A ABIMAQ e seus fóruns combatem ativamente qualquer movimento de desindustrialização, com ações em âmbito Executivo e Legislativo, na busca da reconstrução de um parque tecnológico forte como algo essencial para o desenvolvimento do Brasil, gerando valor, empregos e inovação.
O Brasil como um todo já sofre há décadas com a desindustrialização. Essa constatação abrange praticamente todo o setor industrial, “com poucos nichos não sendo afetados por isso”, reconhece Oliveira.
Entre as indústrias que não foram afetadas por esse processo, está a Apema. James Angelini – diretor Comercial dessa empresa – garante que o volume de vendas tem crescido nos últimos anos: “A desindustrialização não tem sido sentida no nosso dia a dia com os empreendimentos existentes, mas essa visão é pontual do nosso negócio, muito difícil dizer se o mercado como um todo vem se desindustrializando.”
Nesse mesmo grupo, situa-se a Máquinas Furlan. Os motivos, como lembrados por Valter Zutin Furlan, CEO da empresa, relacionam-se ao fato de a empresa, “como fabricante de soluções completas para mineração, investir em novas tecnologias no parque fabril para que a infraestrutura da empresa esteja em constante melhoria, além de alocar recursos para o desenvolvimento dos colaboradores.”
Nesse cenário, concordam esses entrevistados, qualquer investimento no setor produtivo anda lado a lado com o fortalecimento da indústria local, pois são interdependentes e um influencia e depende do outro.
Especificamente sobre a expansão da mineração brasileira e os investimentos previstos pelas mineradoras, o presidente da CSCM reconhece que, “certamente, contribuem para evitar a desindustrialização do Brasil”, e ressalta que “essa simbiose pode ser ainda melhor se o Brasil conseguir verticalizar mais a sua produção mineral, aumentando o grau de beneficiamento dos seus minérios, ou seja agregando mais valor, principalmente antes da exportação. Isto traria muitos benefícios a toda sociedade e economia brasileiras.”
Por sua vez, Gusson reconhece que os investimentos das mineradoras em tecnologias nacionais “impulsionam a indústria de máquinas e equipamentos, criando um círculo virtuoso de crescimento e desenvolvimento. A dependência de tecnologias estrangeiras fragiliza a economia e impede o Brasil de alcançar seu pleno potencial.”
Warley A. Grotta Júnior, diretor da BGL, vê as grandes mineradoras como “responsáveis por manter ou desabastecer a indústria nacional de equipamentos que as atende, inclusive porque a tecnologia brasileira para equipamentos de mineração é uma das mais avançadas do mundo, mesmo porque os maiores players globais possuem filiais no Brasil, produzindo neste país.”
Quando uma empresa adquire equipamentos com base no atributo preço, usualmente importando-os de países asiáticos, opta pela baixa padronização, colocando a capacitação da indústria brasileira em segundo plano. Grotta defende a importância de as mineradoras darem oportunidades “para os fabricantes nacionais de fornecerem os equipamentos que as mineradoras demandam”, com a certeza de que “a indústria nacional consegue atender a demanda e as reformas de modo muito mais vantajoso do que os importados”.
As grandes mineradoras – reforça o diretor da BGL – “precisam centralizar suas compras no Brasil para reindustrializar o País. Um grande projeto de mineração movimenta muito a indústria e gera muitos empregos no Brasil, inclusive porque ao redor de um grande fabricante nacional de equipamentos para mineração estão muitas indústrias de componentes, de partes e de máquinas”.