a frota, aumente a produtividade e diminua o custo operacional motivaram o desenvolvimento de software para gerenciamento das operações das máquinas de qualquer lugar e a qualquer instante, e de ferramenta que permite que o distribuidor se conecte ao equipamento do cliente para realização remota de diagnósticos e análises de dados de desempenho do produto, como informa o gerente de Vendas da Divisão de Construção da John Deere Brasil, já é realidade nas máquinas da linha amarela. A meta, agora, é aplicar a esses equipamentos um sistema capaz de fornecer mais precisão no nivelamento do terreno em obras de terraplanagem, para até 50% dos equipamentos de movimentação de terra e 85% dos equipamentos de pavimentação.
“Por conta do avanço tecnológico, muitos especialistas cobram um ecossistema integrado entre as máquinas de construção, pavimentação e agricultura para que os clientes consigam extrair relatórios completos. Atualmente, todas as máquinas produzidas pela companhia, sejam com a marca John Deere ou de outras marcas do grupo Wirtgen, estão presentes no mesmo centro de operações, sem distinções”, conta Spana, e frisa: “A integração das máquinas faz com que o tempo de uso aumente e os operadores se deparem com menos ociosidade dos equipamentos”.
Detentora das marcas Cat e SEM, com linha de mais de 300 produtos, sendo uma boa parte produzida em suas fábricas no Brasil, a Caterpillar agrega tecnologias que visam a facilitar e a acelerar o trabalho dos operadores, aumentar a segurança no site de obras, aumentar a produtividade, melhorar a eficiência, reduzir os custos de operação e ajudar os clientes a melhorar o gerenciamento da frota e do negócio, afirma Giatti.
Diego Bilharino Zolezi, gerente de Produto da LiuGong, ao informar que as máquinas incorporam sistema de telemetria e tecnologia 5G, aponta máquinas autônomas e máquinas elétricas como tendência, e mostra uma outra vertente: “com a alta dos preços das máquinas os fabricantes estão desenvolvendo máquinas com especificações mais enxutas, com a finalidade de serem mais competitivas no mercado brasileiro”.
Eletrificação – Mantendo ampla linha de produtos necessários às obras de infraestrutura, a XCMG – garante Torres – atua para adequar sua tecnologia “de acordo com a necessidade do mercado e a solicitação de seus clientes, sendo inclusive uma das primeiras a trazer para o Brasil os equipamentos elétricos, pois “a tecnologia anda a passos largos nos equipamentos voltados à infraestrutura, com motores cada vez mais potentes e consumo cada vez menores, oferecendo custo-benefício cada vez mais atraentes aos clientes”.
A eletrificação é também lembrada pelo gerente de Produtos da JCB ao citar o desenvolvimento de máquina elétrica em duas versões, uma movida a baterias e outra a motor a combustão com hidrogênio, com as mesmas características operacionais: “Silenciosas e altamente versáteis, contam com vários acessórios disponíveis e autonomia suficiente para operar durante 5 horas de funcionamento contínuo”.
O crescimento do mercado de equipamentos elétricos em escala global e brasileiro, para o vice-presidente da Sany do Brasil, atinge os equipamentos pesados. Para atuar nesse campo, a empresa estabeleceu “um Comitê de Novas Tecnologias Energéticas dedicado ao planejamento estratégico, pesquisa e desenvolvimento e incubação da indústria de alta tecnologia. Nos últimos dois anos, desenvolvemos 34 produtos elétricos, dos quais 20 já foram lançados no mercado, incluindo equipamentos híbridos e totalmente elétricos. Estamos comprometidos em impulsionar a adoção dessas soluções sustentáveis e inovadoras no setor de infraestrutura”.
Componentes – O setor de infraestrutura, além dos fabricantes de máquinas e equipamentos, agrega empresas como a Bonfiglioli do Brasil, detentora de tecnologia em redutores, motoredutores, motores e inversores de frequência, fornecendo soluções em acionamentos para aplicações em turbinas eólicas, usinas solares, estações de tratamento de água e esgoto, entre outras aplicações em energia renovável e infraestrutura crítica, assim como na movimentação de materiais e em construção e pavimentação.
“A Bonfiglioli fornece soluções completas também para guindastes, pontes rolantes e outros equipamentos de movimentação de cargas, e está presente no segmento de construção e pavimentação com redutores planetários com acionamentos hidráulicos e elétricos, motorredutores, redutores e inversores de frequência para máquinas de construção, como escavadeiras, tratores, caminhões-betoneira e usinas de asfalto”, detalha Daniel Silvestre Dias, coordenador de Vendas & Business Inteligence da empresa.
Projetadas para atender às demandas específicas do setor, como alta eficiência, confiabilidade e durabilidade, as soluções se caracterizam “por permitirem ganhos operacionais, facilidade de instalação e desinstalação, alta confiabilidade e aumento da disponibilidade da máquina”, assegura Dias, ao frisar que os produtos também trazem benefícios para as plantas industriais das fabricantes de máquinas e equipamentos. Como exemplo, utiliza o caso específico de aplicação dos acionamentos planetários compactos e de peso reduzido, que promovem “redução de custos estruturais aos fabricantes de máquinas, além de espaço de circulação otimizado nas áreas de produção”.
Nos últimos anos, há uma clara defasagem de investimentos em infraestrutura que contrasta com as necessidades do país para sustentar o crescimento econômico e também que serão necessários para a transição energética. “O investimento em tecnologia é essencial para o setor de infraestrutura e as tecnologias modernas podem contribuir com ganhos de escala, eficiência e produtividade”, explica o coordenador de Vendas & Business Inteligence da Bonfiglioli do Brasil.
Locação: atraente para as fabricantes e para o mercado
O neologismo servitização surgiu no fim da última década entre consultores e acadêmicos da administração e se popularizou. Significa agregar valor aos produtos mediante, por exemplo, oferta de serviços. Isso vale para a indústria e para a área de prestação de serviços. No caso das máquinas da linha amarela, o sinônimo usual é locação.
Essa possibilidade está gerando algumas transformações no mercado comprador de máquinas, que, tradicionalmente era dependente de obras e licitações públicas, mas, como define Bernardes, vem ganhando “independência” devido ao crescimento do segmento de locações de máquinas.
A autonomia do setor em relação a licitações públicas é sinalizada também pela vice-presidente da New Holland Construction para a América Latina, que vê essa realidade como “algo positivo para todo o segmento”. Ela também percebe a atividade de locação de máquinas para construção “como uma alternativa para atender uma demanda crescente, já que disponibiliza equipamentos mais modernos e pode proporcionar um melhor custo-benefício aos clientes, com mais produtividade e economia para o cliente. Além do setor de infraestrutura, podemos apontar a construção civil, a mineração e o agronegócio como alguns dos segmentos responsáveis pelo favorecimento deste cenário”.
Para o diretor comercial e de pós-vendas da Liebherr Brasil e para o gerente comercial da Caterpillar, a locação de equipamento e a operação para o cliente final é um segmento em expansão, mas que não pode ser generalizado, pois dependem do modelo de negócio, da forma de trabalho, dos valores e da cultura do cliente final.
“Há clientes cujo modelo de negócio funciona melhor quando são donos da própria frota, como existem aqueles que, pelo modelo de negócio, trabalham também com locação de equipamentos como complemento à frota ou até mesmo tendo a maioria dos equipamentos de locação”, resume Giatti.
Baseando-se nas informações recebidas em reuniões da CSMR, das empresas participantes da Entidade, Bernardes está convicto de que esse mercado não é mais uma tendência, pois “já pode ser considerado, de fato, de grande relevância. É um segmento bastante versátil, porque permite que uma série de obras aconteçam sem a necessidade de adquirir os equipamentos. Ao mesmo tempo, a locação fomenta o mercado de venda de máquinas, porque quem loca também adquire. E quem compra se preocupa com custos de manutenção, consumo de combustível, gastos diretos e recorrentes para manter o equipamento em boas condições de uso”.
A confirmação dessa percepção está nos dados de 2022 da Sobratema, utilizados como argumento por Bernardes: “O Brasil possui cerca de 30 mil locadoras de equipamentos, e a modalidade rental representa no País aproximadamente 30% do volume da comercialização de máquinas da linha amarela. São números que confirmam essa consolidação que deve seguir na mesma linha para este ano”.
A evolução do mercado de aluguel de máquinas é ponto alinhado pelo líder da Case Construction Equipment para a América Latina, uma vez que vem abrindo espaço para que as distribuidoras de máquinas ampliem sua atuação como prestadores de serviços e não apenas locadoras. “Algumas parceiras buscam contratos de longo prazo com fornecimento de serviços, operação e combustível, por exemplo”.
Nos últimos cinco anos, seguindo o que sucede na Europa e na América do Norte, comenta o gerente de Produtos da JCB, “estão surgindo e crescendo muitas empresas grandes que oferecem equipamentos para aluguel. Mas, neste ano em particular, o setor da construção está chamando a atenção. Ele teve um crescimento notável de 15% em comparação com o ano de 2022. Isso significa que mais pessoas e empresas estão realizando projetos de construção, o que é um sinal positivo de desenvolvimento nessa área”.
Hauck aproveita para listar as vantagens da locação de equipamentos: “Alugar exige um pagamento menor no início, o que pode ser mais acessível para empresas ou projetos com orçamentos limitados, e permite que o usuário pague apenas pelo tempo que realmente precisa da máquina. Ao alugar, a responsabilidade pela manutenção e reparos geralmente recai sobre a empresa de aluguel, que ainda oferece variedade de modelos e tamanhos de equipamentos. Além do custo inicial mais baixo, o aluguel também pode incluir seguro, o que pode reduzir custos operacionais adicionais. Ou seja, o aluguel oferece mais flexibilidade, permitindo que o usuário escolha quando e por quanto tempo precisa da máquina.
No caso da John Deere, como comenta Spana, “o mercado de locação ganhou destaque nos últimos anos e representa uma parcela significativa das vendas globais da linha amarela da John Deere. Com esse crescimento, equipamentos tecnológicos cada vez mais robustos têm sido exigidos para atender os clientes e garantir a vida útil adequada da máquina”.
O desenvolvimento desse segmento é creditado pelo gerente de vendas da John Deere também à existência de “projetos ou obras que duram menos do que a vida esperada do ativo, criando oportunidade para que a locação otimize a utilização dos equipamentos. Falando especificamente do mercado brasileiro, é possível observar uma consolidação relevante, contudo é aproximadamente a metade do captado no mercado norte-americano, por exemplo. Portanto, ainda há muito espaço que pode ser conquistado”, comemora.
O aluguel de equipamentos “segue sendo e sempre será uma opção para o setor de equipamentos pesados”, entende o gerente de contas da Komatsu e ganha relevância no caso de complemento da frota, “principalmente em equipamentos de diferem do tamanho convencional, também possibilita ao construtor enfrentar de maneira rápida um pico de demanda da obra ou buscar solução para uma aplicação específica e de curta duração”.
“Em época de juros altos, muitos clientes têm optado em locar ao invés de comprar”, alega o vice-presidente da Sany do Brasil, vislumbrando várias oportunidades para fabricantes e distribuidores: “Cada vez mais estamos acompanhando grandes players entrando nesse mercado. Mais recentemente a Gerdau e a Randon se juntaram para lançar no mercado uma locadora”.