A quarta revolução tecnológica para a agricultura brasileira

“A AGRISHOW é o fórum ideal para lançamentos de produtos e serviços e também para levarmos a mensagem da irrigação como investimento imprescindível para um produtor de tecnologia. Todas as associadas vêm-se preparando para, após dois anos, poderem voltar a ter esse contato pessoal com o público e passar a mensagem de que a irrigação é a quarta revolução tecnológica para a agricultura do Brasil”, comenta Eduardo Navarro, presidente da Câmara Setorial de Equipamentos de Irrigação (CSEI) da ABIMAQ.

As novidades a serem apresentadas pelas associadas à CSEI – salienta Navarro – envolvem equipamentos muito mais tecnológicos, que incorporam soluções de Internet das Coisas (IoT) e são totalmente conectadas à nuvem, fornecendo dados precisos de clima, tempo, solo, condições das culturas, dando sua contribuição às tomadas de decisões pelo produtor e favorecendo a gestão remota. Essa tendência de maior conectividade dos equipamentos há algum tempo vem sendo percebida, mas o processo foi acelerado nos últimos dois anos e a possibilidade de conectividade entre as soluções digitais de gestão e as tecnologias embarcadas nos maquinários agrícolas e de irrigação já é realidade.

Exemplificando, Navarro cita a empresa na qual é diretor-geral, a Lindsay América do Sul, subsidiária da norte-americana Lindsay Corporation, com escritório em Campinas (SP) e fábrica em Mogi Mirim (SP): “O tema de nosso estande será o futuro. Vamos convidar o agricultor a conhecer todas as inovações que estão por vir nos próximos anos, assistindo uma projeção de 180 graus em uma área fechada onde o produtor poderá vivenciar e ter a experiência de para onde caminha a tecnologia para equipamento de irrigação. Além disso, como em todos os anos, teremos em espaço junto ao estande a demonstração de um pivô em funcionamento com todas as suas funcionalidades e potencialidades”.

Mercado aquecido

Em um cenário de mercado bastante aquecido desde o final de 2020, as tecnologias de irrigação estão ocupando espaço, inclusive em resposta aos preços de commodities elevados e à seca rigorosa que afetou o Mato Grosso do Sul e os Estados do Sul do País, levando o produtor a investir nessas soluções como alternativa capaz de minimizar o risco.

Depois de dois anos de crise sanitária, que impediu a realização de eventos presenciais, para o presidente da CSEI, a AGRISHOW e a participação das empresas no evento são fundamentais. “É a oportunidade para retomar o contato presencial com os clientes e com o agricultor apresentando novidades e produtos”, resume.

O contexto de guerra em uma área do leste europeu que se destaca como grande produtora de alimentos, para Navarro, pode vir a beneficiar o Brasil mesmo que de forma indireta, pela necessidade de mais alimento no mundo, afinal, “enquanto esses países por um período devem diminuir as suas ofertas, a agropecuária brasileira tem capacidade de atender boa parte desse mercado”.

Sendo assim, o mercado de irrigação deve continuar aquecido, uma vez que com esses sistemas é possível “produzir mais na mesma área, sem um significativo incremento do custo”, informa o presidente da CSEI, destacando o potencial das áreas irrigadas em território nacional que, segundo números do Atlas de Irrigação 2021, elaborado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), mostram que atualmente o Brasil possui mais de 8,2 milhões de hectares irrigados, mas tem possibilidade de avançar para mais 4,7 milhões de hectares até 2040, o que representaria um acréscimo de área da ordem de 51%.

Além disso, Navarro informa que “um gráfico elaborado pela ANA demonstra que, com a irrigação, é possível quadriplicar a produção nas culturas de arroz ou feijão, sendo que na canavicultura o benefício está no aumento da longevidade do canavial por dez anos”.

A irrigação – frisa o presidente da CSEI – permite que o Brasil faça cinco safras em dois anos, produzindo mais na mesma área, diluindo questões de fixação e de emissão de carbono, por exemplo: “É menos trator andando, menos defensivo agrícola e, consequentemente, menos carbono sendo emitido. Desse modo o agricultor brasileiro contribui muito para que o Brasil possa disponibilizar ainda mais alimento no mundo”, garante.
A necessidade de aumentar a produção sem aumentar o percentual de áreas plantadas passa pela recuperação de terras degradadas. Nesse contexto, como descreve o presidente da CSEI, os sistemas irrigantes, após a realização do trabalho agronômico de correção do solo, contribuem para acelerar a produção, ou seja, “cultivar mais vezes na mesma área, diminuindo o tempo para que essa área que era degradada, passe a ser produtiva. Assim, o retorno de investimento na renovação do terreno é bem mais rápido”.