Duas cooperativas agrícolas do Paraná – C. Vale Cooperativa Agroindustrial e Cooperativa Agrária Agroindustrial – ampliarão suas capacidades de produção com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Enquanto a C. Vale implantara´uma unidade de processamento de soja e um armazém do produto em grãos, em Palotina; a Agrária instalará uma unidade para recebimento, beneficiamento, armazenamento e expedição de variados grãos, em Guarapuava.
O crédito vai permitir à C. Vale alcançar a autossuficiência na produção de um importante insumo usado na composição das rações animais: o farelo resultante da extração do óleo de soja. Além disso, possibilitará, na fase de operação da unidade, a criação de 70 empregos diretos e 500 indiretos. Na Agrária, o investimento proporcionará a incorporação da produção de grãos de baixo volume dos cooperados no processo produtivo da cooperativa, trazendo, entre outros benefícios, o aumento da rentabilidade dos associados e ganhos de escala para a estrutura produtiva da entidade. O projeto prevê a geração de 14 empregos na operação do empreendimento.
O superintendente da Área de Indústria, Serviços e Comércio Exterior do Banco, Marcos Rossi, afirma que “o cooperativismo da Região Sul, especialmente no Estado do Paraná, é um modelo de sucesso que o BNDES gostaria que se difundisse ainda mais pelo Brasil”.
O faturamento das cooperativas agroindustriais paranaenses atingiu em 2020 mais de R$ 100 bilhões, o que representa quase 90% do valor bruto total da produção agropecuária do Paraná, segundo dados da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar). “Além disso, o cooperativismo paranaense gera renda para mais de 180 mil produtores rurais cooperados e quase 100 mil empregados que trabalham no beneficiamento da produção agrícola”, completa Rossi.
O financiamento à C. Vale, no valor de R$ 252,3 milhões, corresponde a 38% do investimento total do projeto. Além da unidade de processamento de soja — que poderá produzir até 2.300 toneladas de farelo, 600 toneladas de óleo degomado e 36 toneladas de casca peletizada por dia — e do armazém de grãos — com capacidade de 120 mil toneladas —, os recursos serão investidos também na construção de outras estruturas, entre elas, um armazém para até 62 mil toneladas de farelo e 6 mil toneladas de casca peletizada; quatro tanques com capacidade de 3 mil toneladas de óleo degomado cada um; área para expedição de produtos acabados (farelo, casca e óleo) e áreas de apoio e utilidades (administrativo, refeitórios/vestiários, manutenção, laboratório, caldeira de produção de vapor, tratamento de água e de efluentes).
Todo o empreendimento será implantado junto ao complexo industrial da C. Vale, em Palotina, onde já está disponível o terreno, a subestação de energia para suprimento da planta e parte dos sistemas de tratamento de água e de efluentes, resultando em significativos ganhos de escala e logística da produção.
“O apoio financeiro do BNDES é fundamental nesse investimento”, destaca Alfredo Lang, diretor-presidente da C. Vale. “E cabe ressaltar que o processo de agroindustrialização na cooperativa ocorreu pelo apoio do BNDES, com linhas de longo prazo que viabilizaram a implantação das indústrias, da mesma forma que agora a esmagadora de soja está sendo viável pelo apoio financeiro do Banco.”
Os recursos a serem destinados pelo BNDES à Agrária somam R$ 32,1 milhões, correspondentes a 75% do investimento total do projeto. Esse valor será empregado na implantação de uma estrutura para recebimento, secagem, beneficiamento, armazenamento e expedição de grãos como feijão, canola, aveia, centeio e triticale. Esses grãos têm baixo volume de produção pelos cooperados, o que inviabiliza seu beneficiamento nas unidades atuais da cooperativa. Veio daí a necessidade de instalar a nova unidade, que poderá produzir 30 mil toneladas por ano, o que corresponde a uma área cultivada de 15 mil hectares.
O empreendimento será instalado no próprio complexo industrial da Agrária, localizado no distrito de Entre Rios, em Guarapuava. O aproveitamento de espaço no local permitirá a utilização da infraestrutura já existente, o que também gerará ganhos de escala e redução dos custos relativos para a cooperativa.
“O suporte do BNDES para a construção da unidade multigrãos nos permite tirar do papel esse importante projeto, que, com certeza, trará crescimento para a Agrária e, consequentemente, para os nossos produtores”, afirma Jorge Karl, diretor-presidente da cooperativa. “Acreditamos que a nova unidade nos trará bons frutos e servirá como incentivo para que outros cooperados comecem a investir em grãos que não estão entre as nossas principais culturas.”