Descarbonização das fontes de energia já é realidade

Muitas são as iniciativas das fabricantes de equipamentos e componentes para o setor de bens de capital mecânico – e das fornecedoras de insumos como combustível e energia elétrica – na redução das emissões de carbono. E as iniciativas não são recentes.

A Cummins, por exemplo – empresa com presença em mais de 190 países, que projeta, fabrica, distribui e presta serviço técnico para geradores de energia e motores a diesel, gás e combustíveis alternativos – ao completar 50 anos de atuação no Brasil, em novembro de 2021, se prepara para o futuro e anuncia a chegada da Unidade de Negócios New Power à região, confirmando que descarbonização é palavra de ordem para as próximas cinco décadas.

“Essa é uma das contribuições da Cummins para impulsionar um Brasil mais próspero e sustentável e, além disso, temos atualmente diversas iniciativas sustentáveis em âmbito local”, comenta Heber Jordão, gerente-executivo de Vendas da Distribuidora Cummins Brasil, citando os motores eletrônicos emissionados, que reduzem em até 69% as emissões na atmosfera durante a geração de energia.

A empresa participa ainda de diversos projetos de cogeração de energia com grandes indústrias brasileiras. Há, também, os geradores com motores a gás natural que, “além de gerarem eletricidade, por meio do calor expelido em seu funcionamento, podem resfriar ou esquentar sistemas usados na indústria ou mesmo produzir gases filtrados, usados na fabricação de produtos”, explica Jordão.

Na visão da Cummins “a descarbonização será gradual e o diesel ainda vai predominar ao longo desta década – com tecnologia para ser cada vez mais limpo“, relata o gerente-executivo de Vendas da Distribuidora Cummins Brasil. De olho no futuro a empresa realizou investimentos de R$ 170 milhões e está pronta para atender às normas do Proconve P8 (Euro VI), que estabelece redução de cerca de 77% de NOx (número de oxidação) e de aproximadamente 66% de material particulado em relação ao Proconve P7 (Euro V).

O pacote Cummins contempla soluções completas e integradas, como a nova plataforma de motores Euro VI (2.8, 3.8, 4.5, 6.7, 9, 12 e 15 litros), além das opções a gás (9, 12 e 15 litros), filtros, turbos e os novos sistemas de pós-tratamento, mais leves e eficientes.

Substituição de produtos de baixa eficiência

Fornecedora de soluções em bombeamento, dosagem e trituração, a Netzsch do Brasil concentra a produção em bombas de cavidades progressivas, de fusos e de lóbulos, além dos trituradores para as indústrias alimentícia e farmacêutica, meio ambiente e energia, papel e celulose, além de petróleo, gás e mineração.

A substituição de bombas com baixa eficiência que estão instaladas nas mais diversas usinas eólicas e hidroelétricas é meta da Netzcsh – frisa Welington Serra Ferreira – gerente global da linha de produtos bombas de fusos da empresa. Para isso, “atuamos em conjunto com grandes fabricantes de turbinas na modernização e melhora dos sistemas hidráulicos”.

Ferreira ressalta, também, o papel da empresa como fabricante de bombas de fusos para sistemas de lubrificação de aerogeradores e redutores planetários, para os segmentos eólico e de usinas hidroelétricas. E complementa: “Fabricamos bombas de fusos desde 1979, que atendem as mais rigorosas normas técnicas (API 676, por exemplo), e atuamos no setor de energia com ampla linha de bombas de fusos, fornecendo sistemas de lubrificação de compressores, turbogeradores, lubrificação de mancais de turbinas, sistemas de regulação etc.”

Apoio à transição energética dos clientes

Cinquetenária, atendendo mensalmente mais de 30 milhões de consumidores nos seus mais de 8.000 postos localizados nas melhores esquinas e rodovias do País e possuindo mais de 18.000 clientes corporativos entre indústrias, transportadoras, companhias aéreas, empresas do agronegócio e mineradoras, como relata Marcelo Bragança – diretor-executivo de Operações Logística e Sourcing – a Vibra intenciona cooperar com o mercado e liderar a transição para uma economia de baixo carbono, da mesma forma em que nos transformamos na maior distribuidora de combustíveis do Brasil. Estaremos sempre a postos para levar a molécula de combustível ou o elétron até onde o cliente precisar, de forma segura, confiável e eficiente”.

Nesse sentido, “o papel da Vibra é apoiar os clientes nessa jornada para que consigam capturar todas as oportunidades em seus respectivos setores de atuação”, afirma Bragança, cuja percepção mostra que, “os setores que possuem atividades mais voltadas para o mercado externo (agronegócio, papel e celulose, mineração) são os que estão buscando acelerar essa transição devido às exigências cada vez maiores dos seus clientes no mercado externo, mesmo com toda a sociedade, e não é diferente com as empresas, estando mais atenta e focada em ampliar o uso de fontes energéticas mais limpas”.

E o movimento já começou: “Comercializamos energia gerada a partir de fontes renováveis, especialmente energia solar e eólica por meio da Vibra Comercializadora de Energia (antiga Targus Energia), comercializamos biocombustíveis, especialmente etanol, e começamos a robustecer este portfólio através de diversas parcerias desenvolvidas neste ano. Vamos ter atuação de liderança em energia elétrica de fontes renováveis, biometano, etanol, diesel verde (HVO) e, futuramente, hidrogênio verde”, promete o diretor-executivo de Operações Logística e Sourcing da Vibra.

Entre as ações, o executivo destaca parceria com a Coopersucar na criação de uma comercializadora de etanol – que aguarda aprovação do CADE e da Agência Nacional do Petróleo (ANP) – e que já no seu primeiro ano-safra de operação, previsto para a safra 2022/23, prevê comercializar 9 bilhões de litros de etanol. Em energia elétrica, até 2025, a Vibra trabalha para estar entre as cinco maiores comercializadoras de energia elétrica do País.

Nesse sentido, Bragança garante que “o primeiro movimento foi dado com a compra da Targus. Mais recentemente, adquirimos 50% da Comerc. Com isso passamos a oferecer ao mercado soluções de ponta a ponta em toda a cadeia de valor da energia, em uma plataforma integrada, acelerando de forma relevante nosso plano estratégico”.

FGEnergia: estímulo ao investimento de MPME em eficiência energética inclui campanha de substituição de máquinas e equipamentos

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no primeiro trimestre de 2022, inicia a operacionalização do Programa de Garantia a Crédito para Eficiência Energética – FGEnergia. O principal objetivo é prestar garantias à concessão de crédito indireto a projetos de eficiência energética para as micro, pequenas e médias empresas (MPME), apoiando investimentos voltados à redução do desperdício de energia elétrica e à emissão de gases do efeito estufa.
“Desde 2020, o Banco vem desenvolvendo iniciativas de fundos para nichos, como foi o FGI-PEAC – Programa Emergencial de Acesso a Crédito (PEAC), que garantiu o acesso de mais de 115 mil MPME a R$ 92 bilhões em créditos”, afirma Petrônio Cançado – diretor de Crédito à Infraestrutura do BNDES até janeiro de 2022–, reforçando que o novo fundo “é diretamente atrelado à eficiência energética para reduzir o consumo de energia, com impacto econômico, social e ambiental, contribuindo para a inclusão financeira, a criação de empregos e a elevação da segurança energética”.
O FGEnergia será disponibilizado via agentes do BNDES, ao qual cabe a estruturação e a gestão do Programa de Garantias oferecidas para linhas de repasse do BNDES ou linhas próprias dos agentes financeiros parceiros. As garantias cobrirão 80% do valor do financiamento, que pode variar de R$ 50 mil a R$ 3 milhões por empresa, com prazos de cobertura entre 12 e 84 meses e tolerância a risco de 15%, enquanto no Fundo Garantidor para Investimentos (FGI) é de 7%.
A primeira captação será realizada com o Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica), via Eletrobras, no valor de R$ 40 milhões. Com estes recursos, o Banco prevê que pode garantir empréstimos de até R$ 330 milhões, uma vez que “cada real em garantia impulsiona até oito vezes o valor emprestado”, frisa o diretor de Crédito à Infraestrutura do BNDES.

Máquinas e equipamentos
Uma campanha de substituição de máquinas e equipamentos por outros mais eficientes é parte deste programa, lançado em 9 de novembro, durante a COP-26, informa Rodrigo Bacelar, gerente da área de Energias Renováveis e Eficiência Energética no BNDES e um dos idealizadores do FGEnergia. Desse modo, destaca ele, “tem um investimento associado para a indústria de máquinas e estimula o setor de manutenção, projetos, engenharia e indústria”.
Como a ideia também é conscientizar sobre a importância do consumo eficiente, “cada pretendente responderá um questionário, informando o retorno esperado e quanto o projeto irá proporcionar de eficiência e de redução de desperdício”, comenta Bacelar, frisando que, “mais à frente, deveremos colocar metas para redução, a exemplo da Europa, onde chegam a exigir 20%”.
Em breve, para ajudar os pequenos e médios empresários, o Banco disponibilizará uma página em seu site no qual será possível inserir os dados do projeto para saber se este está aderente ao FGEnergia. Também serão informadas as instituições financeiras que participarão do programa.