Bombas e válvulas: diversidade e investimentos garantem evolução

Presenças (quase) universais em sistemas e em aplicações e processos diversos, os setores de bombas e válvulas são interdependentes e exigidos sempre que, além de bombear e transferir fluidos, faz-se necessário um sistema de controle preciso de vazão ou de bloqueio do fluxo. Mas, isoladamente, também são utilizados o que torna as suas aplicações ainda mais diversificadas.

A diversidade também envolve os tipos, a finalidade e os materiais utilizados, segundo a aplicação e a substância, como águas residuais decorrentes de processos industriais, efluentes no geral com ou sem teor de sólidos, água, esgoto, químicos, hidrocarbonetos etc.

Há bomba centrífuga radial e axial, autoescorvante, submersível, submersa, de superfície, com ou sem triturador e macerador, hidráulica, de sucção, de fluxo, a vácuo, monoestágios e multiestágios, de lóbulos, helicoidais, dosadoras, de deslocamento positivo, de cavidades progressivas, de fusos, entre outras.

Utilização como trava de pressão diferencial para alimentação de um sistema de transporte pneumático, para descarga de multas de um sistema de coleta de pó e na alimentação de equipamentos de processos, as válvulas podem ser de esfera, gaveta, globo, borboleta, dupla esfera e retenção, guilhotinas etc., e pelo tipo de acionamento, manual, pneumático ou elétrico.

Na mesma proporção de usos, modelos e famílias, os investimentos das indústrias fabricantes de bombas e válvulas são permanentes. No caso das primeiras, o foco principal está em “melhorias na hidráulica do cerne do sistema de bombeamento para maior rendimento do equipamento e redução do consumo de energia, além de produtos de qualidade e mais leves”, informa Francisco Novaes, presidente da Câmara Setorial de Bombas e Motobombas da ABIMAQ (CSBM), da ABIMAQ.

Atentas ao meio ambiente, as indústrias congregadas na CSBM também vêm aperfeiçoando os sistemas de vedação, para impedir vazamentos. Como exemplo dessa evolução Novaes cita novos produtos e materiais para selo mecânico, vedações hidrodinâmicas – solução mais indicada para bombas de uso contínuo –, gaxetas com novos compostos como grafite.

Já o setor de válvulas industriais, que também tem crescido de forma constante nas últimas duas décadas, principalmente devido à implantação do processo de  automação e da indústria 4.0,  principalmente no que se refere a válvulas automatizadas, como detalha Djalma Bordignon, presidente da Câmara Setorial de Válvulas Industriais (CSVI), da ABIMAQ.

Ao falar especificamente sobre o setor de óleo e gás, Bordignon, cita entre as tecnologias emergentes a adequação dos elastômeros utilizados nas válvulas, devido à mudança na composição química do óleo do pré-sal e ao aumento das pressões de operação, resultante da profundidade dos poços explorados, adequando as classes de pressões das válvulas e materiais utilizados.

“O mercado de Óleo & Gás está buscando cada vez mais fornecer soluções integradas para indústrias de energia renovável, operando de forma sustentável, com responsabilidade e integridade”, constata Daiane Duz, analista de Produto e Pós-vendas da Micromazza Indústria de Válvulas, com a certeza de que “as tecnologias da indústria 4.0 vêm auxiliando nesta missão”.

Diversidade e especialidade

Isoladamente ou combinadas, bombas e válvulas, em ambientes industriais e de processos em geral, muitas vezes interligam dois ou mais sistemas de uma rede, inclusive em instalações fixas.

Entre os setores que são dependentes de sistemas de bombeamento e de transferência de fluídos estão óleo e gás, agropecuária, mineração e saneamento, além de indústria química, de fertilizantes, de alimentos e bebidas, de papel e celulose, farmacêutica, têxtil, de construção civil, metalúrgica e siderúrgica. Além disso, são componentes de vários sistemas, como refrigeração industrial, ar condicionado, de abastecimento de combustíveis e na indústria automobilística, inclusive como itens dos próprios veículos, de máquinas e equipamentos.

Com tantas aplicações e multiplicidade de modelos, a seleção de bombas e válvulas agrega, ainda, o material de fabricação, levando em consideração, por exemplo, tempo para o trabalho, tipo de fluídos a serem bombeados, quantidade de fluído transportada, temperatura de operação e características dos sistemas de tubulações.

Tecnologias em destaque

Focada em saneamento, a Grundfos dispõe de uma vasta gama de bombas e sistemas para esgoto, poço profundo, desinfecção, abastecimento de água e pressurização. De acordo com Carlos Añasco (Area Sales Director, WU – South America da Bombas Grundfos), os sistemas inteligentes de abastecimento de água estão cada vez mais populares, devido a benefícios como “baixo consumo de energia por metro cúbico bombeado, redução de perdas de água, diminuição do trabalho de reparação de tubos, redução do consumo de água e facilidade de manutenção fácil”.

Essa tecnologia citada por Añasco é baseada em um sistema de controle inteligente que funciona de acordo com o sistema e sua demanda, para que o equipamento se adapte à demanda de água. Essa característica contribui com as exigências do marco regulatório “para que a empresa de água possa cumprir os parâmetros contratuais. Portanto, a qualidade de suas bombas e sua versatilidade são extremamente importantes para que possam atender às exigências das regulamentações”.

Focada na fabricação de equipamentos e sistemas de dosagem, tendo o setor de petróleo e de saneamento como principais mercados, a Dosivac possui a linha completa de bombas dosadoras e fornece sistemas completos como Skids de dosagem.

Como explica Karl Lessmann, gerente de vendas da unidade brasileira desse empresa argentina, “o setor de óleo e gás representa 20%, mas devido a reorganização desse mercado, nossa meta é chegar a 50% em curto prazo”.

Para atingir sua meta, a Dosivac está investindo “na linha de dosadores de produtos químicos para aumento da performance dos poços, gerando aumento de produtividade e diminuição em manutenção e intervenções. São bombas dosadoras para tratamento primário (extração e estoque na estação), e também para tratamento secundário no refino, como sistemas de injeção de anti-incrustantes, de soluções para baixar a viscosidade, e de também biocidas e biomicidas”.

“Há soluções diferenciadas e que estão alinhadas com as tendências atuais”, informa o gerente de vendas, como, por exemplo, “uma bomba dosadora que aproveita o movimento do bombeio mecânico, dispensando outros sistemas de acionamento, e bombas com acionamento pneumático, dispensando uso de bombas com motores a prova de explosão”.

No setor de saneamento, Lessmann também trabalha com metas arrojadas: “Nossa especialidade é soluções para tratamento de água e de efluentes. Já elevamos a participação desse mercado em nossos resultados locais de 20% para 30% desde a entrada em vigor do novo marco regulatório do saneamento. A expectativa é atingir 40%”.

Válvulas – Já Israel Júnior, supervisor comercial da Divisão Industrial da Gemü do Brasil, informando que apenas essa indústria de válvulas mantém mais de 4 mil itens no portfólio, e, pensando na indústria 4.0, destaca como necessidade do mercado “mudanças significativas na performance das válvulas, abrangendo  melhor capacidade de vazão, acabamento, materiais e quesitos voltados à segurança, além, é claro, de poder acoplar todas essas melhorias a uma tecnologia que possa ser controlada e utilizada de forma eficiente, como o novo sistema de gerenciamento de equipamentos, baseado em RFID (identificação por radiofrequência)”.

A importância da “automatização de válvulas para minimizar interface do operador e monitorar a válvula mesmo a distância” e cita o desenvolvimento de “válvula em poliamida para distribuição de gás em grandes cidades”, é  salientada pela analista de Produto e Pós-vendas da Micromazza. Segundo Daiane Duz, também estão em voga tecnologias de processamento submarino (marinização), de análise de dados e visualização 3D como parte do processo de exploração, robótica, internet das coisas (IoT) para fazer monitoramento e coleta de informações dos sensores dos equipamentos.

O uso de válvulas esfera em substituição à válvula globo de controle, trazendo “vantagens econômicas significativas e alto nível de controle”, é elencado por Dalva Melo – gerente Geral da Bray Brasil – ao lado da aplicação dos “posicionadores inteligentes com diagnóstico avançado padrão (sem custo) em toda a linha, que possibilitam manutenção preditiva, reduzindo custos, melhoria da qualidade e aumento da disponibilidade das válvulas de controle, evitando paradas não programadas e garantindo aumento geral da lucratividade”. Especializada em projetos de válvulas do tipo esfera, gaveta, globo, borboleta, dupla esfera e retenção para o mercado de defesa, de gás e subsea, desenvolvendo válvulas para criogenia, fire-safe e baixa emissão fugitiva, além de dispor de linha de atuadores pneumáticos, Duz reforça as válvulas com baixa emissão fugitiva como tendência, pois “possuem projetos eficazes que minimizam as taxas de poluição para a atmosfera, trazem qualidade de vida aos ecossistemas e conciliam o desenvolvimento de tecnologias aplicadas a equipamentos do setor de óleo e gás com destaque na preservação ambiental”.