A presença global do agro brasileiro resulta de tecnologia, inovação, ciência, investimento e confiança de quem produz, e esse sucesso se reflete na feira reconhecida internacionalmente como uma das principais do mundo em tecnologia para a agricultura
A tecnologia é uma das principais aliadas dos agricultores e muitas vezes alerta e contribui para antecipar o produtor rural de eventos climáticos extremos e indesejados, capazes de prejudicar toda uma safra, com reflexos profundos no bolso do agricultor, na economia nacional e na alimentação de parte expressiva da população mundial.
Para uma atividade tão significativa, que bate os próprios recordes e integra uma cadeia que responde por cerca de 25% a 35% do PIB nacional – dependendo da variação na safra e nos preços das commodities e dos insumos – e por 50% das exportações brasileiras, estando atrás apenas de Estados Unidos e União Europeia na escala dos principais exportadores mundiais de produtos agropecuários, o evento que a representa e que expõe e demonstra a tecnologia que dá sustentação a esses resultados precisa ter a mesma grandiosidade.
É assim que a AGRISHOW – Feira de Tecnologia Agrícola chega à 29ª edição, com a proposta de reunir, em Ribeirão Preto (SP), 195 mil visitantes e representantes de mais de 50 países ao longo de cinco dias, em área a céu aberto com 520 mil m2, por onde estão distribuídas 800 marcas nacionais e internacionais, incluindo mais de 100 expositores estreantes, afinal, quem é do agro visita a AGRISHOW.
A AGRISHOW expõe para o mundo a força do agro e da indústria brasileira de máquinas e equipamentos, que está preparada para atender a demanda do Brasil. Investiu muito nesses últimos anos e continua investindo para aumentar e modernizar sua capacidade de produção. Isso será visto na Agrishow deste ano”, garante João Marchesan, presidente da Agrishow e vice-presidente da ABIMAQ, entidade que ao lado de Abag – Associação Brasileira do Agronegócio, Abimaq – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, Anda – Associação Nacional para Difusão de Adubos, Faesp – Federação da Agricultura e da Pecuária do Estado de São Paulo e SRB – Sociedade Rural Brasileira realiza o evento.
Os benefícios da AGRISHOW podem ser expressos no volume de negócios iniciados no evento entre expositores e visitantes, que em 2023 foi estimado em R$ 13,290 bilhões, valor 18% superior ao da edição anterior. A expectativa para 2024 “é positiva no sentido de que o volume de negócios seja semelhante ao ano passado, sem quedas ou aumentos bruscos”, informa Marchesan.
O presidente da AGRISHOW lembra que os efeitos para a economia de Ribeirão Preto e cidades vizinhas também são estimulantes, permitindo estimar que os negócios locais e regionais movimentem mais de R$ 500 milhões em despesas dos visitantes com transporte, hospedagem, alimentação e outras atividades. Além disso, cerca de 7 mil trabalhadores devem se credenciar para atuar de alguma forma no evento, seja na montagem, realização ou desmontagem.
Agricultura digital: presença garantida
No que diz respeito diretamente à ABIMAQ, a AGRISHOW reúne, como expositores ou visitantes, representantes dos diversos segmentos representados pela entidade, com destaque para três diretamente vinculados à agropecuária: Câmara Setorial Máquinas e Implementos para a Agricultura (CSMIA), Câmara Setorial de Equipamentos de Irrigação (CSEI) e Câmara Setorial de Equipamentos para Armazenagem de Grãos (CSEAG).
Pedro Estevão Bastos de Oliveira, presidente da CSMIA e também do Conselho de Expositores da AGRISHOW, reforçando a importância do evento para a indústria de máquinas e equipamentos, garante que “as indústrias vêm se estruturando para todo ano mostrar novidades que tragam ganhos para o agricultor, e neste ano não será diferente, estarão com muitos lançamentos”.
Em consonância com a realidade dos últimos anos, o presidente da CSMIA prevê que “a agricultura digital continuará seu avanço em todas as funções básicas da agricultura, preparo do solo, plantio, tratos culturais, adubação e colheita. Este avanço representa a coleta de dados das operações e do meio ambiente que propiciam melhor uso do maquinário, melhor gestão de frota e economia de insumos. Toda esta melhor administração das operações reflete na gestão das fazendas que têm dados para análise das operações, dos aspectos agronômicos e financeiros”.
Tecnologias consolidadas buscam crescimento de mercado
Destacando que “a celebração da tecnologia na irrigação continua em alta, sempre trazendo novidades e soluções que possibilitam aos produtores rurais enfrentarem os desafios do campo com maior eficácia e sustentabilidade”, Eduardo Navarro, presidente da CSEI, reforça o conceito de que as tecnologias de irrigação, em um cenário caracterizado “pelos preços elevados das terras e pela crescente preocupação com as chuvas irregulares, tornam-se essenciais para otimizar a produção agrícola com viés de verticalização da produção que já existe possibilitando sair de uma safra e meia para até três safras no ano. No Brasil, cerca de 57% das áreas irrigadas já produzem duas ou três safras anuais, um número expressivo que reflete a importância dessa tecnologia no País”.
Neste ano, a tendência é que as empresas do setor de irrigação confirmem seu potencial evolutivo e sua capacidade de inovação, seja através de sistemas de pivô central, gotejamento ou até mesmo carretéis com telemetria integrada, demonstrando, assim, o contínuo esforço em melhorar a gestão e eficiência das aplicações.
Navarro lembra que tempos atrás, a irrigação, frente ao setor de máquinas agrícolas, “era como se fosse um patinho feio, com equipamentos simples como pivôs, carretéis e gotejo. Hoje, porém, a tecnologia nesse campo é vasta e impressionante. Os pivôs centrais modernos são robustos e altamente tecnológicos, com recursos que permitem ao produtor gerenciar tudo pelo celular. Essa evolução faz com que a gestão do equipamento seja mais simples e eficiente, com comandos como ligar, desligar e ajustar lâminas ao alcance de um toque”.
Em outras palavras: “O setor de irrigação está se equiparando à tecnologia de tratores e outras máquinas agrícolas modernas. Essas inovações não só tornam a vida do produtor mais fácil, mas também economizam recursos preciosos como água e energia”, declara o presidente da CSEI.
Paulo Bertolini, presidente da CSEAG, define o segmento de soluções para armazenagem de grãos como “consolidado e tecnologicamente desenvolvido, com recursos de monitoramento a distância, integração com estações meteorológicas, sensores que medem a umidade do grão, entre outros avanços”.
Contudo, Bertolini lamenta a manutenção dos indicadores de déficit de armazéns, seja dentro da porteira, onde estão apenas 16% da capacidade estática, sejam remotos, em cooperativas, instalações públicas ou distribuidores e exportadores. Sua esperança – “afinal, temos de estar otimistas”, assevera – é de que o próximo Plano Safra, a ser anunciado em 1º de julho, “traga recursos capazes de suprir as necessidades do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA)”.