Previsibilidade de leilões e Pré-Sal atraem novos investidores e elevam posição brasileira no ranking global
Estimulante pode ser um bom adjetivo para definir o cenário que se apresenta para o setor de Petróleo & Gás, com divulgação de oportunidades de investimentos praticamente todas as semanas. Mesmo com os acontecimentos não se processando no ritmo esperado e apesar de os projetos serem de longa maturação – do começo das contratações após a assinatura do leilão ao primeiro óleo, o prazo médio é de sete anos, podendo chegar a dez anos – as notícias se proliferam e movimentam o mercado, não somente das grande empresas, afinal há oportunidades em terra, mar, águas rasas e profundas e no pré-sal.
As alterações regulatórias e os programas de governo que têm sido implementados nos últimos anos, tornam o ambiente de negócios no Brasil atrativo para empresas de petróleo de diferentes portes e perfis. “Há oportunidades de investimentos em diversos segmentos da cadeia, como exploração e produção, refino e infraestrutura. No E&P (exploração e produção) temos uma oportunidade única, com imediata certificação de reservas, rápido desenvolvimento da produção e aumento das reservas e da produção. Pela primeira vez, temos uma abertura efetiva do mercado de gás natural. No refino e no abastecimento, temos a criação de um mercado competitivo, aberto e diversificado. Isso tudo gera oportunidades para o desenvolvimento de uma cadeia de fornecedores de bens e serviços moderna, diversificada e competitiva”, informa Décio Oddone, diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A série histórica mostra que, em 1998, a produção era de de 970 mil barris de óleo por dia. Em abril de 2019, a produção foi de 2,6 milhões de barris por dia.
Desde abril, por exemplo, possibilidades relevantes acenam com oportunidades efetivas. São notícias da Petrobras – Petróleo Brasileiro S.A. – de abertura do processo de venda de aproximadamente 50 campos terrestres entre Bahia e Espírito Santo (polos Recôncavo, Rio Ventura e Cricaré), que totalizam mais de 7 mil barris/dia e de óleo e cerca de 600 mil m³/dia de gás natural; da comercialização da TAG para a Engie; da aquisição do campo de Azulão pela Eneva, em novembro de 2017, que vai render um projeto de R$ 1,8 bilhão; entre outros, além de perspectivas de mudança de mãos de cerca da metade da capacidade de refino daquela empresa no Brasil.
Em âmbito estadual, enquanto o Rio de Janeiro se posiciona como principal produtor, respondendo por 83% das reservas provadas de hidrocarbonetos no País, o Estado de São Paulo vem se destacando no cenário nacional graças ao Pré-Sal da Bacia de Santos, levando o Espírito Santo a migrar para a terceira ccolocação no óleo e quarta, no gás.
Como informa Durval Vieira de Freitas, coordenador do Fórum Capixaba de Petróleo e Gás (FCP&G) – instituição formada pelo governo estadual, federação das indústrias e empresas petroleiras com atuação no Estado –, em 2018, houve uma mudança na configuração do setor, com o Espírito Santos assumindo sete plataformas da Bacia de Campos (Albacora e Roncador) e transferindo a gestão dos seus cerca de 400 poços em campos terrestres para a Bahia. Com isso, 97% da produção estadual passou a ser originada no mar, em 74 poços. “Nosso Estado se destaca em prestação de serviços, mas temos a meta de transformá-lo em uma região petroleira, com a implantação de minirrefinarias para agregarmos valor ao óleo”, comunica.
Dados econômicos fortalecem as previsões de revitalização do setor em âmbito nacional. Atualmente, o Brasil ocupa a oitava posição no ranking global de produção de petróleo, com produção atual de 2,746 milhões de barris por dia de petróleo, de acordo com levantamento da Trading Economics, ou 10ª posição segundo Anuário Estatístico 2018 da ANP, com produção anual de 2,734 milhões de b/d. Há também estatísticas que colocam o Brasil como o nono maior produtor. O número mais recente da ANP, informado por seu diretor-geral, data de abril de 2019, quando a produção foi de 2,6 milhões de barris por dia. A série histórica mostra a evolução: em 1998, a produção situava-se ao redor de 970 mil barris por dia.
Em termos de reservas, em 1998, o País tinha 14 bilhões de barris de petróleo e 410 bilhões de m³ de gás natural em reservas totais e, considerando as reservas provadas, 7 bilhões de barris de petróleo e 226 bilhões de m3 de gás natural. Em dezembro de 2018, esses números já haviam crescido para quase 24 bilhões de barris de petróleo (reservas totais) e 13 bilhões de barris de petróleo (reservas provadas). E a evolução é ainda mais patente quando são listadas as conquistas no Gás: há dez anos, eram 410 bilhões de m³ de gás natural em reservas totais e 226 bilhões de m³ em reservas provadas. Em dezembro de 2018, esses números, ficaram em 570 bilhões de m³ de gás e 368 bilhões de m³, respectivamente reservas totais e provadas.
Em valores absolutos, a distribuição de royalties e Participações Especiais resultantes dessa produção cresceu de R$ 1,67 bilhão, em 2000 (quando a PE passou a ser cobrada), para R$ 50,6 bilhões em 2018. Independentemente da fonte, o presente mostra evolução significativa, pois, nos anos 1990, o País estava longe de ser um dos maiores produtores mundiais, e hoje, a tendência é de alta em todos os indicadores, seguindo a tradição desde a descoberta do Pré-Sal, em 2007. E mais: na atualidade, o setor responde por 13% do PIB nacional e 50% da oferta interna de energia.
O futuro próximo é promissor: com o desenvolvimento dos projetos previstos, até o final da década de 2020, o Brasil deve produzir cerca de 5 milhões de barris por dia de óleo e assim, no início da década de 2030, estar entre os cinco maiores produtores mundiais.
Além disso, as obrigações de investimentos das empresas em pesquisa, desenvolvimento e inovação – segundo a ANP – aumentaram de R$ 2 milhões, em 1998, para R$ 2 bilhões, em 2018, sendo que, entre 1998 e 2018, o volume total foi de R$ 15,37 bilhões. E ainda houve impulso no setor de abastecimento de combustíveis…