Além do IoT e da inteligência artificial

Como mostrado no box sobre as tecnologias digitais utilizadas na indústria (página 102), digitalização envolve diversos aspectos, muito além de IoT, IA, IIoT, big data…

Inteligência artificial virou tema usual e muitas vezes é citada como se fosse a panaceia para os males que afetam a indústria e os demais setores da economia. Contudo, entre outros pontos, ela exige altos investimentos em infraestrutura para poder analisar rapidamente grande quantidade de dados em tempo real e interagir com dados do sistema e dos processos armazenados ao longo do tempo.

Há outras tecnologias que também vêm ganhando popularidade desde a Covid-19, como os gêmeos digitais ou virtuais. Elencados como meio para otimizar recursos, simular processos ou produtos e antecipar possíveis falhas em toda a cadeia de produção, podem trazer resultados expressivos a um parque industrial que conta com máquinas e equipamentos com idade média de 14 anos, grande parte, inclusive, tendo ultrapassado o ciclo de vida ideal indicado pelo fabricante.

A aplicação de gêmeos digitais na linha de produção e no aprimoramento das fábricas pode se tornar uma aposta para reverter o cenário de obsolescência e impulsionar a competitividade das operações. Entre os benefícios dessa ferramenta de transformação industrial, capazes de envolver todo o ecossistema da fábrica, destaca-se a possibilidade de alavancar a produção para níveis elevados de eficiência e sustentabilidade.

Com a solução, é possível transformar as tecnologias de fabricação através de abordagens modulares que organizam o chão de fábrica e ganham velocidade com a robotização, impressão 3D (manufatura aditiva) e automação.

A simulação proposta pelos gêmeos virtuais auxilia as fábricas a repensarem seus modelos de negócios, com abordagens sustentáveis, proporcionado, por exemplo, redução de resíduos e da pegada de carbono em seus produtos desde as fases iniciais de produção.

Além disso, como os gêmeos digitais viabilizam às empresas a modulação e os testes de cenários, contribuem na otimização dos investimentos, evitando o desperdício de recursos.

A IoT presente em 62% das empresas inovadoras é apontada por Souza, como “um dos principais vetores de modernização, seguida pela manufatura aditiva (48%) e pela robótica (39%). Juntas, essas três áreas mostram a direção que o setor vem tomando nos últimos anos, com um claro movimento em direção à automação e à integração digital.” Lista a crescente demanda por motores ultra eficientes e tecnologias de recuperação energética como sinalização da transição para a Indústria 5.0, “que enfatiza personalização e maior colaboração entre humanos e máquinas.”

No setor industrial está cada vez mais comum encontrar soluções de mercado que apresentem softwares de gestão energética, plataformas de análise de dados e sistemas de manutenção preditiva. Frente a realidade do parque industrial brasileiro, também tem sido possível modernizar equipamentos antigos, por meio do retrofit, incorporando novas tecnologias sem a necessidade de substituição total da máquina.

Convergência entre IoT e IA

Lembrada sempre que o tema é inovação e tecnologia, a IA tem ganhado espaço nas discussões da Indústria, com aplicações da tecnologia tanto no processo de fabricação de novas máquinas e equipamentos, quanto na operação cotidiana pelos usuários.

No desenvolvimento industrial, por exemplo, a IA está sendo usada para projetar equipamentos mais eficientes, prever falhas com precisão, otimizar processos produtivos e até sugerir melhorias contínuas com base em grandes volumes de dados operacionais, detalha o gerente do Senai-SP, frisando que “para os usuários das máquinas a IA em sistemas embarcados promete identificar padrões de uso, ajustar automaticamente os parâmetros operacionais e realizar manutenção preditiva. Isso significa que a máquina aprende com o tempo, prevendo falhas antes que elas ocorram e evitando paradas não planejadas.”

Além disso, “a IA aplicada à robótica tem permitido o avanço de linhas de produção autônomas”, assegura Souza, listando entre as principais tendências, “o uso de modelos generativos para design automatizado de componentes, o controle autônomo de processos industriais e o uso de assistentes inteligentes integrados às máquinas, que orientam os operadores em tempo real.”

A convergência entre IA e Internet das Coisas (IoT) é entendido como um caminho promissor, com máquinas que se comunicam entre si e podem vir a tomar decisões de forma integrada. Contudo, como lembra Souza, ainda há desafios: “A adoção plena da IA exige que a indústria mantenha bases de dados bem estruturada, conectividade confiável nas fábricas e qualificação da equipe técnica.”