A carteira total de crédito deve se manter em um ritmo de expansão elevado e crescer 10,3% em 2021, aponta a Pesquisa FEBRABAN de Economia Bancária e Expectativas. A projeção é bem superior à registrada na última edição do levantamento (+8,2%), feita em maio, embora ainda abaixo do atual ritmo de expansão da carteira, de 16,1%, e da projeção feita pelo Banco Central, de alta de 11,1%, o que sugere espaço para futuras revisões de crescimento por parte das instituições financeiras.
A Pesquisa FEBRABAN é feita a cada 45 dias, logo após a divulgação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O atual levantamento, realizado entre os dias 23 e 29 de junho, reuniu as percepções de 18 bancos sobre a última Ata do Copom e as projeções para o desempenho das carteiras de crédito para o ano corrente e o próximo.
Para 2021, a maior revisão ocorreu na carteira direcionada, que deverá crescer 8,2%, ante expansão projetada em 5,2% no levantamento anterior. Na carteira livre, a projeção passou de 10,1% para 11,2%, com alta no desempenho esperado para a carteira pessoa jurídica (de +9,6% para +10,4%) e para a carteira pessoa física (de +10,3% para 12,6%).
“Avaliamos que a revisão da carteira direcionada reflete a incorporação dos novos estímulos para o crédito, como a reedição do Pronampe, agora como linha permanente. Além disso, também contribuem positivamente o forte desempenho do crédito imobiliário, beneficiado pelas baixas taxas de juros, e a demanda aquecida por crédito rural, impulsionado pelo momento favorável do setor agropecuário”, avalia Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da FEBRABAN.
“Na carteira livre, as revisões positivas decorrem da perspectiva de uma recuperação mais sustentável da economia no 2º semestre, impulsionados pela maior flexibilização das medidas de distanciamento e pelo avanço da vacinação no país”, acrescenta Sardenberg.
A pesquisa também capturou alguma divergência entre os entrevistados sobre a trajetória do crescimento da carteira pessoa jurídica neste ano. Para 46,7% dos participantes, o ritmo de expansão da carteira deve seguir desacelerando, em função da redução dos programas públicos de crédito, do mercado de capitais aquecido (substituindo o crédito bancário) além do fato de as grandes empresas estarem capitalizadas, devido a expressiva tomada de crédito no período inicial da crise, diminuindo a necessidade de novos aportes. Para 40% dos respondentes, no entanto, o crescimento da atividade econômica deve compensar parte destes fatores.
Para 2022, as projeções também foram revisadas para cima. Para a carteira total, a expansão esperada ficou em 7,7%, ante 6,9% na pesquisa anterior, puxada tanto pela carteira com recursos livres (+9,2% ante +8,5%) quanto pela carteira direcionada (+5,1% ante +4,0%).
Em relação à expectativa para a taxa de inadimplência da carteira livre, o levantamento atual mostrou ligeira melhora em relação ao anterior. Para 2021, a nova projeção recuou 0,1 ponto percentual, de 3,6% para 3,5%, enquanto a taxa esperada para 2022 ficou estável em 3,7%. Em ambos os casos, as projeções seguem abaixo do patamar pré-pandemia, quando a taxa rodava em torno dos 4,0%, sinalizando que, apesar da alta esperada, a elevação da inadimplência não deve ser tão significativa.
Mais resultados
A grande maioria dos entrevistados (94,1%) da Pesquisa FEBRABAN espera que o PIB (Produto Interno Bruto) cresça 5,0% ou mais neste ano. A maior parte (58,8%) entende
que um crescimento em torno de 5,0% é o mais provável, embora 35,3% acreditam que os sinais positivos permitirão um crescimento ainda superior. A aceleração da vacinação, a retomada do setor de serviços e o cenário internacional favorável, entre outros fatores, contribuem para a revisão para cima das projeções.
Em relação à taxa Selic, 94,1% dos entrevistados responderam que o ajuste feito pelo Copom na última reunião, de 3,5% para 4,25% ao ano, foi adequado, e todos os participantes esperam que a Selic seja elevada para 6,5% ao ano ou acima deste patamar no atual ciclo de ajuste.
Nesta edição da pesquisa, a maioria (64,7%) dos participantes entende que deve ser suficiente o Copom levar a Selic para o nível da taxa neutra (estimada em 6,5% ao ano pelo próprio Banco Central) para conter a inflação. Neste sentido, a trajetória esperada pela média das projeções coletadas aponta para mais três altas de 0,75 pontos percentuais da Selic nas reuniões de agosto, setembro e outubro, quando encerraria o atual ciclo de alta em 6,50% ao ano.
Em relação à inflação, a maioria (76,5%) dos entrevistados já vê uma contaminação da atual pressão inflacionária sobre o IPCA de 2022. Para 58,8%, o impacto atual deve ser modesto, levando o índice para um patamar um pouco acima da meta, enquanto 17,6% veem o choque como muito intenso, sendo necessário elevar a Selic para um patamar maior do que o até então sinalizado para levar a inflação para próximo do centro da meta.
A pesquisa na íntegra está disponível neste link .