Os indivíduos nascidos entre 1995 e 2010, conhecidos como Geração Z, estão inseridos no mercado de trabalho há pouco tempo, mas seu modo de atuação profissional já é bem característico e vem passando a fazer parte da organização empresarial de diversas empresas.
Segundo o IBGE, esse grupo representa 24% da população brasileira, isto é, 51 milhões de pessoas. Trata-se de uma geração marcada pela facilidade com aparatos tecnológicos, independência, capacidade de absorver múltiplas informações, pelo imediatismo, interatividade e, ainda, um espírito empreendedor. No ambiente profissional, estas características tendem a permanecer.
Para Jamille Barbosa Cavalcanti, professora de administração na Universidade Presbiteriana Mackenzie, a atuação da geração Z no mercado de trabalho é similar ao que acontece nas outras esferas da vida, pois nasceram num mundo onde já havia passado as grandes transformações sociais, políticas, econômicas e tecnológicas. Além disso, a agilidade e facilidade para resolver problemas e a valorização das diferenças em meio às relações sociais fazem parte do cotidiano deste grupo.
“O mundo, após todas estas transformações, apresenta um cenário onde as informações são extremamente acessíveis, onde a comunicação é ou pode ser instantânea, independentemente do lugar em que as pessoas estão. Deste modo, faz todo sentido, entendermos que a geração Z é formada por indivíduos que desejam obter respostas rápidas, criativas, querem prontidão e facilidade no trabalho para a resolução dos problemas”, explica Jamille.
Uma curiosidade que difere esta geração das demais é a tendência a mudar mais rapidamente de emprego. Em levantamento do The UK´S Job Hopping Habits, 16% dos jovens disseram ter passado por cerca de dez empregos desde a inserção no mercado de trabalho. Já os indivíduos com mais de 35 anos, relataram ter tido a mesma quantidade de empregos, mas num maior tempo de carreira em comparação aos adolescentes.
Segundo a professora, a geração Z busca propósitos diferentes da geração anterior na relação de trabalho, pois o emprego não é visto como busca de poder ou status, como os indivíduos mais antigos observavam. Para ela, os jovens buscam um ambiente onde seja proporcionada uma atividade prazerosa e de desenvolvimento pessoal ao mesmo tempo.
“Esta nova geração busca encontrar um sentido no trabalho, quando pretende conciliar as horas de trabalho com as horas de lazer, com as horas dedicadas à família. A relação de trabalho estabelecida é muito mais flexível, mais autônoma, mais responsável, onde a mudança constante tem a ver com a busca da autoconstrução.”, afirma Jamille.
O ambiente de trabalho buscado pela geração Z tende a ser mais informal, onde a tecnologia esteja presente e as diferenças humanas e culturais sejam valorizadas, além da reciprocidade, respeito e liberdade para a criatividade. Como ponto negativo, Jamille explica que a geração anterior é mais paciente e cautelosa, já os mais novos não costumam se comportar da mesma forma.