“O País precisa contar com insumos, infraestrutura, testes, para responder rapidamente à necessidade da população. Tenho ressaltado que nesse período aprendemos a importância de o País se preparar para próximas pandemias que virão, pois a questão não é se, mas quando”. Essa preocupação do ministro da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC), astronauta Marcos Pontes, espelha um entendimento mundial.
No caso específico do Brasil, desde meados de março, iniciativas desenvolvidas pela indústria nacional estão minorando os efeitos desta que é a maior crise já acontecida em âmbito mundial e afeta, indistintamente, além da saúde, a economia de todos os países.
A título de informação, desde a notificação do primeiro caso na China, em 31 de dezembro de 2019, e as várias fases de disseminação até chegar ao Brasil, em final de fevereiro de 2020, a demanda mundial por equipamentos e insumos médico-hospitalares capazes de reduzir os níveis de contaminação e tratar os infectados atingiu níveis inimagináveis.
Os números oficiais mudam a todo segundo, literalmente. Em 18 de junho, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), dos mais de 7,8 bilhões de habitantes do planeta, 8.061.549 estavam infectados, em cerca de 190 países, em todos os continentes, com 440.290 mortes computadas. Em território brasileiro, eram 960.640 casos confirmados, 503.507 curados e 46.679 óbitos.
“As inúmeras e variadas iniciativas das empresas do setor demonstram a importância da indústria brasileira e o senso de responsabilidade e cidadania dos nossos empresários”.
João Alfredo Delgado, diretor executivo de Tecnologia da ABIMAQ,
Nesse cenário, a recomendação do ministro Pontes – em entrevista à Máquinas & Equipamentos, em 15 de maio, em Sorocaba (SP) – amplia seu significado. Os investimentos praticados pelas indústrias brasileiras podem abrir novos mercados e áreas de atuação, afinal, para produzir protetores para leitos hospitalares, taxis e carros de aplicativos, máscaras de diversos tipos e materiais, caixas de intubação e de respiração e até respiradores e ventiladores pulmonares, a indústria brasileira organizou-se e uniu-se. A criação de redes de relacionamento favoreceu o desenvolvimento de projetos diversos, em âmbito nacional e internacional, com conquistas que minimizam os efeitos negativos da Covid-19 sobre a sociedade.
Iniciativa e inventividade
Em âmbito governamental, algumas ações contribuíram para essa agregação. Parceria entre os ministérios da Economia, via Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade (Sepec/ME), Saúde e MCTIC, com o apoio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com a cooperação de instituições da sociedade civil, como a ABIMAQ, permitiu o mapeamento do parque industrial nacional, identificando as capacidades de cada setor. Uniram-se aos esforços, sempre que necessário, os ministérios da Defesa, da Justiça, de Relações Exteriores e a Força Aérea Brasileira (FAB).
A implantação dessa força-tarefa favoreceu a busca de soluções e disponibilizou recursos, inclusive financeiros, para patrocinar pesquisas de testes, medicamentos, vacinas etc. No que toca a equipamentos e insumos, os investimentos, de um modo geral, foram privados, e alguns individuais, pois grupos de funcionários em férias coletivas devido à paralização da produção, iniciaram ações que foram, em alguns casos, encampadas pelos seus empregadores.
Muitas são as iniciativas voltadas a evitar a disseminação do vírus. Algumas estão elencadas nesta edição da M&E. A seleção leva em consideração a convergência de ações, pois não há ordens de grandeza nem de prioridade quando o assunto é a preservação da vida humana. Entre os agentes impulsionadores está pedido de apoio feito pela ABIMAQ que ecoou na indústria de máquinas e equipamentos, em muitas pessoas disponíveis à colaboração e a atos de solidariedade, a ponto de a Entidade criar um hotsite para divulgá-los.
Nesse espaço virtual, vinculado ao site da Entidade e continuamente atualizado, em sete grandes grupos estão cerca de 90 iniciativas, de mais de 50 empresas associadas à ABIMAQ. “As inúmeras e variadas iniciativas das empresas do setor demonstram a importância da indústria brasileira e o senso de responsabilidade e cidadania dos nossos empresários”, constata João Alfredo Delgado, diretor executivo de Tecnologia da ABIMAQ, frisando que a forma de trabalho em rede só é possível em um grupo comprometido e em comunicação permanente.
“Faltava acetato, alguma câmara setorial da ABIMAQ fornecia uma lista de possíveis fornecedores. Faltava corte a laser, outra câmara socorria. E no principal problema, que era ampliar a capacidade de produção das indústrias na área de ventiladores mecânicos, o trabalho foi ainda maior, porque tivemos de procurar o fornecimento de partes e peças que viabilizassem o aumento de produção, além de agilizar os processos de licitação do governo e capacitar as nossas associadas às exigências para aprovação”, detalha Delgado.
Lições que ficam
A pandemia vem promovendo aprendizados valiosos em âmbito individual e coletivo, inclusive nas organizações e instituições. Outros ainda serão construídos, mas, mesmo agora, já é possível afirmar que a crise global está levando as empresas a revisitarem os seus processos em busca de redução de custos e aumento de produtividade.
“Em meio a esta fase difícil, a indústria brasileira voltou a valorizar a gestão de seus processos em busca de redução dos riscos da cadeia. Neste cenário, soluções de compras e gestão de fornecedores se tornaram essenciais, pois houve rupturas no abastecimento e foi evidenciada a necessidade de buscar novos fornecedores de matérias-primas”, constata Angela Gheller, diretora de Manufatura e Logística da Totvs.
Entre os caminhos possíveis, Gheller aponta o investimento da indústria na implantação e na integração das ferramentas de manutenção, planejamento e produção. “A gestão de entrada de demanda é essencial na manufatura. A automatização da manufatura também voltou a ganhar força, pois ela gera grande diminuição de retrabalho e maior acuracidade nas informações coletadas no chão de fábrica, melhorando a eficiência global e reduzindo os custos de produção”.
A indústria, na visão da diretora da Totvs, também deverá reavaliar as cadeias de suprimentos que podem gerar novos negócios no mercado nacional e regional. Para usufruir dessas oportunidades, muitas empresas nacionais dependem de maturidade de processos e produtos, o que torna este o momento ideal para entrarem de vez na jornada da Indústria 4.0.
Outro aspecto das lições que perduram e contribuem para a edificação de novos valores e referenciais é destacado por Gilberto Figueira, diretor da Public Projetos Editoriais, editora parceira da ABIMAQ na revista Máquinas & Equipamentos e no Anuário.
“As reflexões e os aprendizados que esta pandemia nos deixa são inúmeros e também dizem respeito à comunicação das empresas. Estou convicto de que as marcas terão de se preocupar com as comunidades do seu entorno, amenizando as dificuldades dos que estão à sua volta. Afinal, o cliente vai querer saber o que a sua marca preferida está fazendo ou o que ela fez para minimizar os problemas gerados pela Covid-19”.
A consequência direta desse entendimento de Figueira se materializa na mudança da estratégia na comunicação e afetará negativamente a marca que deixar de se posicionar diante desta situação de pandemia. Tal postura será traduzida como insensibilidade, podendo até colocar o valor da marca em risco.
Como caminho, o diretor da Public destaca o entendimento das prioridades do outro. “A partir de agora, o foco central da comunicação das empresas precisa estar na empatia, requisito fundamental para se manter a confiança”, explica, e conclama: “Este é o momento de chamar a atenção por ser diferente; sobretudo por fazer diferente, por se solidarizar e mostrar as ações em benefício do bem-estar e da saúde da sociedade”.
Ventiladores pulmonares: o (ex) ponto fraco da cadeia
Todas as iniciativas, nesse cenário de pandemia e consequente crise econômica, são válidas e elogiáveis pela finalidade. No entanto, há aquelas diretamente vinculadas aos casos mais críticos, que visam à manutenção da vida e envolvem os ventiladores pulmonares, um equipamento até então conhecido de poucos e que virou tema de conversas cotidianas. Como pano de fundo, assombrando todos, há números: no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), em fevereiro, havia 65.411 respiradores/ventiladores registrados no Brasil, tanto no Sistema Único de Saúde (SUS), quanto na rede privada.
Foi popularizada a diferença entre máquinas: ventilador pulmonar é um dispositivo automático conectado às vias aéreas com o objetivo de aumentar ou prover a ventilação do paciente, enquanto o termo respirador é uma denominação genérica que se destina a designar todo e qualquer equipamento que proporciona ventilação artificial em seres humanos. E, em casos graves, usa-se o primeiro.
O esforço brasileiro na aquisição de venltiladores pulmonares envolveu mais de 15 instituições e gerou a formação de cerca de 12 forças-tarefa.
A cooperação entre ABIMAQ, instituições da sociedade civil e a força-tarefa interministerial viabilizou o mapeamento do parque industrial nacional e a identificação do potencial de fornecimento de respiradores pulmonares, com criação de inúmeros grupos com essa meta comum. Empresas com expertise, em que pese a pequena escala de produção, foram detectadas, assim como outras que poderiam contribuir para expandir as entregas em pequeno prazo, aumentando a oferta e o suprimento em caráter de urgência.
Segundo informações do Ministério da Saúde, o esforço brasileiro na aquisição destes itens envolveu mais de 15 instituições, entre fabricantes processadores, instituições financeiras e empresas de alta tecnologia, e a criação pela Sepec/ME de mais de 12 forças-tarefa. “A distribuição dos equipamentos tem ocorrido conforme a capacidade de produção da indústria nacional, que depende de algumas peças que são importadas”, garante o Ministério, via assessoria de imprensa.
Cabendo ao Ministério da Saúde a análise técnica e a compra dos respiradores, o trabalho conta com reforço do Ministério das Relações Exteriores, para priorização de recebimento de peças, do Ministério da Justiça para escoltas e segurança da distribuição de equipamentos e insumos, e do Ministério da Defesa, que fornece armazéns nas capitais para estoque de materiais e logística de distribuição para o País, por meio da FAB, quando necessário.
O MCTIC, como frisou o ministro Pontes, atua mais diretamente na análise dos projetos de novas empresas interessadas em projetos de ventiladores pulmonares, na busca de nacionalização de componentes de forma a eliminar a dependência de insumos importados, assim como em ações estratégicas, “pela própria constituição e competência do Ministério, fundada em três eixos: impactos da pandemia quanto às necessidades de comunicações; tecnologias e inovações, desde produtos novos, como EPI individual e coletivos até ventiladores pulmonares; e ciência, única arma para vencer o vírus, com reposição e testes de medicamentos, sequenciamento do vírus, vacinas e testes de diagnóstico, entre outras ações”.
Quantificando, o Ministério da Saúde assinou quatro contratos com empresas brasileiras para a produção de 15.300 respiradores no período de 90 dias, na seguinte proporção: 6.500 com a Magnamed, no valor de R$ 322,5 milhões; 4.300 com a Intermed, no valor de R$ 258 milhões; 3.300 com a KTK, no valor de R$ 78 milhões; e 1.202 com a empresa Leistung, no valor de R$ 72 milhões.
Contudo, para atender esses pedidos, essas indústrias necessitavam escalar a produção, o que demanda investimento e tempo para produção. No caso da Magnamed, por exemplo, antes da pandemia, a produção era de 150 respiradores por mês, exportando parte representativa para mais de 60 países, de onde originava-se 40% de sua receita.
Wataru Ueda, CEO da Magnamed, reforça que a empresa “está trabalhando diuturnamente na fábrica de Cotia (SP), com aumento de turnos e contratações de novos funcionários, e investindo em diminuir a curva de aprendizado no desafio de aumentar sua produção em mais de 10 vezes em comparação ao que produzia no cenário pré-Covid 19”.
Entra em cena – dando suporte à Magnamed, KTK e Intermed – a Flex, instalada em Sorocaba (SP), parte de um grupo mundial reconhecido como fabricante de produtos eletrônicos sob demanda.
Novas opções
A necessidade de ventiladores pulmonares levou muitas indústrias a buscarem desenvolvimentos com parceiras ou com universidades e centros de pesquisa. Nesta cruzada também estão indústrias de máquinas e equipamentos vinculadas à ABIMAQ, e muitos projetos de respiradores estão caminhando.
Esse aspecto é ressaltado por Paulo Alvim – secretário de Empreendedorismo e Inovação do MCTIC – ao explicar que nos mesmos moldes das parcerias com as indústrias, via entidades como ABIMAQ, o MCTIC conseguiu mobilização da comunidade de ciência e tecnologia, a exemplo da Associação Brasileira de Avaliação de Conformidade (Abrac), que está coordenando um consórcio de laboratórios e institutos para fazer os ensaios e testes gratuitamente.
“Está havendo grande interação entre as empresas e toda estrutura de governo para que avancemos nesse processo. A indústria está sendo um grande parceiro do País nesse processo, não só mobilizando a aceleração do processo daqueles que já produzem, mas na reconversão produtiva. Temos na ABIMAQ um player. Há grande esforço no que se refere a buscar alternativas nacionais. Esse é um processo de reindustrialização fabuloso e ágil, fruto de nossa capacidade produtiva”, resume o secretário de Empreendedorismo e Inovação do MCTIC.
O volume de propostas comprova a animação de Alvim: “Até meados de maio, por exemplo recebemos cerca de 80 propostas de ventiladores, várias muito criativas, mas muitas ainda em nível de bancada. O MCTIC, nesse processo, tem a função de filtrar os projetos e encaminhá-los para a Avisa, para os testes e certificações necessárias e fundamentais, afinal, são produtos diretamente vinculados à manutenção da vida humana”.
“A indústria está sendo um grande parceiro do País, não só mobilizando a aceleração do processo daqueles que já produzem ventiladores pulmonares, mas na reconversão produtiva. Temos na ABIMAQ um player. Há grande esforço no que se refere a buscar alternativas nacionais. Esse é um processo de reindustrialização fabuloso e ágil, fruto de nossa capacidade produtiva”.
Paulo Alvim – secretário de Empreendedorismo e Inovação do MCTIC
“Dispendemos esforços juntando os setores produtivo e acadêmico, toda a sociedade brasileira em uma grande convergência. A Anvisa também tem sido um grande parceiro e tem feito um belo trabalho, em processo muito articulado com o MCTIC. Em comum, temos o foco da Covid-19, mas mais importante é o compromisso de cooperação para resolver o problema. Por isso, vamos sair mais fortes”, constata do secretário do MCTIC.
Entre os novos estudos, está o open source da montadora Seat com a Protofy.xyz, realizado pela Topema, em processo de aprovação pela Anvisa. De acordo com Nelson Ferraz Cury, presidente da empresa, “estamos com cerca de 10 peças para aprovação em parceria com duas empresas que montaram a linha conosco, Ermac e Iconacy com apoio da In@va e de engenheiros de um grupo chamado Voluntários Anônimos. Nosso protótipo utiliza conceitos semelhantes ao Oxygen, fabricado na Espanha”.
Nesse projeto, a Topema – especializada em cozinhas profissionais – já investiu cerca de R$ 100 mil, incluindo o custo de seus funcionários, materiais e engenharia. Em paralelo, desenvolveu “ampla lista de esterilizadores para o momento atual e para este novo normal de restaurantes, hotéis, hospitais e afins. Esses produtos, inclusive, já estão em uso em hospitais de campanha do Guarujá e de São Vicente e em vários estabelecimentos”, revela Cury.
A thyssenkrupp, por meio de sua unidade Autômata de componentes para o setor aeroespacial, participa de uma iniciativa liderada pela Embraer junto a suas demais fornecedoras a fim de auxiliar no aumento da capacidade produtiva de uma fábrica nacional de respiradores pulmonares. Para isso, disponibilizou alumínio de alta qualidade para usinagem de peças suficientes para 5.000 respiradores.
Também engajada no projetos de ventiladores pulmonares liderado pela Embraer, a Liebherr Brasil está produzindo componentes usinados para esses equipamentos. Especialista em usinagem de precisão, tratamento de superfície e montagem de componentes, colabora com a demanda a partir de sua fábrica em Guaratinguetá (SP), onde normalmente são fabricados componentes de alta complexidade para a indústria aeronáutica.
Gargalo
Alguns componentes têm poucos fabricantes mundialmente, e, conforme as restrições, há fornecedores que são únicos. As válvulas inserem-se nesse universo e os esforços demandados por todos os envolvidos na cruzada, direta ou indiretamente, vêm permitindo o desenvolvimento de alguns novos fornecedores. Mesmo com a maioria localizando-se em outros países, intervenções pioneiras acontecem também no Brasil.
A fabricante de válvulas Thermoval, por exemplo, adequou a sua linha de produção para incluir em seu portfólio as válvulas solenoides para respiradores. Até maio, a empresa fabricou 2,5 mil unidades do componente. A previsão é de chegar a 25 mil novas válvulas durante o combate à pandemia.
Iniciativas diversas
No combate à Covid-19, vários equipamentos, componentes e itens de proteção são necessários. As indústrias instaladas no Brasil deram asas à criatividade, engajaram-se em redes de cooperação, e os resultados se multiplicam.
Algumas, como o Grupo Pioneira, especializado em equipamentos de limpeza e limpeza urbana, em cerca de 15 dias, com equipe própria, fez uma adaptação no caminhão-pipa e o transformou em um equipamento de pulverização e higienização para ruas, avenidas e espaços públicos em geral, inclusive fechados. A operação foi iniciada em 1º de abril, em Suzano, onde é feita a sanitização da cidade, do hospital e do pronto-socorro.
A empresa, segundo Régis Siqueira, diretor do Grupo Pioneira, investiu R$ 450 mil na adaptação de dois caminhões. Além disso, distribuiu pelo município pedestais acionados pelos pés, que dispensam álcool em gel para a higienização das mãos.
A Metalúrgica Tuzzi, por sua vez, mobilizou a equipe, criou um time de enfrentamento da crise, elaborou um protocolo de combate à Covid-19, divulgado internamente à empresa, e projetou e confeccionou 20 leitos para o hospital de campanha da cidade onde está instalada – São Joaquim da Barra (SP). “Houve uma adesão completa por parte de nossos colaboradores e foi impressionante ver a maneira ímpar e rápida com que tudo se desenvolveu”, destaca Alexandre Tuzzi, seu diretor industrial.
Nebulizadores elétricos a frio (NAF) para desinfecção de ambientes para três hospitais de referência no tratamento ao novo coronavírus e à prefeitura de Itú (SP), e máscaras face shields – para os colaboradores internos, clientes e parceiros da empresa – são contribuições da Guarany no combate à Covid-19 e na prevenção à contaminação pelo novo coronavírus.
Entre as mais de 50 empresas associadas à ABIMAQ, que implementaram quase uma centena de iniciativas em prol da não disseminação do novo coronavírus, estão Topema, thyssenkrupp (Autômata), Thermoval, Pioneira, Tuzzi, Guarany, Tenaris, Gilbarco, Schuler, Cummins, Gasil, Farson, JBT, SEW, VP Máquinas, Cristal e Cores, Rexfort, Chiaperini, Grundfos, Stihl, TMSA e Bulktech. Independentemente da iniciativa de cada uma, não há ordens de grandeza nem de prioridade. Quando o assunto é a preservação da vida humana, todas as ações são igualmente importantes.
O NAF possibilita a desinfecção de ambientes internos e externos de diferentes tamanhos. Atomizadores costais motorizados, conjuntos para serem montados em pick-ups e pulverizadores de compressão prévia de 1,2 litro são outros produtos que integram a linha de saúde ambiental, amplamente utilizada para prevenir a disseminação da Covid-19 em mais de 70 países do mundo.
Alida Bellandi, diretora-presidente da empresa, explica que os atomizadores desenvolvidos pela Guarany, entre outros equipamentos, “foram apresentados à OMS, na Suíça, e ao Imperial College da Universidade de Londres (Inglaterra). A partir daí, com equipamentos certificados, atendendo normas para segurança dos operadores e do meio ambiente, a empresa passou a contar com parceiros internacionais e foi convidada pela OMS para integrar Comitê que determina as diretrizes para a aplicação de produtos no combate aos vetores que causam as endemias e define especificações para essas máquinas”.
Especializada na fabricação de tubos para diversos setores da indústria, a Tenaris realizou a compra de cinco respiradores importados e quatro monitores multiparâmetros para doação à rede de saúde de Pindamonhangaba (SP). Os dois tipos de aparelhos funcionam juntos, uma vez que o respirador oferece suporte respiratório ao paciente e o monitor multiparâmetro realiza o acompanhamento dos sinais vitais da pessoa. Somou à doação à rede de saúde daquela cidade mais de 23 mil equipamentos de proteção individual (EPIs), como óculos, máscaras, aventais e luvas.
A empresa, conforme conta Luiz Henrique Marcondes, diretor de Recursos Humanos da Tenaris, também patrocinou a troca de experiências de médicos de Pindamonhangaba com profissionais da saúde da região de Lombardia, na Itália: “Nós proporcionamos aos médicos brasileiros materiais, protocolos e informações técnicas dos profissionais de lá, afinal, como eles já passaram por tudo isso que estamos passando aqui no Brasil, puderam compartilhar suas experiências e darem dicas”.
Espaço físico
Fabricante de compressores herméticos, unidades condensadoras, componentes elétricos e eletrônicos e peças fundidas, a Tecumseh do Brasil, como empresa essencialmente exportadora, disponibilizou via grupo Ventilador Abimaq – grupo de WhatsApp que reúne indústrias para troca de experiências e estabelecimento de parcerias – as suas áreas de sourcing e importações e exportações para servirem de apoio às empresas que eventualmente necessitem de tais serviços, assim como os seus estoques de componentes elétricos e demais itens passíveis de atender a demanda dos fabricantes de respiradores.
Os laboratórios Tecumseh – certificados pelo INMETRO e pertencentes à Rede Brasileira de Laboratórios de Ensaios (LBE) e certificados pelo Comitê Europeu IECEE – estão disponíveis para ensaios de ruído, consumo energético, vibração, medições de grandezas termodinâmicas, entre outros, em conformidade com os requisitos IEC – VDE, da Alemanha. A empresa também doou refrigeradores e freezers para a Santa Casa de São Carlos.
Em Barueri (SP), a Gilbarco oferece espaço em sua fábrica e se disponibiliza a produzir mesas ou racks em alumínio para dar suporte a equipamentos médicos. Especializada em tecnologia de bombas de combustíveis, a empresa utiliza perfil de alumínio para fabricar os seus produtos. Pensando em ajudar, criou invólucros ou bases que possam ser necessários na construção de respiradores artificiais.
“A Gilbarco ainda não foi solicitada a produzir nenhum tipo de material, caso faça-se necessário, está disponível”, ressalta Bruno Rosas, diretor de Marketing e Comunicação da empresa, sinalizando a possibilidade de a empresa ter capacidade para fabricar até 40 equipamentos por mês.
No que tange a doações, esta empresa do ramo de combustíveis tomou a iniciativa de cortar placas de acrílico para a proteção de atendentes, muito utilizados em caixas de supermercados e bancos, por exemplo. Cinquenta dessas peças, que ficam entre o trabalhador e o cliente para reduzir o risco de contaminação, foram doadas pela Gilbarco para a prefeitura de Barueri.
A Prensas Schuler, fornecedora de máquinas para conformação de metais, inaugurou dentro de sua própria fábrica uma Oficina Solidária de Costura para a fabricação de máscaras cirúrgicas para os hospitais da rede municipal de Diadema. A prefeitura da cidade cedeu quatro máquinas de costura e a Schuler, além do espaço físico, adquiriu todos os insumos necessários e, como lembra Paulo Tonicell, diretor-presidente da empresa, “ainda conseguimos, desse modo, oportunidade de trabalho para costureiras e seus assistentes que estavam sem fonte de renda em virtude da crise causada pela pandemia”.
Parcerias nacionais e internacionais
Unindo suas expertises na área de filtros de ar para motores e para equipamentos pesados movidos a diesel – tecnologias de filtragem com nanofibras, da Cummins Filtros, e membrana híbrida da DuPont – essas empresas firmaram parceria para contribuir com a saúde e reduzir a escassez de máscaras respiratórias N95, direcionadas a uso hospitalar. O acordo prevê ações na América do Norte, incluindo os Estados Unidos da América, onde os produtos com os elementos filtrante da Cummins ainda precisam ser aprovados pelos órgãos competentes. Já no Brasil, a Cummins Filtros busca parceiros que tenham interesse em trabalhar em conjunto para submeter os produtos aos órgãos competentes que regulam os fabricantes de máscaras para o uso do elemento filtrante nas N95 e/ou PFF2.
A Cummins Inc. também acordou com a 3M a fabricação de elementos filtrantes de partículas de alta eficiência para o uso em respiradores purificadores de ar da 3M (PAPRs) nos Estados Unidos da América. Esses equipamentos, alimentados por bateria, são essenciais à proteção de profissionais de saúde que estão na linha de frente no combate à pandemia da Covid -19.
“As parcerias são resultado da aplicação do know-how da Cummins Filtros em sistemas de filtração e a alta tecnologia empregada nos seus filtros de ar e lubrificante para testar seus elementos filtrantes no combate à Covid-19”, comenta Antonio Almeida, diretor de Vendas da Cummins Filtros para a América Latina. “Estamos em busca de fabricantes nacionais ou internacionais que tenham interesse em fazer uso da nossa mídia no Brasil, pois a aprovação das máscaras pode agilizar esse processo de importação de produtos em quantidades para produção massiva”, destaca.
As cúpulas de contenção – ou de proteção antiviral – feitas com acrílico 3 mm são fundamentais no procedimento de inserção do ventilador pulmonar, inclusive reduzindo a possibilidade de contaminação dos profissionais de saúde. Projeto solidário batizado de Campanha do Bem responde pela doação de 5 mil desses itens.
Como explica Ana Paula Paschoalino Bollmann de Freitas – diretora comercial da VP Máquinas, empresa especializada em máquinas dobradeiras de acrílico e termoplásticos –, em conjunto com fabricantes de acrílicos e transformadoras, foi feita campanha que possibilitou a doação, pela Unigel, de material suficiente para a construção dessas 5 mil cúpulas. “Reunimos várias empresas e cada uma deu a sua contribuição”, reforça, comentando que “esses equipamentos, colocados nos leitos dos hospitais, ao redor da cabeça do paciente, fazem a vedação das vias aéreas na hora da intubação dos pacientes infectados pelo novo coronavírus, reduzindo o risco de contaminação daqueles que realizam o procedimento”.
Do grupo também faz parte a Cristal e Cores – especializada em soluções personalizadas em chapas de acrílico – que respondeu pela doação de 1.400 cúpulas para hospitais de São Paulo (SP), em especial para o Hospital de Parelheiros e para a Coordenadoria de Saúde Regional Sul.
Gabi Dias, diretora da Cristal e Cores, frisa que, dessas 5 mil cúpulas de acrílico em fase de distribuição para os hospitais de referência no combate ao coronavírus de todo o País, 1.500 serão disponibilizadas para a cidade de São Paulo, “quantidade suficiente para colocar pelo menos uma em cada leito de UTI, nos 10 hospitais de referência aqui da capital”, comemora.
Protetor facial
Na pandemia, máscaras tornaram-se item de primeira necessidade, independentemente do modelo e do material. Nesse grupo inserem-se os protetores faciais chamados de face shields – ou viseiras – indispensáveis para muitos profissionais, por criarem uma barreira de proteção para todo o rosto e funcionarem como Equipamento de Proteção Individual (EPI).
A Rexfort, por exemplo, está entre as empresas que contribuíram com a fabricação desse EPI. A fabricante apoiou a atitude de uma funcionária que, por iniciativa própria, começou a produzir as viseiras em casa, com uma impressora 3D emprestada pela empresa e matéria-prima também doada pela fabricante gaúcha de máquinas e equipamentos para o segmento de rochas ornamentais.
A produção de protetor facial (face shield) para doação a profissionais de saúde foi a contribuição dada por muitas empresas, fornecendo material, impressora 3D, favorecendo a logística e adotando a ideia de colaboradores voluntários que se uniram e, por iniciativa própria, iniciaram a fabricação desse EPI.
Márcio Migliavacca, diretor da Rexfort, lembra que “não hesitamos e concedemos que ela transportasse o aparelho para a casa dela. A nossa colaboradora chegou a fabricar 80 peças, que foram enviadas para doação”.
A essas iniciativas, a empresa soma cessão de equipe técnica para realização de manutenção e instalação de ventiladores pulmonares e participação, com outras empresas, na obtenção de fundos e reativação da obra parada de um hospital de Bento Gonçalves (RS). Como resultado, em 45 dias, a unidade de saúde, com 40 leitos, estava finalizada e entregue para atendimento às vítimas da Covid-19. “Precisamos entender que, para minimizar os impactos do novo coronavírus na sociedade, o caminho é a coletividade”, diz Migliavacca.
A Chiaperini – especializada na fabricação de compressores de ar – também disponibilizou duas impressoras 3D, assim como materiais de insumos e equipe técnica para a produção de protetores faciais que estão sendo distribuídos para os hospitais, prontos-socorros, escritórios odontológicos e profissionais da saúde na região de Santa Rosa de Viterbo (SP).
Ação social
A solidariedade é a tônica da cruzada contra a pandemia causada pelo novo coronavírus. Entre os exemplos está a Bombas Grundfos, que intensificou suas ações sociais. A empresa, que tradicionalmente contribui com a instituição Anjos da Sopa, do Grande ABC (SP), percebeu o aumento da demanda e criou uma força-tarefa para obter doações via ferramentas digitais. O resultado superou os R$ 15.000,00 e permitiu estender a cooperação à entidade Largo São Francisco, com atuação na mesma região.
Esse mesmo grupo de voluntários da Grundfos Brasil criou o Conexão Grundfos, no Facebook, que conecta os funcionários e sua rede de contatos com profissionais autônomos que de alguma forma tiveram o seu trabalho e sua renda afetados pela crise causada pelo Covid-19.
A ação social chegou à formação profissional. Adaptando-se ao novo cenário de distanciamento social, a Grundfos Brasil, via Academia Grundfos, em menos de um mês, lançou mais de 20 datas de treinamentos gratuitos em português, atendendo mais de 1.500 pessoas via webinars. As datas dos próximos webinars estão disponíveis no site da empresa.
E mais, a exemplo das iniciativas desenvolvidas a partir da matriz na Dinamarca e estendida às fábricas na França e na China, com produção de 10 mil máscaras protetoras por dia, cedidas a profissionais de saúde, a unidade brasileira estuda também iniciar sua produção local, informa de Juan Jose Garcia Chiesa, diretor Geral da Grundfos Brasil.
Projetos abrangentes
A contribuição através de uma rede de voluntários foi a opção de José Wilmar Mello, da thyssenkrupp Autômata. “Tudo teve início em 21 de março” – recorda – “quando começamos a imprimir máscaras em impressoras 3D. Fizemos umas 30 e distribuímos em São José dos Campos e Taubaté (SP), via contatos com as prefeituras e secretarias de saúde”.
A partir daí, a demanda aumentou e Wilmar Mello, foi procurar parceiros, principalmente para injeção dos suportes (tiaras) e para as viseiras em PetG. Vários e novos contatos depois, obteve doação para 10 mil tiaras para face shields. Estava criada uma rede de empresários como ele, que não obrigatoriamente se conheciam ou se conhecem, mas estão munidos do mesmo objetivo. Surgiu, então, o Projeto Gama, grupo de apoio aos médicos e agentes de saúde formado por empresas e pessoas de diversas áreas de atuação, com a missão de produzir essas máscaras em larga escala e doar aos hospitais que precisam do equipamento em curto período.
Hoje, o grupo cresceu, tem site e transportadoras voluntárias cuidam da entrega das matérias-primas, do transporte das partes e da entrega das peças finalizadas. De 21 de março até 12 de maio, haviam passado pela Autômata 60 mil máscaras. A meta, confirma Wilmar, são 140 mil.
Além de integrar o projeto Gama, a thyssenkrupp também está realizando diversas ações sociais no entorno de outras fábricas no Brasil. Em Campo Limpo Paulista (SP), por exemplo, na planta que fabrica componentes automotivos, foram doadas cerca de cinco toneladas de alimentos e itens de higiene pessoal às comunidades vizinhas.
A Stihl Ferramentas Motorizadas, participante da Câmara Setorial para Grama e Floresta na ABIMAQ, produziu 250 mil testeiras de plástico para a montagem dos Equipamentos de Proteção Individual, que serão doadas para utilização pelos profissionais da área de segurança e saúde. Essa ação integra projeto solidário que uniu universidade, empresas, sociedade e Forças Armadas para doação de proteções faciais. Trata-se do projeto GRU, iniciado no Rio Grande do Sul e que ganhou escala, expandindo sua atuação para outros Estados e que é formado por um grupo de professores, alunos e servidores técnico-administrativos voluntários da Escola de Engenharia e da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e parceiros.
Além da produção dos componentes e doação de matéria-prima, o projeto do molde das testeiras foi desenvolvido internamente na fábrica da Stihl. O objetivo é finalizar a produção até junho. O destino das testeiras produzidas pela empresa é a Taurus Armas, também em São Leopoldo (RS), onde está sendo realizada a montagem dos Equipamentos de Proteção Individual, operacionalizada pelas Forças Armadas.
De fabricação e reforma de ventiladores pulmonares a máscaras de tecido, passando por protetores faciais, válvulas, cessão de espaço físico, doação de alumínio e de outras matérias-primas, empréstimo de carros, doação de leitos hospitalares e nebulizadores, contribuições em dinheiro para projetos diversos, distribuição de cestas básicas, apoio à comunidade do entorno, entre inúmeras outras iniciativas: a indústria brasileira de bens de capital mecânico marca pontos no quesito solidariedade.
O compromisso da Stihl amplia-se, também, com o envio de unidades para estruturação em São Paulo (SP), apoiando o Projeto Gama (Grupo de Apoio aos Médicos e Agentes de Saúde), que por sua vez é responsável pela distribuição naquela região. Já no Rio Grande do Sul, as entregas serão realizadas pela Defesa Civil, conforme avaliação e definição do Gabinete de Crise do Governo do Estado.
A TMSA Especializada em soluções tecnológicas para movimentação e processamento de granéis, está envolvida no movimento Brothers in Arms – Voluntários contra a Covid-19. A missão do grupo do Rio Grande do Sul é dar suporte às equipes de saúde e ao Poder Público, identificando as necessidades de equipamentos para as emergências. “A TMSA optou por fazer a contribuição de recursos para alavancar a compra e doações dos protetores face shields, participando do Projeto Gama e do Projeto GRU”, comenta Mathias Elter, diretor da TMSA e da Bulktech.
Como informa Elter, as iniciativas das empresas que coordena também envolvem apoio – inclusive em dinheiro – e troca de informações em três grupos cuja finalidade é desenvolver respiradores. Um deles é o organizado pela ABIMAQ, que direcionou os seus esforços para viabilizar a retomada e o aumento da produção dos fabricantes nacionais já cadastrados no Datamaq, além de potencializar iniciativas de outros grupos. O segundo, é da Universidade Caxias do Sul (RS), que desenvolveu um respirador com um conjunto muito bom de funcionalidades em tempo recorde e cujo piloto já está em testes no Hospital da PUC/RS. O terceiro consiste em equipe multidisciplinar de projetistas de várias localidades, autodenominado “Ventivida”, que está desenvolvendo um respirador de emergência, de baixo custo e baixa complexidade, automatizando respiradores manuais tipo Ambu, disponíveis em todas as ambulâncias do País.
Outras ações mantêm atividade
O combate à Covid-19 e o salvamento de vidas dependem ainda de vários outros itens. Ar comprimidos e gases fazem parte desse conjunto e têm sido os responsáveis pela atividade produtiva de algumas empresas, como a Gasil Gases e Equipamentos e a Fargon Engenharia e Indústria.
A Gasil – empresa pernambucana fundada em 1994 – que, afetada diretamente pela crise, vem mantendo sua atividade em função de sua presença na área hospitalar, via equipamentos geradores de oxigênio tipo PSA (Pressure Swing Adsorption).
O engenheiro, pesquisador e diretor da Gasil, Raimundo Silton – informando que a empresa também fabrica geradores de ozônio para processos de tratamento de água e tratamento de esgoto em empresas de saneamento e no tratamento dos efluentes industriais; e equipamento de clarificação do açúcar por ozônio – afirma que, embora as atividades voltadas à área hospitalar tenham sido incrementadas em mais de 50%, o impacto nos negócios da empresa é significativo, pois “o varejo está 100% parado devido à pandemia, e o setor industrial, 90%, pelos mesmos motivos”.
Neste momento, em que solidariedade é fundamental, as indústrias de máquinas e equipamentos dão sua contribuição, com ações diversas em benefício do bem-estar e da saúde da sociedade.
“A Covid-19 está sendo bastante impactante na área financeira com a redução brusca no faturamento das empresas. Provocou demissão de mais de 30% dos trabalhadores, não há como manter empregos com o faturamento abaixo do necessário”, constata Silton, que destaca como importante “a reflexão sobre o que essa pandemia trouxe para todos nós, sem exceção, e principalmente com relação aos descuidos com o meio ambiente, à imprescindibilidade das obras de saneamento básico e à atenção à legislação existente, que nem sempre é respeitada”.
A Fargon também integra esse grupo, com solução presente em seu portfólio desde 2005: a estação ar comprimido medicinal, também chamada de módulo de ar medicinal. O equipamento compacto e de operação totalmente automática é fabricado com componentes que garantem longa vida útil e confiabilidade durante a operação.
Como descreve Marco Aurelio Porcarella – socio e diretor na Fargon – a estação ar comprimido medicinal é fabricada sob encomenda e tem como base o secador de ar comprimido por adsorção da Linha Medicinal, assistido por um sistema de filtração em três níveis, particulados, coalescente e carvão ativo. O material secante remove a umidade, além de outras parcelas de gases residuais, de acordo com normas vigentes.
E mais: o produto da Fargon conta, ainda, com compressores das melhores marcas do mercado e reservatório de ar comprimido. O chassis, desenvolvido exclusivamente para este produto na forma de gabinete, proporciona fácil movimentação, instalação e manutenção, além de isolamento acústico, mantendo durante a operação níveis de ruído extremamente baixos e sem vibração.
Porcarella destaca que o equipamento atende normas Anvisa RDC 50, NBR 12188 e NBR 12543 e, por isso, é destinado a produzir ar comprimido para abastecimento dos respiradores em hospital, pronto-socorro, UPA e demais estabelecimentos que desenvolvam atividades em centro cirúrgico, anestesia, gasoterapia, UTI etc.
Ampliação
Há várias formas de dar sua contribuição. E na visão da JBT, finalizar a ampliação das instalações fabris e administrativas, inauguradas em maio de 2020, e investir em tecnologia, foi o caminho encontrado para demonstrar “o compromisso com o Brasil”, frisa J. Miguel Ruiz, presidente da JBT FoodTech Hemisfério Sul, empresa especializada em tecnologias e soluções completas para a indústria alimentícia e aeroportos.
Mercadologicamente, em meio à crise decorrente da pandemia, a empresa está impactada de duas formas, como explica Ruiz: “A atual situação cambial favorece as indústrias que exportam e, com isto, as exportações de alimentos tendem a aumentar e se tornar mais lucrativas, o que pode sustentar a demanda de nossos clientes por novas tecnologias, sendo que alguns inclusive mantêm firmes os planos de investimento durante e após a pandemia. Além disso, nossa unidade fabril se torna mais competitiva, e a demanda por produtos feitos no Brasil para fora da América Latina, principalmente Europa e Ásia, tem aumentado naturalmente”.
Os recursos direcionados à ampliação da unidade brasileira decorrem de trabalho realizado ao longo dos últimos anos com vistas ao aumento do portfólio e à transferência de tecnologia. “Nossa unidade fabril é a única – em mais de 30 da JBT no mundo – que está recebendo investimentos em ampliação, um reconhecimento de nossa competitividade e do bom trabalho realizado pela equipe no Brasil nos últimos anos”, destaca Ruiz, informando que a JBT investiu, ainda, em uma tecnologia de realidade aumentada que permite melhorar o suporte remoto a clientes durante a pandemia, por exemplo em instalações, arranques de linhas, manutenções em geral.
Público interno
Em tempos de pandemia, cuidar dos colaboradores também é fundamental para que seja preservado o capital humano. Para isso, no entanto, a ação da empresa é fundamental, mas insuficiente, ressalta Alexandre Reis, diretor geral da SEW-Eurodrive Brasil, frisando a imprescindibilidade do comprometimento de todos que atuam na empresa.
“Tivemos de passar de um estado inicial de negação do problema causado pelo vírus para um estado de enfrentamento com planejamento. Para isso, contamos com a atuação intensiva de um comitê formado por membros da Direção, do RH e dos próprios funcionários, que criou um protocolo de segurança, pautado em orientações das autoridades de Saúde para o enfrentamento da Covid-19”, comenta Reis, ressaltando que “a saúde e o bem-estar das pessoas estão em primeiro lugar e, justamente por isso, temos tomado todas as medidas para proteger nossos colaboradores”.
Entre os procedimentos implementados no ambiente de trabalho estão campanhas periódicas de orientação e conscientização, atenção especial com a higienização de todas as áreas de trabalho, adoção de procedimentos de distanciamento entre os funcionários, utilização de máscaras, antissépticos, luvas e álcool em gel. A SEW também antecipou a campanha de vacinação contra a gripe para colaboradores e familiares, tendo imunizado 1.491 pessoas.
A criação de comitês internos para definição de procedimentos de segurança capazes de reduzir as possibilidades de contaminação, a prática do home office, a inclusão de novos EPIs, como máscaras e luvas para todos os colaboradores, a disponibilização de álcool em gel em profusão, a vacinação dos colaboradores e seus familiares, comprovam a preocupação das indústrias de máquinas e equipamentos com seu público interno.
“No Complexo Industrial de Indaiatuba também promovemos o fechamento de determinados espaços de convivência, mudamos o layout e o horário de funcionamento de algumas áreas, como do restaurante, com o objetivo de garantir que as pessoas possam manter distância segura umas das outras. Paralelamente, colaboradores que se enquadram nos grupos de risco foram afastados e adotamos o sistema de home office para algumas atividades”, resume o diretor geral da SEW ao descrever as ações que a empresa vem desenvolvendo junto a seu público interno. E mais: “Também houve mudança significativa na forma de fazer negócios. As reuniões comerciais estão acontecendo prioritariamente online”, constata.
Além disso, a SEW está contribuindo com a comunidade neste momento crítico. No balanço estão 15 mil máscaras cirúrgicas entregues à Prefeitura de Indaiatuba, para os hospitais do Sistema Público de Saúde da cidade; e a arrecadação entre os funcionários de 1.070 cestas básicas enviadas às instituições das cidades onde há instalações da empresa.