Realizada de 3 a 7 de maio, a Feira Internacional de Máquinas e Equipamentos (FEIMEC) este ano superou todas as expectativas de público. Até o quarto dia de realização, por exemplo, a visitação havia sido superior à registrada em 2018, quando atraiu 50 mil profissionais. São engenheiros, empresários e estudantes que buscam saber mais sobre as inovações do mercado.
Desde a abertura oficial, o evento foi marcado por situações que comprovam a representatividade do setor de bens de capital mecânico. Após a cerimônia, durante coletiva com a imprensa, a ABIMAQ apresentou um levantamento inédito feito pela entidade com sugestões concretas aos candidatos à Presidência da República sobre a indústria brasileira. Além de contextualizar a indústria em geral no cenário nacional, o documento a ser apresentado pela ABIMAQ é uma detalhada compilação das demandas e sugestões da indústria a ser entregue aos candidatos à Presidência da República do Brasil para a agenda governamental de 2023 a 2026. Nela, enumeram-se os objetivos a serem alcançados, como a transição energética, o desenvolvimento de cadeias locais estratégicas de suprimentos e a eliminação dos gaps de ativos fixos e tecnológicos, além das sugestões e demandas da indústria para definir condições de investimentos necessários e eliminar ineficiências sistêmicas que oneram a produção de bens e serviços no país.
O momento é oportuno, uma vez que o setor faz frente aos desafios impostos pela recessão global e medidas assertivas serão determinantes para sustentar a retomada do crescimento. Mesmo com a perspectiva de retração de 0,2% no PIB Industrial, segundo análise da CNI (Confederação Nacional da Indústria), o setor mantém a atividade em alta. De acordo com os indicadores, o emprego industrial subiu 0,5%, quando avaliados os resultados de novembro de 2021 a janeiro de 2022. No comparativo entre janeiro deste ano e o mesmo mês do ano passado, a alta é ainda maior, de 3,7%. O faturamento, por sua vez, aumentou 6,6% entre novembro e janeiro.
Além dos lançamentos em equipamentos e soluções inovadoras, um dos destaques do evento este ano foi o Demonstrador de Soluções Tecnológicas da Indústria 4.0, desenvolvido pela ABIMAQ e por diversas empresas parceiras da associação, que tem como objetivo apresentar, na prática e em tempo real, os principais conceitos e tecnologias aplicadas à Indústria 4.0, promovendo o avanço tecnológico e a geração de negócios no setor.
Iniciativa da ABIMAQ e organizada pela Informa Markets, a FEIMEC foi realizada no São Paulo Expo e reuniu mais de 900 marcas expositoras, ocupando 64 mil metros quadrados do pavilhão.
Robôs em ação
Durante a FEIMEC 2022, os visitantes puderam ter contato com o que há de mais novo em automação para a indústria. A Yaskawa, por exemplo, é a criadora do robô bartender, como ficou conhecida a máquina que serve bebidas. Mas a empresa expôs outros modelos, como o robô colaborativo HC20 que pode trabalhar com paletização de até 20 quilos, em parceria com mão de obra humana.
Já a Sew Eurodrive Brasil trouxe ao estande um modelo promissor para a Indústria 4.0, o AGV – Automated Guided Vehicle. O equipamento facilita o transporte de materiais dentro das indústrias, uma vez que a sua rota pode ser traçada e controlada por wi-fi. Os mini carros podem ser alimentados por energia, bateria ou indução e a principal vantagem é a flexibilização no espaço interno da empresa, visto que com o uso dessas máquinas não há necessidade de instalações fixas.
A Scara, máquina de alta precisão da Kuka Roboter, é muito utilizada na indústria alimentícia. O robô, de formato horizontal, é conhecido pela sua rapidez em processos repetitivos, como manuseio de cápsulas de café, por exemplo.
A impressão 3D foi outro tema em alta da FEIMEC 2022. Diversas empresas trouxeram ao pavilhão as últimas novidades em maquinários e automação para impressões. A DDDrop está imprimindo, em tempo real, uma pirâmide de 30 centímetros de altura em PLA. O resultado final foi apresentado no próprio evento.
Outros modelos de robôs estão sendo cada vez mais procurados pela indústria de alimentos. É o caso do modelo em exposição no estande da Fanuc. A empresa vendeu recentemente um jogo de robôs para uma empresa de lanches congelados. Toda a montagem do hambúrguer é feita por automação.
A Comau, por sua vez, trouxe para a feira soluções de robótica para a indústria automotiva, que estão em uso nas fábricas de marcas como Jeep e da Fiat. As máquinas são responsáveis pela inspeção de pintura e qualidade, além da automação dos processos de soldas. O equipamento pode ser visto em funcionamento em um carro da Jeep no estande da empresa.
Essas e muitas outras atrações encantaram os visitantes, como Silvana de Souza, engenheira mecânica que afirmou visitar a FEIMEC desde 2008. Ela contou que estava ansiosa pela volta do evento presencial. “A feira estava completa, muito bem-organizada e com novidades incríveis no setor de metalurgia, que é onde trabalho. Estava fazendo falta um encontro presencial depois de tanto tempo”.
Já Lucas Moreira visitou o evento pela primeira vez. O estudante do curso de Mecânica de Usinagem do SENAI revelou que a feira superou suas expectativas. “Um professor sugeriu que eu visitasse a feira para saber mais sobre as novidades tecnológicas. Confesso que é muito maior e melhor do que eu esperava, o pavilhão é enorme e as soluções apresentadas são impressionantes”. Quando perguntado sobre o que mais gostou na feira, Lucas citou o Torno Suíço, equipamento em ascensão no mercado brasileiro.
Parque das Ideias
O Parque de Ideias também se destacou durante a FEIMEC 2022, como espaço dedicado aos conceitos técnicos e práticos da indústria. Em 6 de maio, por exemplo, os conteúdos apresentados no Parque abordaram economia, conectividade, manufatura, sustentabilidade e identificação de gaps tecnológicos.
Espaço dedicado aos conceitos técnicos e práticos da indústria, o Parque de Ideias promoveu palestras, como a do CEO da Vallus Capital S/A, Caio Mastrodomenico, sobre “Economia em tempos de revolução digital na indústria”. A apresentação abordou os desafios da atualização tecnológica para o setor e os impactos que a mudança no perfil de consumo traz para as empresas. Mastrodomenico deu como exemplo a história do telefone celular, que iniciou no mercado como ferramenta de chamada telefônica e hoje tem as ligações como acessório adicional. Diante da mudança de comportamento, a indústria de eletroeletrônicos rapidamente se adaptou e passou a acompanhar o desenvolvimento sobre o produto.
Mastrodomenico chamou a atenção também para a discussão sobre a transição energética, visto que o aumento do custo de energia tem impacto direto na indústria. “O Brasil ainda é dependente de recursos hídricos, mas já fez a lição de casa e está investindo em energia limpa. O maior parque de energia solar da América Latina está no Piauí. É indispensável que a indústria se atualize sobre esse assunto”. Sobre as tendências de mercado e consumo, o palestrante falou que a propagação dos carros elétricos e autoguiados devem interferir diretamente no mercado de peças, seguros e assistência de veículos e que, embora seja um tema ainda pouco falado, a preparação para esse futuro começa agora.
Altos preços de insumos e produtos – Outro ponto destacado por ele foi a necessidade de pesquisas e alternativas que o setor da indústria tem para driblar os altos preços de insumos e produtos. Por exemplo, para suprir a demanda do aço que vem em uma crescente de preços desde 2011, o setor da construção civil tem usado fibra de vidro para substituir o material, bem como os recursos desempenhados pelas impressoras 3D, que atualmente são capazes de imprimir estruturas completas de casas. “Crise é um momento difícil, mas também faz com que você veja oportunidades. O comportamento do consumidor deve ser analisado e a indústria deve atender isso buscando mais recursos inovadores”, completou Mastrodomenico.
A palestra destacou que uma gestão inteligente melhora a eficiência dos processos e o desempenho de uma marca, porém, é importante que além de dispor da tecnologia, a empresa faça a programação e acompanhamento correto dessas métricas. “Atualmente, a Indústria 4.0 dispõe de tecnologias disruptivas que favorecem a gestão e a prevenção de riscos de uma empresa. A chamada IIoT – Industry Internet of Things e o metaverso são recursos importantes que, quando utilizados com estratégia, trazem previsibilidade de bons resultados”.
Ao finalizar, o CEO da Vallus Capital destacou que a indústria brasileira tem grande potencial de desenvolvimento. “Para cada Real gerado na indústria são gerados R$ 2,40 na economia. O agro já nos mostrou como se faz para crescer. O desenvolvimento se dá por meio de investimentos em tecnologia e monitoramento. A indústria precisa se modernizar e alcançar seu papel de destaque na economia”.
O Parque de Ideias foi mais uma atração aberta a todos os visitantes da FEIMEC e contou com apoio da ABIMAQ (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), do IQA (Instituto de Qualidade Automotiva), do INSPER (Instituto de Ensino e Pesquisa) e do VDI-Brasil (Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha).
Indústria Xperience – Para quem não conseguiu visitar o pavilhão de exposições da FEIMEC 2022 ainda dá tempo de se inteirar das novidades do setor e rever o que aconteceu no evento em termos de lançamentos e conteúdo.
A Jornada Digital Indústria Xperience deste ano acontece de 9 a 13 de maio, com a cobertura das principais atrações da FEIMEC presencial, por meio da plataforma online. A programação completa pode ser conferida neste link; https://bit.ly/3xSm2wq.
A programação da Jornada começou em 9 de maio e já conta com seis painéis disponíveis. Três deles são sobre a Indústria 4.0: Indústria 4.0 sob o ponto de vista de Negócios e Estratégia; A digitalização do chão de fábrica através da inteligência artificial; e Os novos rumos da manutenção preditiva e prescritiva. E os outros três são sobre Conectividade: Conectividade e IoT em PME; LGPD – Porque é tão importante; e “A Inovação aberta na indústria e máquinas inteligentes”. Até o dia 13 de maio, outros conteúdos serão disponibilizados.