Lubrificação muito além do lubrificante

A correta lubrificação não depende somente da seleção dos lubrificantes e sua aplicação seguindo os melhores procedimentos. Alguns cuidados são essenciais no processo, até para que sejam atendidos os principais elementos de máquinas.

Entre os fatores mais delicados está o controle de contaminação, que três cuidados essenciais contribuem para a prevenção: armazenagem do lubrificante novo em locais que evitem sua contaminação; e manutenção dos reservatórios das máquinas que recebem os lubrificantes limpos e secos, de forma a não gerar mais partículas de contaminação; e armazenamento dos tambores e dos baldes de lubrificantes em locais ventilados e cobertos, evitando sua proximidade com fontes de calor, água, ambientes poeirentos e ácidos.

No entanto, apenas esses procedimentos não garantem a boa e correta lubrificação de equipamentos e máquinas industriais. Como lembra o engenheiro Cesar Augusto Figueiredo – consultor de Suporte Técnico da BR Distribuidora – na melhoria da confiabilidade e da produtividade de maquinários móveis e industriais alguns detalhes podem fazer toda a diferença. “Em muitas situações, os avanços nas melhorias das práticas de manutenção e operação podem ser obtidos através de pequenos cuidados, que utilizam poucos recursos e são de fácil implementação”, comenta, listando seis pontos prioritários. São eles:

  1. Técnicas aprimoradas para relubrificação à graxa em mancais de rolamento: Relubrificar mancais de rolamento utilizando-se equipamentos para análise ou medição de vibração ou com tecnologia ultrassônica que já se encontram em uso na planta industrial pode otimizar a quantidade de graxa adicionada ao se monitorar a condição do equipamento em operação enquanto se adiciona graxa aos mancais de rolamento. A diminuição rápida do nível global do sinal monitorado indica que a graxa bombeada pela pistola graxeira atingiu o mancal de rolamento e é suficiente para relubrificá-lo, sendo momento de se interromper a dispensa de graxa. Mesclar o uso de pistolas graxeiras com equipamentos para análise ou medição de vibração ou com tecnologia ultrassônica já em uso na planta pode evitar, em tempos de orçamentos limitados, a compra de custosos equipamentos de relubrificação equipados com tecnologia de monitoramento.
  2. Verificação da causa de aquecimento em sistemas hidráulicos: Se a temperatura em serviço do óleo lubrificante do sistema hidráulico do equipamento móvel está excessivamente elevada, pode ser útil efetuar a varredura por termografia no maquinário inteiro em busca da causa-raiz do problema.
  3. Atenção com os trocadores de calor: Muitos redutores de velocidade em plantas industriais são equipados com trocadores de calor. Porém, juntamente com os indiscutíveis benefícios dos trocadores de calor no que diz respeito à redução da temperatura de operação do óleo lubrificante há o risco da ocorrência de contaminação com a água de refrigeração em face de vazamentos.
  4. Melhorar a visibilidade dos visores de nível: Em equipamentos com visores de nível ventilados do tipo coluna, às vezes, torna-se difícil determinar com precisão o nível real de óleo lubrificante em função de iluminação deficiente, posição do visor ou ambiente muito poeirento. Para minimizar o problema, aproveite a realização de alguma intervenção no maquinário, remova o tubo de vidro dos visores de nível do tipo coluna, limpe o seu interior com desengraxante apropriado e pinte o interior do tubo de vidro com um marcador de cor branca ou brilhante, compatível com o óleo lubrificante. Varetas de nível de óleo lubrificante com a ponteira de visualização de nível em cor branca ou brilhante também permitirão melhor observação do nível de óleo lubrificante. No caso de equipamentos que utilizam visores de nível ventilados do tipo coluna ou do tipo vareta, o tubo de vidro ou a ponteira de observação podem ser revestidos com tinta marcadora de cor clara.
  5. Variação do teste de crepitação: Um método interessante para se detectar a presença de água em óleos lubrificantes é o Teste da Crepitação, que leva, em média, 5 minutos e pode ser realizado com aquecedor elétrico portátil e amostra de 30 ml de óleo lubrificante contaminado em um erlenmeyer de boca estreita em vidro borossilicatado (popularmente chamado de pyrex) destampado. Se o óleo estiver contaminado somente com água, à medida que a amostra é aquecida, a água sofrerá aquecimento, formará bolhas de vapor e evaporará. Após a evaporação da água presente, o aspecto do óleo lubrificante usado ficará semelhante ao do novo.
  6. Armazenagem adequada de graxa lubrificante: Tambores, baldes e tubos de graxa lubrificante e pistolas graxeiras devem ser armazenados na posição vertical e, nunca, na posição horizontal. Esta prática minimizará substancialmente a separação do óleo lubrificante que compõe a graxa e do espessante (bleeding), manterá a qualidade da graxa, evitará quedas por escorregamento e melhorará o aspecto da sala de lubrificação ou do almoxarifado.