Plástico é solução e está presente em (quase) todos os setores da economia

Versatilidade é, talvez, a melhor definição para o plástico, matéria-prima que aceita inúmeros aditivos e processos industriais diversos, é de baixo custo e tem alto valor agregado.

Sua plasticidade permite que seja moldado, extrudado ou prensado para confecção de objetos sólidos de várias formas. Outra qualidade intrínseca ao plástico é a durabilidade, pois contribui para a preservação de produtos e a redução de perdas, especialmente de alimentos. No entanto, essa mesma condição exige atenção com o seu descarte.

Essas características tornam o plástico uma solução em múltiplos setores da economia, como embalagens, agricultura, bens de consumo, construção civil, indústria automotiva, eletroeletrônica e medicina, para fabricação de tubos, calhas, portas e janelas, tecidos esticáveis, lã, brinquedos, utensílios de mesa, escovas de dente, faróis, para-choques, painéis da carroceria, espelhos retrovisores, telefones, computadores, televisores e peças de máquinas, além de seringas, bolsas de sangue e equipamentos descartáveis, garantindo segurança e higiene.

Para Gino Paolucci Júnior, presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ, o plástico está “presente em ao menos 90% das indústrias, seja como embalagem, componente ou até a própria estrutura do bem final”.

A diversidade de aplicações e a adaptabilidade do material tornaram seu uso generalizado, respondendo por investimentos seja na busca de novos usos, aditivos ou mesmo desenvolvimento de processos de reciclagem e de matérias-primas renováveis, a partir do milho ou do algodão, entre outros, em substituição aos combustíveis fósseis, basicamente gás natural ou petróleo.

“O plástico não é problema, nunca foi e nunca será. Ele sempre vai ser solução”, enfatiza Amilton Mainard, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Acessórios para a Indústria do Plástico (CSMAIP), da ABIMAQ, citando os avanços em economia circular: “A gente vai educar, porque tem plástico que você utiliza uma vez, mas tem plástico que pode ser usado dez vezes, tendo, após isso, uma destinação correta”,

Paolucci, focando na sustentabilidade no processo produtivo, também frisou a necessidade de educação: “O plástico não é apenas um agente ativo na melhoria dos processos, mas também na educação da sociedade sobre descarte adequado e o fortalecimento da economia circular”.

Dando sua contribuição à indústria transformadora, a ABIMAQ atua para fortalecer o setor, pois essa é a chave para um crescimento sólido, contínuo e sustentável da economia do País. O setor gera empregos especializados, renda e promove o desenvolvimento humano e social, além de se posicionar como o quarto maior segmento industrial do Brasil.

José Ricardo Roriz Coelho, presidente do Conselho de Administração da Abiplast, também destaca que o setor de plástico é estratégico em todo o mundo, em especial “nos países desenvolvidos e emergentes. A indústria do plástico é essencial no desenvolvimento econômico dos países. No Brasil, o setor fatura mais de R$ 130 bilhões por ano, emprega diretamente cerca de 379 mil profissionais e reúne mais de 14 mil empresas de transformação e reciclagem, que agregam valor à cadeia produtiva. A cada unidade de matéria-prima utilizada, conseguimos multiplicar seu valor, em média, por dez vezes.”

Com investimentos contínuos e avanços tecnológicos, a indústria do plástico, assim como deve seguir como um dos setores-chave para a geração de empregos no Brasil, contribuirá, em 2025, para que o faturamento do setor representado pela ABIMAQ cresça 3,7%.

Isso é possível devido à importância das máquinas para o setor de materiais plásticos, uma vez que, como explica Daniel Ebel – presidente da RAX Service (Plast-Equip), “só é comercialmente possível através de máquinas. Hoje ter equipamentos com tecnologia avançada é primordial para obter qualidade e lucratividade. Um parque fabril avançado garante competividade para o fornecedor.”

A essas necessidades atendidas pelas máquinas, Carlos Dainese Maia – diretor-gerente da Crizaf – agrega ganho de tempo, eficiência e melhoria de produção. Em paralelo, Ricardo Prado, CEO América do Sul da Piovan do Brasil, lembra que, juntas, as máquinas permitem fazer bem-feito, com repetitividade, qualidade e com custos adequados.

Mercado

As inúmeras aplicações do plástico na contemporaneidade mantêm o mercado movimento, em que pese a instabilidade da economia brasileira.

Ebel confirma essa condição, destacando que “os investimentos no setor de plásticos permanecem altos, tanto em 2024 como no início deste 2025. Setores como embalagem, farmacêutico, linha branca, entre outros, continuam a investir em tecnologia que reduz custos, aumenta qualidade e promove a reciclagem para melhorar a interação do plástico com o meio ambiente.”

Comentando que a G4 Máquinas “teve um excelente desempenho durante o decorrer do ano de 2024”, Luiz Fernando Abreu – gerente comercial da empresa – trabalha com a perspectiva de crescimento entre 20% a 25%, em 2025.

A Piovan também registrou “bom crescimento” nas palavras de seu CEO, mas o volume não foi informado, e 2025, “até o momento, não mostra ser diferente. Continuamos muito bem com crescimento nas vendas.”

Rui Katsumo, diretor da MTF Termoformadoras,, por sua vez, com a esperança de que 2025 traga “um crescimento contínuo, impulsionado pela demanda por produtos sustentáveis e pela adoção de tecnologias avançadas”, fala que “a adaptação às novas regulamentações ambientais também será um fator determinante.”


Sinalizando uma experiência diferente das demais empresas, o diretor-gerente da Crizaf assegura que para a companhia, “2024 foi um ano de altos e baixos, mas teve uma finalização muito interessante e conseguimos ter um sucesso muito além do esperado. Já 2025, para o plástico, começou muito tímido e com poucos investimentos no setor de produção. Estamos atentos, mas o mercado está temeroso com algumas ações não interessantes aos empresários.”

Tecnologia

Mesmo cautelosa, a Crizaf segue investindo em suas soluções para os transformadores: “Atualmente, estamos trazendo novos materiais, como aço inox e aço carbono, desenvolvendo melhores estruturas e focando em uma grande aplicação de inteligência artificial e melhoria de processos.” Além disso, nos últimos meses, a empresa investe em projetos de automação e de melhoria de processos, “fazendo com que nossos clientes consigam realmente entender o quanto podem ter de ganho nos processos produtivos e lhes possibilitando uma experiência jamais encontrada em equipamentos de transporte industrial.”

Na prática, como esclarece Maia, há inovações construtivas e diversos acessórios, com incorporação de “aplicações Fremium e melhorias dos recursos que uma esteira poderia ter, trazendo aos nossos clientes mais soluções integrativas e dados que podem ser coletados em nossos equipamentos.” Decorrência natural desse posicionado é a aproximação a clientes que estão buscando otimizações em tempo e melhoria de processos, diferentemente de anos atrás.

Automação dos processos na cadeia produtiva para a fabricação de embalagens flexíveis, na visão de Abreu, “será de grande importância considerando a falta de mão de obra qualificada, portanto, pensando nisso”. Cita, ainda, que a indústria de transformação vem evoluindo “através da utilização de motores elétricos com maior eficiência, resistências elétricas com aquecimento através de sistema de infravermelho e outros componentes que agregam tecnologias para uma maior eficiência energética.”

Para atender essas tendências, a G4 Máquinas “investiu e continua investindo no conceito Indústria 4.0. Com a inserção de componentes em nossas máquinas, podemos ter controle de parâmetros fundamentais da máquina e assim conseguir solucionar vários tipos de problemas em tempos inferiores aos equipamentos que não se enquadram a Indústria 4.0”, destaca o gerente comercial da empresa.

O resultado percebido pelo mercado, comenta Abreu, são máquinas fornecidas “com sistemas eletrônicos para monitoramento de parâmetros de produção das máquinas, além de medirem e apresentarem as atividades de produção, que podem ser monitoradas através de leituras na tela do IHM ou via rede. De maneira geral, estamos, cada vez mais, aperfeiçoando nossas máquinas para atenderem e estarem inseridas e habilitadas dentro das tecnologias da indústria 4.0.”

Economia circular, automação dos processos e conectividade para promover o conceito de indústria 4.0, opina o presidente da RAX Service, “são os motores tecnológicos do momento atual, em um mercado formado por milhares de empresas, de vários tamanhos. O estágio tecnológico, portanto, varia muito. A maioria está no estágio da conectividade e se preparando para futura implantação deste conceito.”

Alguns resultados são comemorados, como queda “na relação kW/kg transformado, devido a novas tecnologias e materiais usados nas máquinas.” Como exemplo, Ebel informa: “Não raro um novo equipamento, mais eficiente e produtivo, substitui três ou quatro máquinas injetoras sem perda da quantidade e qualidade.”

Citando máquinas periféricas para indústria do plástico, o CEO América do Sul da Piovan confirma que já está disponível no mercado brasileiro maquinário que faz a gestão completa de todo o processo, incluindo máquinas, gestão de materiais, rastreabilidade e integração com MES e ERP.

Prado confirma que “a mais moderna tecnologia passa pelo gerenciamento do processo por software de indústria 4.0 e por sistemas de acionamento de altíssimo rendimento e baixo consumo energético. Hoje, todas as possibilidades hoje existentes no exterior também estão disponíveis nas máquinas fabricadas no Brasil.”

Convicto de que automação e integração de sistemas de controle avançados têm sido fundamentais para melhorar a produtividade e reduzir custos operacionais das indústrias de plástico, beneficiando toda a cadeia de produção, o diretor da MTF discorre sobre a importância de as fabricantes de máquinas também investirem em suas plantas industriais, principalmente na implantação de tecnologias vinculadas aos princípios da indústria 4.0 e em sistemas de IoT.

“De forma gradual, estamos trabalhando para integrar inovações, sensores inteligentes e sistemas de monitoramento às nossas máquinas num breve espaço de tempo, o que nos permitirá otimizar ainda mais nossos processos produtivos e aumentar a eficiência operacional, garantindo que todos os processos produtivos sejam integrados e monitorados de forma eficaz, o que proporcionará uma melhoria significativa na eficiência e na qualidade dos produtos finais”, comunica Katsuno.

Inteligência artificial

Para os entrevistados, inteligência artificial (IA) é uma realidade, em níveis diferentes em cada organização com benefícios relacionados a aumento na eficiência e na qualidade dos produtos, além de redução no tempo de inatividade, entre outros.

Aplicações básicas de IA para aprendizado e controle de processos nas próprias máquinas é o caso da Piovan; na G4, “um número de celular está vinculado 100% ao IA, com o objetivo de disponibilizar informações diversas da empresa e dos modelos de máquinas.”

Abreu fala também de projetos nesse sentido: “Atualmente estamos trabalhando na inserção de várias informações referente a dados da empresa e de nossas máquinas como, por exemplo, manuais de instrução e operação, como operar nossas máquinas, entre outras informações.”

Com a percepção de que a indústria nacional “é muito atrasada nesse aspecto, apenas clientes muito grandes e organizados investem nessa tecnologia para se diferenciarem de concorrentes internacionais”, Katsuno assegura que “existem diversas máquinas no mercado equipadas com inteligência artificial que auxiliam na tomada de decisões e no controle de qualidade. Essas inovações estão revolucionando o setor, tornando os processos mais ágeis e menos suscetíveis a erros.”

O entendimento de Maia caminha no mesmo rumo. Ele reforça: “No plástico em si, apenas os equipamentos internacionais estão adaptados a esse cenário e estão investindo pesado nessas questões de IA e melhorias de processos. Nos equipamentos nacionais não vemos muito isso, mas é uma tendencia que devemos estar bem antenados.”

Economia circular

Tema recorrente na cadeia do plástico, em todos os segmentos, a economia faz-se presente também nas máquinas termoformadoras, essenciais para a produção de uma ampla variedade de produtos plásticos. Segundo o diretor da MTF, “as atuais permitem a redução de resíduos e a otimização do uso de materiais, o que é vital em um setor que enfrenta crescente pressão por sustentabilidade.”

Reforçando o princípio de que “as fabricantes de máquinas devem considerar que as máquinas e equipamentos devem estar preparadas, cada vez mais, para estarem inseridas plenamente na cadeia do processo da Economia Circular”, Abreu entende que o caminho passa pela implementação de etapas de processos automatizadas e em acordo a indústria 4.0.

Por outro lado, Ebel estende o compromisso também aos clientes da empresa, que precisam “estar inseridos na economia circular, por lei ou por necessidade de manter a sua imagem.” O executivo garante que a indústria “fabrica equipamentos que estão aptos a se inserirem na cadeia circular para a boa reciclagem dos plásticos”. No entanto, pensando na recircularidade, ele relata que “os equipamentos internacionais estão muitos anos na frente da indústria nacional com essa preocupação e trazem resultados muito gigantes com relação a output, soluções e desenvolvimentos, que no Brasil os produtores locais não se preocupam muito.”

Usando a Piovan como modelo, Prado declara que a companhia desenvolve “novas aplicações com equipamento de desodorização de plástico reciclado, nariz eletrônico para controle de cheiro e voláteis, condensadores de voláteis de materiais reciclados, e aparelhos de laboratório que medem os níveis residuais de contaminantes no reciclado.”

Katsuno, também reconhecendo a importância do tema, destaca a instalação, em 12 de março de 2025, no âmbito da Assembleia Legislativa de São Paulo, da Frente Parlamentar da Economia Circular, com o apoio “das maiores associações, institutos, ONGs e cooperativas ligadas ao setor plástico. Essa iniciativa visa a promover discussões e ações que possam impulsionar práticas sustentáveis e inovadoras, atendendo às necessidades da indústria e contribuindo para um futuro mais sustentável.”