A voz e a vez da indústria

Quando o assunto é máquinas e equipamentos, a Região Sul é bem servida, e de lá partem produtos para diversos segmentos da economia em todo o mundo. Em que pese a queda na atividade, muitas empresas continuaram investindo e diversas transferiram o olhar para outros países. Os resultados mostram o sucesso das iniciativas e fortalecem as esperanças no próximo ano.

A Vantec Industria de Maquinas – fundada em 1963 pela Família Vanzin, em Xanxerê (SC) – de acordo com Adriano Luiz Vanzin, também acredita que 2019 traz boas expectativas, “principalmente ligadas à exportação”. Aproveita e lista entre os diferenciais da empresa, a possibilidade de ajustar os equipamentos às necessidades dos clientes e mantendo equipe própria de manutenção, lembrando que “nossas maquinas trabalham com tecnologia de ponta em IHMS, CLP, ligados à Industria 4.0”.

Já a Ampla Produtos de Comunicação Visual, fabrica impressoras digitais de grandes formatos, e, devido à concorrência de empresas da Europa e dos Estados Unidos, a exportação não é uma saída para uma empresa 100% brasileira, mesmo quando detém o título de maior fabricante da América Latina em sua atividade, afirma Ricardo Augusto Lie, diretor de Negócios da Ampla.

Sediada em Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba (PR), a Ampla soma dez anos de atividade e exporta menos de 3% da produção, sempre via distribuidores. Para ele, 2019 também trará melhoras, resultantes da “estabilização do ambiente político, que proporcionará a volta dos investimentos. Temos condições de rapidamente atender ao aumento da demanda, pois hoje estamos atuando com 40% da capacidade total”.

Tendo como meta exportar 25% de sua produção – hoje as vendas internacionais respondem por 17% dos resultados da empresa e atingem países da América do Sul, América Central e África – a ZM Bombas, de Maringá (PR), há dois anos opera uma unidade no Paraguai, que responde por 20% da produção total da empresa. A meta – garante Carlos Walter Martins Pedro, seu diretor – é ter preço mais competitivo para exportação para América do Sul.

Por esse mesmo motivo a empresa é verticalizada, mantendo desde engenharia, ferramentaria, injeção plástica, fundição de alumínio e montagem. A ZM Bombas, em atividade há 36 anos, como frisa seu diretor, mesmo durante “a pior e mais duradoura crise que vivenciamos, tem investido em desenvolvimento de novos produtos. O resultado é o lançamento de uma linha de bombas acionadas por energia solar”.

A confiança na recuperação tem prazo definido – três anos – pois “2018 já parou de piorar e deve avançar um pouco. 2019 melhora mais e em 2020 a atividade deve chegar aos padrões anteriores, recuperando a ociosidade da empresa, que hoje está ao redor de 25%. O Brasil é um mercado muito grande e com muito a fazer. A reativação vai estimular a venda de equipamentos”, sinaliza Carlos Walter.

Construção de estradas – A Bomag Marini Latin America pertence à divisão Road Equipment do Grupo Fayat, fornece variada gama de equipamentos para construção de estradas em nível mundial. Na opinião de seu presidente, Walter Rauen, 2018 apresenta saldo positivo, em consequência das exportações, que respondem por 60% da atividade da empresa. Para 2019, o executivo acredita que “os investimentos em infraestrutura no Brasil devem alcançar maior projeção, a perspectiva é positiva e o cenário nos indica um avanço favorável”.

“Nosso objetivo é continuar intensificando os esforços no mercado de exportação, principalmente nos mercados norte-americano e africano, onde obtivemos crescimento superior a 300%. Ao longo do ano, também exportamos para novos mercados, como Canadá e Suécia”, comenta Rauen.

Definindo-se como pioneira em tecnologias para usinas de asfalto móveis contrafluxo, a Ciber também está entre as exportadoras da Região Sul, e chega aos 60 anos com mais de 1.800 usinas vendidas para mais de 40 países, nos quatro continentes. “A tecnologia – ressalta Luiz Marcelo Tegon, diretor-presidente da empresa – é 100% gaúcha, ou seja, desenvolvida plenamente pela equipe de P&D da Ciber localizada em Porto Alegre”.

A confiança da empresa na retomada da atividade econômica brasileira se reflete, por exemplo, no lançamento, após mais de dois anos de testes, da série iNOVA de usinas de asfalto, direcionada a obras de pequeno porte até obras de grande porte onde alta produção diária é requerida. “2018 já aponta com leve retomada, porém um crescimento leve sobre uma base muito pequena quando comparada ao volume médio anual de máquinas que a indústria como um todo vendeu entre 2010 e 2014”, relata Jandrei Goldschmidt, Head de Marketing da Ciber.

Compressores – Outra catarinense, com matriz em Joinville (SC), que surgiu como pequena metalúrgica fabricando uma linha de ferramentas manuais de fixação, aperto e corte, em 1963; também vê boas perspectivas para 2019. Trata-se da Schulz, que fundamenta sua previsão em seu histórico, caracterizado por sua adequação ao mercado.

Denis José Soncini, diretor de Operações Schulz, entende que essas conquistas resultam de investimento em atualização e inovação com suporte de certificações constantes, no Brasil e no Exterior, além de pioneirismo, em 2016, na certificação compulsória do Inmetro para vasos de pressão (Portaria nº 255/2014).

O rumo da economia do Brasil em 2019 – prevê Soncini – será mais estável e com tendência de recuperação após quatro anos de queda constante no ramo de máquinas e equipamentos. Imaginamos que para nosso setor o primeiro semestre ainda terá um aumento de atividade discreto, mas que deverá aumentar significativamente no segundo semestre”.

Transportes e implementos – “Em 2018, a retomada dos negócios se mostrou consistente em quase todas as famílias de produtos. O mercado brasileiro de caminhões e semirreboques começou a reagir com maior intensidade ao longo do ano, apesar da ainda lenta retomada da economia e das incertezas do cenário político motivado pelas eleições. Estamos projetando um crescimento da ordem de 30% neste ano no mercado de semirreboques, mas sabemos que no curto e médio prazos o mercado não deve alcançar os números verificados no passado de mais de 70 mil unidades no mercado interno, graças à disponibilidade de crédito”. Essa declaração de Alexandre Gazzi – COO da Divisão Montadora das Empresas Randon – resume as expectativas da empresa e sinaliza as possibilidades de crescimento.

Mesmo frente as adversidades, a Randon, em 2018, inaugurou unidades industriais em Araraquara (SP) e em Lima, no Peru, que somaram-se a unidades industriais em Chapecó (SC) e na cidade de Rosário, Província de Santa Fé, na Argentina; e também se estabeleceu no Espírito Santo, com um centro de distribuição de peças de reposição na cidade capixaba de Linhares, e, a partir de mais esta base, garantirá maior suporte à rede de distribuidores do Centro e do Norte do Brasil, comemora Gazzi.