Balanço: Setor de bens de capital mecânico

Balanço: Setor de bens de capital mecânico dobra atividade em quadrimestre

Crescimento de 102% de janeiro a abril de 2021 em relação ao mesmo período do ano anterior nas vendas no mercado doméstico foi anunciado pela ABIMAQ (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) em coletiva realizada em 26 de maio. Balanço do setor de bens de capital mecânico também mostrou a evolução nas exportações, fortalecendo as expectativas de recuperação desse indicador até o final deste ano.

“Nunca o setor cresceu tanto”, comentou José Velloso, presidente executivo da ABIMAQ. “Desde junho de 2020 vimos crescendo, e o mês de abril,  em 2021, ficou 72,2% acima de abril de 2020, quando iniciou a crise da pandemia da Covid-19 no setor, encolhendo 33%”, complementou. Mesmo assim, mantendo a tradição, o quarto mês do ano registrou queda na receita liquida em relação ao mês de março, da ordem de 3,8%.

O crescimento das exportações deu sua contribuição ao bom desempenho da indústria de máquinas e equipamentos. Os 8% computados compensaram, com sobra, a  queda de 6,1% na receita interna na comparação com o mês de março de 2021.

Esses resultados mantêm em 13,5% a previsão de evolução do setor em comparação ao exercício de 2020, pois cresceu , mas não é eliminada a possibilidade de elevar a perspectiva para cima.

Exportações

As exportações de máquinas e equipamentos que já vinham de um quadro de desaceleração, sentiram fortemente a redução do comércio global em razão da pandemia. O ano de 2020 marcou a segunda queda consecutiva nas exportações (-24,5%). No entanto, com a aceleração do ritmo de vacinação em importantes economia, o comércio internacional vem ganhando ritmo e com ele a melhora nas exportações. Nos meses de fevereiro, março e abril houve crescimento em relação ao mês anterior (9,9%, 8,5% e 8,0% respectivamente).

Entre os setores o desempenho das exportações no mês de abril ocorreu de forma heterogênea. Os grupos com melhores desempenhos foram logística e construção civil (13,7%); componentes para a indústria de bens de capital (10,8%); e máquinas para agricultura (10,6%)

No ano (janeiro-abril) só houve queda no segmento exportador de máquinas para petróleo e energia renovável. Na soma dos resultados desse mesmo quadrimestre, o recorte por destino das exportações mostrou recuperação das vendas de máquinas para países da América Latina. Assim como com a China, que conseguiu superar a crise rapidamente, ampliando as aquisições de máquinas e equipamentos brasileiros.

Em contrapartida, as exportações de máquinas para os EUA recuaram 7,5% em relação ao mesmo período do ano passado.

Nesta mesma comparação, as vendas para os países da zona do euro, que também iniciam um processo de recuperação, com crescimento de 3,5%.

Importações

Balanço do setor de bens de capital mecânico mostra que em abril de 2021 as importações voltaram a registrar queda na comparação mensal (-18,2%). Contudo, mantiveram o quadro de recuperação na comparação interanual (+28,4%). Com isso, no ano, a queda passou de 11,6% em março, para 4,5% no período acumulado até abril.

Esta recuperação era esperada, em razão do processo de recuperação das atividades em diversos setores da indústria de transformação.

Os dados de ponta indicam continuidade de recuperação ao longo dos próximos meses. O mês de abril registrou importação de US$ 1,6 bilhão,  o que significa que a queda nas importações de máquinas, apesar de alguns setores virem importando valores acima dos observados em 2020.

A indústria de transformação, por exemplo, registrou crescimento de 23,6% nas importações de máquinas e equipamentos.

Houve crescimento ainda nas importações de máquinas direcionadas para fabricação de bens de consumo (32,7%); logística e construção civil (25,3%); e agropecuária (16,0%).

Entre as principais origens das importações, China, EUA e Alemanha comandam o ranking respectivamente.

No ano (jan-abr), as importações oriundas da China cresceram 42,8% e o país asiático retomou a posição de líder com 25,4% das compras totais de máquinas pelo Brasil. Neste mesmo período, as compras vindas dos EUA recuaram 47,9%, levando o país a ocupar a segunda posição (17,9% de share).

No período de janeiro a abril deste ano, as importações da terceira colocada, Alemanha, recuaram 19,4%, mas oriundos da Itália cresceram 40%, que ocupa a quarta colocação no ranking e é seguido com mais distância pelo Japão na quinta posição

Embora na ponta (abril/março) o consumo tanto de máquinas produzidas localmente como  importadas tenha encolhido (- 13,1%). A alta na comparação interanual (47%) garantiu a continuidade da recuperação dos investimentos neste início de ano.

Investimentos

No quadrimestre, a expansão dos investimentos foi de 18,2% em relação ao mesmo período de 2020. Especificamente em abril, o market share do fabricante nacional aumentou novamente, tanto em relação ao resultado observado em março como ao observado em 2020, e alcançou 53% do consumo nacional de máquinas e equipamentos, gerando inversão nesse indicador, que, em abril de 2020, era de apenas 41,3%.

Durante o mês de abril de 2021 a indústria brasileira de máquinas e equipamentos elevou, mais uma vez, o nível de utilização da sua capacidade instalada e atingiu 76,2%. A carteira de pedido, medida em número de semanas para atendimento também registrou expansão (2,3%) na ponta. Atualmente se encontra 32,4% acima do nível observado em abril de 2020. Equivalente a 12,3 semanas de carteira de pedidos. Os dados até o mês de abril indicam, no curto prazo, continuidade da expansão das atividades do setor.

O quadro de pessoal da indústria brasileira de máquinas e equipamentos também segue em crescimento: foram criados 47 mil postos de trabalho no setor nacional. O mês de abril de 2021 registrou o décimo crescimento consecutivo no número de pessoas empregadas no setor. A indústria de máquinas e equipamentos encerrou o mês de abril com quase 346 mil pessoas empregadas diretamente.