O faturamento real da indústria brasileira de máquinas e equipamentos atingiu R$ 10 bilhões em fevereiro de 2020, alta de 1,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. Este resultado eliminou parte importante da queda observada primeiro mês do ano. No bimestre (janeiro-fevereiro) a queda foi de 1,7% contra -5,5% observada em janeiro de 2020. A melhora nas receitas do setor no mês de fevereiro refletiu expansão das vendas no mercado externo. No mercado doméstico houve queda 6,1% em relação ao mês a 2019 e com esse resultado o setor passou a acumular queda de 2% no ano de 2020.Esses resultados, segundo a ABIMAQ, são condizentes com o comportamento usual da indústria de máquinas e equipamentos, fruto da costumeira sazonalidade no mês de fevereiro, pois o início de ano registra vendas relativamente fracas que ganham força no decorrer do primeiro semestre.
A desaceleração das receitas no mercado doméstico neste primeiro bimestre refletiu o esmorecimento da atividade econômica brasileira no 4º trimestre do ano passado. Assim, tal início de retomada tímida das vendas já era esperado nos primeiros meses de 2020.
Com relação às exportações de máquinas e equipamentos, houve no mês de fevereiro importante crescimento, tanto em valores monetários (US$) com em quantum (quantidade física), o que minimizou a queda registrada no primeiro mês do ano e melhorou a atividade produtiva do setor. Isso acontece após quatro meses consecutivos de quedas, com as exportações de máquinas e equipamentos apresentando recuperação em fevereiro (+8,8%). Todavia, mesmo com esta alta ainda não foi possível reverter o tombo de janeiro (-26,6%). Logo, o primeiro bimestre do ano acumulou queda nas exportações de -9,6% comparado aos dois primeiros meses de 2019.
Ainda que o câmbio desvalorizado possa colaborar nas receitas, o setor ainda está aquém do potencial histórico de vendas ao exterior. Em grande medida, o comércio internacional ainda sente o impacto da desaceleração das principais economias mundiais e, o setor de máquinas, readapta-se diante do enfraquecimento de importantes clientes.
Quando analisado os principais destinos das vendas de máquinas e equipamentos nacionais no primeiro bimestre, nota-se a forte retração para a América Latina (-36,9%) e Estados Unidos (-36,4%).
Entre os setores que registraram crescimento nas vendas no mercado externo destacam-se os fabricantes de máquinas para indústria de transformação e máquinas para agricultura, ambos registraram crescimento de 18% no primeiro bimestre de 2020.
A entrega de pedidos já confirmados deverá ser contabilizada nas estatísticas de exportação nos próximos meses. Portanto, não será anormal verificar algum possível crescimento das receitas em março e abril. Entretanto, com a chegada do coronavírus e a consequente interrupção de diversas atividades produtivas em âmbito global, novos pedidos poderão ser adiados até o segundo semestre.
Por consequência, caso a pandemia esteja sob controle na segunda metade do ano, poderá ocorrer um maior volume de negócios a partir de agosto, de modo a compensar o atual “recesso” da produção mundial. Historicamente, as taxas de investimento pós-crises são mais aceleradas mediante pacotes de estímulo à economia. Portanto, há expectativa de mudança de cenário no médio prazo.
Importação
As importações de máquinas e equipamentos que vinham em expansão nos últimos dois anos, na esteira da recuperação da atividade econômica, no mês de fevereiro desacelerou, e registrou crescimento de apenas 2,3%, assim o resultado acumulado no ano recuou para 13%, contra 19% observado no final de 2019.
Dentre os setores que registraram encolhimento nos investimentos de máquinas e equipamentos importados estão os de bens de consumo (máquinas para plástico, equipamentos gráficos e máquinas para madeira), indústria de transformação (fornos, tratamento superficial, máquina para solda e de controle de qualidade) e o setor de extração de óleo e gás.
Consumo aparente
O consumo aparente de máquinas e equipamentos também registrou desaceleração no mês de fevereiro de 2020 ao crescer 2,1% contra 18% em janeiro do mesmo ano, na comparação com igual mês do ano anterior. No bimestre os investimentos em máquinas e equipamentos registraram crescimento de 9,6% contra 12% no fechamento de 2019.
No período (1º bimestre) as máquinas nacionais ganharam participam no total de máquinas consumidas no país. Contudo não está claro se este movimento, foi pontual ou se trata de uma tendência devido a alterações macroeconômicas como câmbio e juros, serão necessários alguns meses mais de acompanhamento.
NUCI – Pedidos em carteira – Emprego
A indústria brasileira de máquinas e equipamentos continua com a capacidade ociosa elevada. Após dois anos de crescimento do faturamento do setor encerrou o mês de fevereiro com o nível de utilização da capacidade instalada (NUCI) em 73%. Em relação ao mês de janeiro houve uma expansão de 0,7%, ainda assim continua abaixo do nível observado em 2010 (-2,7%). No bimestre e nos últimos doze meses o indicador também foi negativo em -2,3% e -1,7%, respectivamente.
A carteira de pedidos da indústria de máquinas e equipamentos, importante indicador antecedente de vendas do setor, vem andando de lado nos últimos meses, em média de 9,5 semanas para o atendimento.
Quadro de pessoal
O quadro de pessoal da indústria brasileira de máquinas e equipamentos registrou expansão de 0,5% em relação ao mês imediatamente anterior e 0,2% em relação ao mesmo mês do ano anterior. O setor encerrou o primeiro bimestre com 306 mil pessoas empregadas.