A iniciativa privada investe, inova e comprova capacidade técnica

Projetos em desenvolvimento pelo setor produtivo em energias renováveis, preservação ambiental e controle de emissões de CO2 comprovam que os investimentos já começaram a acontecer e fortalecem a capacitação técnica da indústria brasileira, fornecedora de máquinas, equipamentos e sistemas, investindo em parceria com os clientes, desenvolvendo tecnologia própria e influenciando normas e legislações.

Os resultados, em qualquer dos cinco casos, geram benefícios para a sociedade e situam o Brasil como potencial líder em fornecimento e aplicação de fontes limpas de energia, assumindo seu papel entre os atores principais em âmbito mundial.

Os casos de sucesso selecionados mostram que a descarbonização já é realidade e devem estimular múltiplas iniciativas nos próximos anos. São eles: geração de energia a partir de resíduos sólidos urbanos; planta de hidrogênio; estruturas flutuantes para turbinas eólicas offshore e equipamento para produzir energia por meio das ondas dos oceanos; e empurrador elétrico híbrido para manobras de barcaças em área portuária; além de 11 anos de trabalho recompensados por decreto sobre limites de poluição atmosférica por motores de acionamento de grupos geradores estacionários, na capital paulista.

Energia derivada de resíduos sólidos urbanos será realidade no interior de São Paulo

Um sistema de gestão integrada de resíduos sólidos urbanos, 100% sustentável e amigável com o meio ambiente, com capacidade de tratar diariamente 650 toneladas ou 236 mil toneladas por ano de resíduos domésticos e públicos e, com o resultado do processo gerar cerca de 20MW médios de energia, volume suficiente para suprir o consumo de energia de 450 mil pessoas.
A população atendida com a energia produzida corresponde à metade da população de 900 mil pessoas dos sete municípios da Região Metropolitana de Campinas (SP) envolvidos no projeto: Nova Odessa Santa Barbara D’Oeste, Sumaré, Hortolândia, Monte Mor, Capivari e Elias Fausto.
Desenvolvido pela consultoria em projetos de tratamento de resíduos sólidos com e sem recuperação de energia WTEEC, o sistema será instalado em Nova Odessa e é similar a cerca de 2.500 plantas em operação contínua em todo o mundo, a maioria na Europa. O projeto conta com três linhas de tratamento: a primeira fará o tratamento térmico com recuperação de energia e as outras duas tratarão apenas materiais limpos provenientes de coleta seletiva, sendo uma delas dedicada a materiais orgânicos, produzindo o composto orgânico, e a outra atuará com os recicláveis separados pelos catadores da região.
Como informa Antonio Bolognesi – diretor da WTEEC Engenharia – a intenção é que o projeto “participe dos leilões de energia de 2022 e sirva de modelo para implantação em todo o País, pois está em alinhamento com todos os marcos regulatórios e legais e atende os compromissos assumidos na COP-26. Além disso, os aterros atuais estarão esgotados nos próximos cinco anos e os remanescentes não terão capacidade para atender a região do Consórcio”.

Cronograma – Iniciado em julho de 2020, o projeto – o primeiro deste tipo no Brasil formatado para um consorcio de municípios – encontra-se em fase de licenciamento ambiental. O cronograma prevê a publicação do edital de licitação da concessão no primeiro semestre de 2022, e, no final deste mesmo ano, o início das obras com duração de 36 meses.

Planta de Hidrogênio no Complexo Portuário de Pecém produzirá 250 Nm3/h de gás

A EDP é uma companhia do setor elétrico com o compromisso de até 2030 ter matriz 100% limpa. Atualmente, as fontes renováveis representam 75% da matriz e os investimentos previstos para o período 2021-2026 somam R$ 3 bilhões em fontes renováveis, sendo que R$ 41,9 milhões estão sendo direcionados à implantação, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), no Ceará, a Pecém H2V, primeira usina de hidrogênio verde do Estado e do Grupo.
A Pecém H2V “é fruto de um projeto de Pesquisa & Desenvolvimento. Além de gerar o combustível limpo com garantia de origem renovável, possibilitará desenvolver um roadmap com análises de cenários de escalabilidade, considerando todos os elos a jusante e montante da produção do hidrogênio”, informa Cayo Moraes, gestor-executivo da EDP, explicando que o projeto “contempla uma usina solar com capacidade de 3 MWp (megawatt-pico) e um módulo eletrolisador de última geração para produção do combustível com garantia de origem renovável. A unidade modular terá capacidade de produzir 250 Nm3/h (Normal Metro Cúbico por Hora) do gás”, detalha.

Parque de energia solar
O investimento previsto no plano de negócios quinquenal permitirá à EDP multiplicar em mais de 25 vezes o tamanho de seu parque de energia solar, atingindo a capacidade de 1 GWp. Moraes destaca que, recentemente, entre 2020 e 2021, a EDP “já duplicou o tamanho de seu parque de energia solar no Brasil, chegando a 100 MWp“.
As iniciativas em energia solar fotovoltaica vão além. Em outubro, a EDP anunciou o investimento no desenvolvimento da Monte Verde Solar, com capacidade instalada de 209 MWac (MW corrente alternada), sua primeira usina fotovoltaica de larga escala em parceria com a EDP Renováveis. Localizado nas cidades potiguares de Pedro Avelino, Lajes e Jandaíra, o empreendimento já está outorgado e com garantia de conexão ao sistema de transmissão, devendo entrar em operação em 2024.
Além dessas iniciativas, a EDP, atenta a oportunidades em geração solar distribuída, em junho de 2021, concluiu a aquisição da AES Inova, plataforma de investimento em geração solar distribuída, detentora de um portfólio de aproximadamente 34 MWp.

Implantação de turbinas eólicas offshore e geração de energia por meio das ondas dos oceanos: novas possibilidades em fontes renováveis

Design, fornecimento, instalação, operação e extensão da vida útil de embarcações flutuantes de produção, armazenamento e transferência, conhecidas como FPSO, estão entre as principais atividades da SBM Offshore. Com suas ações embasadas em inovação tecnológica e sustentabilidade, a empresa posiciona-se entre as líderes no mercado de arrendamento de sistemas flutuantes de produção de energia offshore.
“Nossa visão é fornecer energia segura, sustentável e acessível proveniente dos oceanos para as gerações futuras”, garante Rafael Torres, diretor de Desenvolvimento de Negócios da SBM Offshore. Fundamentado sua declaração, o executivo cita duas soluções: o Floating Offshore Wind e o Wave Energy Converter S3 (WEC).
Estrutura flutuante que usa tecnologia de ancoragem das Tension Legs Plataforms (TLP), para implantação de turbinas eólicas offshore, o Floating Offshore Wind é definido por Torres como “uma das soluções mais avançadas no mercado de energias renováveis”. Essa estrutura permite a instalação de turbinas eólicas offshore maiores e mais potentes em comparação com as turbinas em terra, em profundidades iguais ou superiores a 50 metros.
Já o WEC S3, que está em desenvolvimento, tem como objetivo gerar energia por meio das ondas dos oceanos. Diferentemente de tecnologias convencionais de conversão de ondas em energia, este equipamento é feito de polímeros eletroativos em formato de um tubo preenchido com água, não possuindo partes mecânicas.
Com o objetivo de tornar a operação mais sustentável, a empresa conta, ainda, com um programa emissionZERO, “em que temos a ambição de oferecer ao mercado soluções de produção de energia em plataformas flutuantes com emissões próximas de zero, além de prever iniciativas como captura de carbono, uso de energia renovável para alimentar a plataforma e operação remota”.
O Brasil, como ffrisado pelo diretor da empresa, “é o principal mercado para a SBM Offshore, o lugar ideal para se estar quando falamos em pré-sal e na produção de óleo em águas profundas e o país onde temos sete FPSOs em operação, correspondente à metade de nossa frota mundial, além de quatro plataformas no pré-sal. Desse modo, somos responsáveis, no total, por mais de 20% da produção brasileira de petróleo”.

Estaleiro nacional constrói empurradores elétricos híbridos ainda inéditos no Brasil

No período entre outubro e dezembro de 2022, dois empurradores de manobras de barcaças com propulsão híbrida começarão a operar em terminais brasileiros na região do Arco Norte (Amazonas), a exemplo do que acontece nos países nórdicos, que seguem legislação que impede a emissão de poluentes em áreas habitáveis e de preservação ambiental.
Adquiridos pela Hidrovias do Brasil junto ao estaleiro Belov Offshore, da Bahia, as embarcações medem 20,40 m de comprimento, 11 m de largura e casco de 3,80 m de altura.
Marcos Parahyba Campos, gerente de projetos da área naval da Belov Engenharia, explica que a propulsão híbrida – a ser fornecida pela Weg – utiliza diferentes modos de propulsão em fases diferentes da operação, e que, no caso das embarcações para a Hidrovias, envolvem modo diesel-elétrico com grupos geradores, modo totalmente elétrico a partir de um banco de baterias a bordo e, finalmente, o modo híbrido com a energia necessária sendo fornecida de modo compartilhado entre o banco de baterias e os grupos geradores.
O banco de baterias que armazena energia pode ser carregado pelos grupos geradores a bordo, pela rede elétrica de terra quando atracado (opção prioritária, pois utiliza energia limpa para o carregamento), ou ainda durante a operação, regenerando o excedente de energia produzido pelos geradores e reduzindo o desperdício.
Na prática, o empurrador de manobras pode operar com as fontes de modo alternado ou combinadas e, dessa forma, “reduz drasticamente a emissão de poluentes e o custo operacional, sem perder autonomia ou eficiência, fazendo melhor aproveitamento de energia elétrica renovável”, afirma Campos, informando que a embarcação, em uma primeira etapa, terá 600 KW de energia, exigindo entre 50 a 60 min para carregamento, e a possibilidade para upgrade para 2 MW, potência que será carregada em 1h30. Com a capacidade inicial, as embarcações poderão operar ininterruptamente por um período entre 3 e 4 horas, mas com 2 MW será possível trabalharem o dia todo”.

Decreto sobre limites de poluição atmosférica causada por motores, na capital paulista, acata reivindicação da ABIMAQ

Em 11 de maio de 2021, a Câmara Setorial de Motores e Grupo Geradores da ABIMAQ comemorou o Decreto Nº 60.233, da Prefeitura de São Paulo (SP), que regulamenta os limites de poluição atmosférica aplicáveis aos motores de acionamento de grupos geradores estacionários – de que trata a Lei nº 16.131, de 12 de março de 2015 – e que entrou em vigor na data da publicação.
Essa conquista é resultado de 11 anos de trabalho da ABIMAQ junto à Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da cidade de São Paulo, relata Reinaldo Sarquez, presidente da CSMGG.
Pelo Decreto municipal, ”os motores de acionamento de grupos geradores estacionários, fabricados no prazo de 24 meses após a publicação desta norma, utilizados em edificações públicas ou privadas, deverão ser adequados aos limites de emissão de poluentes estabelecidos nos Anexos I e II do presente decreto”.
Isso significa que os motores até 560 kva terão de ser Tier 3 e, acima dessa potência, Tier 2. Desse modo, esclarece Sarquez, “um grupo gerador nessas condições será no mínimo 80% menos poluente do que os motores utilizados usualmente”.
“A Entidade deu-nos todo o apoio no desenvolvimento dessas gestões, pois há grande interesse das fabricantes associadas à Câmara em preservar o meio ambiente, reduzir emissões e adotar ações sustentáveis e ecologicamente corretas”, frisa Sarquez, citando desenvolvimentos das indústrias do setor em matrizes energéticas alternativas: “Já existe motor híbrido diesel e gás; há trabalhos com grupos geradores operados com etanol, biomassa e biodiesel”.
Os planos agora são de expansão dessa norma paulistana. “São Paulo é uma importante vitrine, por isso acreditamos que automaticamente essa regra será adotada em outros Estados. Mas, mesmo assim, nosso trabalho agora é junto à Assembleia Legislativa de São Paulo, visando a estender a lei municipal para todo o Estado. E vamos chegar até o nível federal”, garante o presidente da CSMGG.