Intralogística: diversidade de mercados garante semestre equilibrado

Presente no Brasil desde 1997, a Ulma Handling Systems, após um primeiro trimestre muito bom e um segundo com queda da atividade a partir de abril, começou julho percebendo “recuperação e, principalmente, normalização nos setores alimentício e farmacêutico”, informa Marcelo Bueno, CEO para Brasil e América Latina, dessa empresa voltada à sistemas de separação de pedidos, armazenagem automatizada, movimentação e classificação de produtos automatizada, sistemas para fim de linha ou paletização automatizada e softwares para gestão da cadeia de abastecimento (supply chain management).

Especificando o comportamento do mercado no primeiro semestre, Bueno explica que no mercado varejista e atacadista, o primeiro trimestre foi muito superior a outros, registrando também impacto positivo no atacado de alimentos e produtos farmacêuticos, mas, no segundo trimestre, especialmente em junho, “o varejo já sentiu impacto, não muito grande, mas perceptível, uma vez que na ponta – os consumidores finais – reduziram suas compras”. Além disso, a partir de abril, “vários clientes sofreram bastante, mas teve reação de outros que não haviam se beneficiado em um primeiro momento, como material de construção civil, que começou a vender muito mais, batendo recordes mês a mês”, resume, destacando que a atuação da empresa em muitas verticais “nos permite boa amostragem do que está acontecendo”.

A Ulma, mesmo ainda importando a maior parte dos equipamentos de seu portfólio, desde 2019 fabrica alguns produtos em sua sede em americana (SP) e com parceiros locais de componentes, com a meta de “minimizar a exposição do cliente ao câmbio e também ganhar em tempo de entrega, montagem e pós-venda”, comenta Bueno, que, no momento, tem a percepção de que os projetos de 3 a 5 milhões de euros foram pouco impactados. Contudo, “há projetos de 20 milhões de euros, que foram afetados, mas, os que estavam caminhando, não foram paralisados e, sim, postergados para 2021.

Comércio eletrônico

Olhando para o crescimento previsto para o comércio eletrônico na região da América Latina,  excluindo o México, citando estudos que mostram tendência de crescimento nesse campo para os próximos anos: “O Brasil sempre liderou no comércio eletrônico e é 30% do mercado. Espera-se que o crescimento seja muito elevado, o maior do mundo”.

Essa expectativa, presente desde antes da pandemia do novo coronavírus, de acordo com o CEO da Ulma foi deslocada no tempo, mostrando um futuro que beneficiará as indústrias do setor de logística e movimentação de materiais como um todo, pois “a distribuição é 50% do mercado e o Brasil consome 1/3 dos equipamentos e deve crescer mais de 10% ao ano”, prevê.

Fornecimento para Argentina

Respondendo pelo mercado brasileiro e latino-americano, a unidade da Ulma Handling Systems no Brasil comemora o desenvolvimento e a execução de projeto  para o hub logístico da Papelera Samseng, uma das três maiores fabricantes de papel Tissue da Argentina, que constitui-se uma das mais modernas do seu segmento naquele país e está localizada no distrito industrial de Buenos Aires.

Atualmente com produção anual em torno de 50 mil toneladas de papéis Tissue (produtos para toilette, cozinha e multiuso) comercializadas dentro da própria Argentina, a Papelera Samseng deu início à automatização de sua área logística integrando-a à planta fabril, a partir de um plano de negócios que previa um crescimento nos próximos anos. Havia necessidade de levar a empresa a um novo nível de produtividade, flexibilidade e capacidade de armazenagem para atender à demanda do mercado, mas não havia espaço físico.

A experiência internacional de Ulma, somada à parceria com a japonesa Daifuku, foram determinantes na escolha da solução para a Papelera Samseng: o projeto proposto foi a construção de um novo armazém autoportante com 26 metros de altura, equipado com nove transelevadores e capacidade de estocagem de mais de 31 mil paletes, afirma Bueno, explicando que, adicionalmente, “o complexo está composto por duas linhas de entrada: a primeira, que conecta a área de produção com o armazém automatizado, conta com um sistema de STVs (Sorting Transfer Vehicle, veículos de transferência e sortimento) de seis veículos de alta performance para movimentação, classificação e coleta de itens em múltiplas estações. A segunda linha de entrada, apenas para matéria prima, é armazenada diretamente no armazém, empregando os transelevadores”.

Alex Gutierrez, diretor de Operações para América Latina de Ulma Handling Systems, detalha que existe uma diferença na dinâmica de movimentação desta instalação em que os paletes de produtos acabados entram pela entrada principal do armazém depois de passar pelo sistema de STVs, enquanto os paletes de matéria prima entram diretamente pela parte traseira do armazém automatizado. Dois dos transelevadores do sistema compartilham tanto as entradas quanto as saídas por ambos os lados do armazém: “O sistema de armazenagem equipado com nove transelevadores de fundo duplo e o circuito de STVs satisfaz plenamente as necessidades de fluxo tanto da entrada das linhas de produção quanto a alta demanda da expedição da Papelera Samseng.“Tudo isso comandado pela inteligência do Software de Gestão de Armazém (SGA) que dá suporte às operações diárias do sistema com objetivo de obter o maior rendimento global”.

Todo o projeto da Papelera Samseng – frisa  Gutierrez – foi desenhado “para ampliar a produtividade dos fluxos logísticos em relação a sistemas convencionais e racionalizar a utilização do espaço disponível para estocagem de paletes, provendo total rastreabilidade dos produtos e eficiência na movimentação e manuseio dos materiais. A instalação logística abrange da armazenagem à expedição de paletes completos monorreferência para pedidos mutirreferência. Há também uma área de picking que, na qual o processo de preparação de pedidos é de grande simplicidade graças ao sistema Pick to Light”.

Como resultados, a Papelera Samseng comemora um salto positivo de qualidade em sua operação e nos negócios como um todo. O gerente de Projetos da empresa, Carlos González, destaca que a operação do novo hub logístico já está permitindo a armazenagem sistematizada e a expedição eficiente dos produtos, com redução drástica de erros na entrega.

“Estamos expedindo volumes maiores de produtos para os clientes e entregando com pontualidade. A mudança cultural na nova metodologia trabalho é algo que ainda estamos assimilando, mas posso dizer que já estamos nos beneficiando da organização e qualidade nas entregas de toda nossa linha de produtos”, encerra o gerente de Projetos.