Benefícios conhecidos e nem tanto: Conhecimento do nível de maturidade tecnológica contribui para o sucesso

O potencial da implementação das tecnologias relacionadas à Indústria 4.0 é conhecido e confirmado por empresas que já as adotaram: diferenciação no mercado, decisões rápidas e precisas; certeza de que sensores, armazenamento e análise de dados permitem otimizar a gestão, impulsionar a competitividade, ampliar a eficiência, reduzir desperdícios, melhorar a qualidade dos produtos e fortalecer a competitividade em mercados globais altamente exigentes, entre outros.

Essas tecnologias habilitadoras à Indústria 4.0 favorecem a integração de tecnologias como automação, inteligência artificial e Internet das Coisas (IoT) em processos produtivos, permitindo que as companhias operem de forma inteligente, as máquinas conversem entre si e os processos sejam ajustados em tempo real.

Para quem vivencia o universo da tecnologia aplicada ao setor industrial, esse quadro é considerada o futuro, mas também é presente, pois, como afirma João Alfredo Delgado, diretor Executivo de Tecnologia da ABIMAQ, tendo como fundamentação as indústrias representadas pela Entidade, muitas das tecnologias estão presentes em maior ou menor volume no setor.

Esse posicionamento de Delgado é condizente com a pesquisa realizada pela CNI, em 2022, que mostra maior adesão das indústrias a novas tecnologias para tornar processos e serviços mais digitais do que o registrado na edição anterior, de 2016, quando menos da metade (48%) faziam uso de alguma das tecnologias digitais analisadas.

O diretor de Tecnologia da ABIMAQ, assinala a necessidade de as empresas industriais conhecerem seus níveis de maturidade tecnológica, afinal, “apenas ter tecnologia não é suficiente, é preciso que produtos e serviços estejam aderentes à realidade de mercado, ao valor percebido e às oportunidades de novos negócios”.

Lembrando que a Entidade preparou um guia completo voltado a contribuir com o entendimento dos diferentes níveis de maturidade tecnológica 4.0 e conhecer em quais níveis se encontram seus produtos, Delgado recomenda: “Entender os níveis de maturidade tecnológica é importante para avaliar diferentes posicionamento do produto no mercado e o potencial de transformação de máquinas e equipamentos industriais em produtos inteligentes através da inclusão de tecnologias de base e sensores conectados.”

De acordo com o “Guia de Maturidade Tecnológica em Máquinas e Equipamentos”, que traz tecnologias e funcionalidades, que podem, na medida do possível, serem integradas em máquinas e equipamentos, possibilitando, entre outros, a coleta os dados para fornecer serviços de alto valor agregado aos seus clientes e usuários.

Desenvolvido em colaboração com especialistas do setor e como parte da Rede RS Indústria 4.0, esse material oferece uma estrutura clara para que fabricantes possam analisar o nível de maturidade tecnológica de suas máquinas; identificar oportunidades de melhoria rumo à Indústria 4.0 e obter financiamentos do BNDES e da FINEP.

Como alerta Delgado, “não é necessário que toda máquina e todo equipamento sejam enquadrados no máximo nível de maturidade da Indústria 4.0. As tecnologias devem ser consideradas um meio e não um fim. Por isso, os fabricantes devem buscar alcançar apenas os níveis de maturidade e funcionalidades que realmente agreguem valor aos seus clientes e usuários. Inserir tecnologias nos equipamentos sem um objetivo claro, apenas iria encarecer o produto sem agregar valor, diminuindo a competitividade da empresa ao invés de melhorá-la.”

Tecnologia, economia e regulação

Na visão dos técnicos e especialistas, alguns fatores tecnológicos, econômicos e regulatórios vêm estimulando a evolução das máquinas e equipamentos no setor de bens de capital.

Na perspectiva da tecnologia, a tendência segue sendo a digitalização dos processos produtivos na indústria, pois, “a implantação dos conceitos da Indústria 4.0 faz com que a as exigências de mercado para máquinas de hoje em dia seja de equipamentos que saiam de fábrica com recursos como sensores integrados, interação com robôs colaborativos, IA embarcada e outros processos avançados”, afirma o gerente de Relações com o Mercado do Senai São Paulo – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.

Do ponto de vista econômico, segundo o gerente do Senai-SP, “há uma demanda crescente por produtividade e competitividade, o que leva as indústrias a orientarem seus investimentos para soluções em máquinas capazes de operar com mais precisão, velocidade e menor custo. Para além disso, frente aos desafios relacionados à contratação de mão de obra por inúmeros fatores sociodemográficos, geracionais, tecnológicos e econômicos, nota-se que há uma maior pressão por automação como uma possível resposta à dificuldade de atração de novos talentos, permitindo que as empresas mantenham a eficiência mesmo em um contexto de dificuldades para contratar profissionais especializados.”

A terceira base desse tripé, os aspectos regulatórios, tem sido um fator relevante, sobretudo para a agenda da sustentabilidade. Assim, as tecnologias mais limpas, alinhadas aos princípios da economia circular, estão impulsionando melhorias na eficiência energética e no reaproveitamento de insumos.

Além do ponto de vista normativo, Souza menciona o papel importante desempenhado por leis de incentivo na geração de novas tecnologias e na modernização do parque industrial, e alerta: Apenas 34% das empresas inovadoras utilizam esses instrumentos fiscais, segundo os dados da Pesquisa de Inovação Semestral 2023: Indicadores Básicos, a Pintec Semestral, levantamento de caráter experimental realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que apresenta resultados anuais, com duas investigações semestrais relativas ao ano anterior ao ano da coleta.