Jorge Ney Viana Macedo Neves, Presidente da ApexBrasil
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), voltada à promoção de produtos e serviços brasileiros no exterior, assim como à atração de investimentos estrangeiros para setores estratégicos da economia nacional, mantém parceria com a ABIMAQ desde 1999.
Conhecido como Brazil Machinery Solutions, o Convênio de Cooperação Técnica Financeira foi renovado, em 16 de outubro de 2023 por mais 24 meses, durante o 8º Congresso Brasileiro da Indústria de Máquinas e Equipamentos, organizado pela ABIMAQ, e contempla mais de 300 empresas em cada ciclo, totalizando exportações que ultrapassam o US$ 1 bilhão por ano.
A revista Máquinas & Equipamentos, para falar sobre essa parceria de 24 anos ininterruptos, entrevistou Jorge Ney Viana Macedo Neves, presidente da Agência desde o início do atual governo.
Nesta entrevista exclusiva ele fala sobre a importância da parceria e seus resultados, assim como das expectativas com essa nova fase, destaca o papel e confirma que o BMS “é um dos projetos setoriais de maior investimento pela Agência e pela entidade parceira, com um orçamento total de R$ 25,8 milhões, e expectativas proporcionalmente elevadas em resultados”.
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M&E – No dia 16 de outubro, foi renovado o convênio de cooperação técnica e financeira entre ApexBrasil e ABIMAQ. A parceria existe desde 1999. Quais os resultados computados até o momento com o projeto setorial Brazil Machinery Solutions (BMS)?
Jorge Ney Viana Macedo Neves – Após tantos anos de parceria, alcançamos resultados relevantes e importantes para o setor e para o Brasil. O programa contempla mais de 300 empresas em cada ciclo, totalizando exportações que ultrapassam o US$ 1 bilhão por ano. Como resultados qualitativos, ressaltamos a inserção de empresas, especialmente as pequenas e médias, no comércio exterior, ampliação do portfólio de produtos exportados e ampliação de mercados acessados. Isto resulta em aumento de competências e melhorias de produtos das empresas, dados os desafios da internacionalização.
Outro marco relevante foi a criação da marca Brazil Machinery Solutions, com o objetivo de posicionar o Brasil como parceiro global, inovador e promotor de soluções para o setor de máquinas e equipamentos. A presença de marcas setoriais e de produtos brasileiros no mercado internacional é uma prioridade da nossa gestão.
Partindo deste estágio, o novo ciclo da parceria, firmado em outubro, no entanto, marca um momento de buscarmos o novo, ampliando o alcance do programa e reforçando o compromisso de incluir ainda mais empresas no esforço exportador, chegando cada vez a mais mercados.
M&E – O que está previsto na parceria?
Macedo Neves – A nossa estratégia para os próximos anos prioriza a diversificação das origens das exportações e a desconcentração dos destinos, e esperamos que nossos parceiros e clientes estejam engajados nesse esforço. O Brazil Machinery Solutions certamente terá papel central nesse trabalho. Concretamente, para o ciclo outubro de 2023 a outubro de 2025, serão 24 meses de execução, com ações estruturantes, como missões prospectivas e estudos de inteligência de mercado; ações de comunicação que darão suporte e divulgação às ações e resultados do projeto; ações de qualificação, como mentorias para mulheres em posições de liderança e capacitações em marketing internacional; e, ações de promoção comercial, como feiras no exterior e rodadas de negócios no Brasil e no exterior, nas quais as empresas brasileiras terão a oportunidade de divulgar seus produtos e serviços e desenvolver negócios de exportações, além de projetos imagem, trazendo jornalistas e formadores de opinião para divulgar as ações e o melhor do setor de máquinas e equipamentos brasileiros. Para ver as próximas ações do projeto, acesse o site do projeto: www.brazilmachinery.com.
M&E – Qual o papel da ABIMAQ nessa parceria?
Macedo Neves – A ABIMAQ é a executora do projeto setorial, que é fruto do convênio de cooperação técnica e financeira, agora assinado. Em resumo, o papel da ABIMAQ é organizar as ações do projeto, que englobam a gestão das aquisições, a comunicação e gestão com as empresas apoiadas e das ações propriamente ditas… enfim, gerenciar o projeto setorial, assim como mobilizar os fabricantes de máquinas e equipamentos para ingressarem na jornada de acesso ao mercado internacional.
Adicionalmente, o trabalho da ABIMAQ é importante por conta da sua capilaridade, ou seja, a aproximação com as empresas do setor, a associação representa cerca de 8 mil empresas no Brasil, sendo que 1.700 delas são associadas à entidade. Destaca-se também o enfoque no Norte e Nordeste brasileiro, onde haverá rodadas de negócios especificas para essas regiões, que atualmente participam de forma muito tímida do comércio exterior.
A instituição possui o interesse em comum com a ApexBrasil de promover o setor no exterior. Além disso, para a inserção internacional do setor de maneira eficiente a expertise da ABIMAQ mais importante é a capacidade de chegar às empresas e sensibilizá-las para entrarem no projeto, por meio de uma equipe qualificada.
M&E – Com quais setores a ApexBrasil mantém parcerias semelhantes?
Macedo Neves – Com diversos setores da indústria, serviços e do agronegócio. Temos projetos em parceria com os setores de máquinas e equipamentos (caso da ABIMAQ), casa e construção, moda, economia criativa, TI, saúde, alimentos, bebidas e agronegócios diversos. Atualmente, são cerca de 50 projetos em execução.
M&E – Qual foi o primeiro acordo?
Macedo Neves – O primeiro convênio foi assinado ainda quando a Agência era parte do Sebrae, em 1999. Já em 2003, quando o presidente Lula criou a ApexBrasil como agência autônoma, com a missão realizar a promoção comercial das exportações brasileiras, foram celebrados convênios com a ABIMAQ, para promover o segmento de máquinas para transformação de plástico, máquinas e equipamentos agrícola e os segmentos metalmecânico. Na sequência, diversos outros convênios para apoiar feiras no exterior específicas e, a partir de 2006, até o momento, convênios para execução de projetos setoriais, com o objetivo de promover as exportações do setor de máquinas e equipamentos de um modo geral.
M&E – Quais as expectativas para o período 2023-2025?
Macedo Neves – São as mais positivas. Prevemos que ao final dos 2 anos de execução deste novo convênio apoiemos 308 empresas exportadoras, convertendo 53 empresas em exportadoras e somando US$ 3,4 bilhões em valores de exportações, além de obter 66% de aumento nos seguidores das redes sociais do projeto. Também, destacamos a mobilização de empresas das regiões Norte e Nordeste e atuação na agenda de sustentabilidade e equidade de gênero, ou seja, atuar em sintonia com as práticas atuais relacionadas aos compromissos ESG, cada vez mais exigidas no comércio internacional.
M&E – Qual a participação do Brazil Machinery Solutions (BMS) nos resultados da ApexBrasil?
Macedo Neves – A parceria com a ABIMAQ é um dos projetos setoriais de maior investimento pela Agência e pela entidade parceira, com um orçamento total de R$ 25,8 milhões, e expectativas proporcionalmente elevadas em resultados. Para além de 1 bilhão de dólares em resultados de exportação das mais de 300 empresas apoiadas, temos expectativa de que o novo projeto expanda sua atuação, consiga efetivamente buscar novos players dentro e fora do Brasil, com vistas a acelerar a nossa participação numa cadeia de alto valor agregado. O Brazil Machinery Solutions tem um papel mais importante que nunca, ao se alinhar à nossa estratégia e do Governo Federal, no sentido de acelerar a neoindustrialização do País e ser um indutor do desenvolvimento mais equilibrado regionalmente.
M&E – Um recado para o setor de máquinas e equipamentos?
Macedo Neves – Sendo um segmento da maior importância para a economia de qualquer país, recomendaria que as empresas do setor mantenham um olhar atento ao mercado internacional, buscando se capacitar, se utilizando dos serviços da ApexBrasil e do Brazil Machinery Solutions, bem como das ações de promoção do projeto, de modo a promover seus produtos e serviços no exterior, colhendo benefícios para as suas empresas, para o próprio setor e, enfim, para o nosso Brasil.
ApexBrasil: objetivo e atividades
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), fundada em 21 de novembro de 1997 como parte do Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Em 2003, o presidente Lula criou a ApexBrasil como agência autônoma, tendo como foco atuar na promoção de produtos e serviços brasileiros no exterior e atrair investimentos estrangeiros para setores estratégicos da economia brasileira.
Para alcançar os objetivos, a ApexBrasil realiza ações diversificadas de promoção comercial que visam promover as exportações e valorizar os produtos e serviços brasileiros no exterior, como missões prospectivas e comerciais, rodadas de negócios, apoio à participação de empresas brasileiras em grandes feiras internacionais, visitas de compradores estrangeiros e formadores de opinião para conhecer a estrutura produtiva brasileira entre outras plataformas de negócios que também têm por objetivo fortalecer a marca Brasil.
A Agência também atua de forma coordenada com atores públicos e privados para atração de investimentos estrangeiros diretos (IED) para o Brasil com foco em setores estratégicos para o desenvolvimento da competitividade das empresas brasileiras e do País.
Jorge Ney Viana Macedo Neves
Nascido em Rio Branco, capital do Acre., Jorge Viana é formado em Engenheira Florestal pela Universidade de Brasília (UnB) e atua como professor do Mestrado do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP).
Desde a década de 1990, teve papel importante na política do Acre. Seu primeiro mandato foi de prefeito entre 1993 e 1996. Já em 1999, ele assumiu o governo do Estado, sendo reeleito e ficando no cargo até 2006. Já em 2011, ele foi senador, cargo que permaneceu até 2019. Em 2013, Viana foi escolhido como primeiro vice-presidente do Senado.
Dentre os projetos que tocou no Senado, estão: relator do Novo Código Florestal Brasileiro, da Nova Lei de Acesso à Biodiversidade, do Código da Ciência, Tecnologia e Inovação. Suas atribuições como senador incluíram a posição de titular da Comissão de Meio Ambiente e de presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, entre outras missões oficiais no Brasil e no exterior.
Por sua atuação na área de meio ambiente, recebeu os prêmios “Líder para o Novo Milênio” da Revista Times e TV CNN, Gift to the Earth, da organização WWF (Wold Wildlife Fund). Também atuou no setor privado, enquanto membro do conselho de multinacional do setor aeroespacial.