Os resultados do mês de junho de 2020 no setor representando pela ABIMAQ – Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos – sinalizam queda menos brusca se comparada, principalmente, ao mês de abril. Como informou Maria Cristina Zanella – gerente Divisional de Economia, Estatística e Competitividade da entidade, durante entrevista coletiva à imprensa, realizada em formato digital –, em junho, as receitas líquidas recuaram 3,5% sobre maio, acumulando queda de -8,5% no ano e de -4,8% nos últimos 12 meses. Esses resultados foram fortemente afetados pela redução das exportações, que caíram -3,8% sobre maio e em relação a 2019 mostram redução de -35,1%.
Esses números, na opinião de José Velloso, presidente executivo da ABIMAQ, mostram que “abril foi o fundo do poço, e agora o ritmo de queda está menos brusco. O grande problema agora é a exportação de manufaturados, devido à falta de demanda gerada pela pandemia”. Em contrapartida, “o mercado interno está mostrando resultados positivos. Alguns segmentos se destacam, como o de celulose, com este ano sendo o melhor dos últimos tempos. Outro exemplo é máquinas rodoviárias: enquanto as exportações caíram -45%, o mercado interno cresceu 20%, inclusive com contribuição da mineração e das exigências relativas às barragens de rejeitos com beneficiamento a seco”, resume.
Desempenho mensal – As receitas líquidas, em junho, recuaram -12,4%, depois das quedas em maio (-14,1%) e abril (-25,6%), fazendo com que o segundo trimestre (2T20) do ano encolha -17.4% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Em que pese a alta de 1,5% do 1T20, no acumulado janeiro-junho, o setor se retrai -8,5%. No sexto mês do ano, as receitas internas encolheram 10,1% na comparação interanual, queda menos densa do que a observada em maio (-14,9%) e abril (-26,5%). Essa sequência de resultados negativos acarretou em tombo de -17% nas receitas internas no 2T20, eliminando o avanço de 2,6% nos primeiros três meses do ano. Em decorrência, as receitas de vendas no mercado doméstico somaram queda de -7,8% até junho.
As exportações, pelo quarto mês consecutivo, contabilizaram retração. Apenas em junho, em dólar, essa redução foi de 35,1% na comparação com o mesmo mês do ano passado, após queda de -34,7% em maio e -41,6% em abril. Assim sendo, o segundo semestre é marcado por -37,3% de queda nos vendas para o mercado internacional. Recuo também foi sentido, em junho, nas importações de máquinas e equipamentos, com -32,5% na comparação interanual. O reflexo no trimestre, em relação do 2T19, foi de -26,5%. Contudo, uma vez que o 1T20 registrara forte penetração de máquinas no País, as importações acumularam saldo positivo de 6,2% no primeiro semestre.
Emprego – A ociosidade do setor de máquinas e equipamentos responde por enxugamento do quadro de profissionais empregados. Em junho, o setor registrou redução de 3,7% sobre maio, atingindo o patamar de 295,8 mil, enquanto no semestre foram demitidos 6,6 mil colaboradores, após ter iniciado o ano com 3,1 mil contratações. Para que haja reversão dessa tendência, “é preciso ganho de confiança dos empresários, aumento real da capacidade instalada e da perspectiva de aquecimentos dos mercados consumidores, além de políticas públicas que favoreçam a retomada da atividade econômica”, afirmou João Carlos Machesan, presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ.