Em épocas de exposições, instituições financeiras também vão às feiras

Cada dia mais as instituições financeiras seguem o lema – parafraseando o poeta – de estar onde o cliente está ou, talvez, onde estão as oportunidades de negócios. Isso vale para meios físicos e digitais, incluindo nos físicos as feiras e exposições de caráter técnico-comercial.

Mais do que estar presentes em espaços institucionais, essas organizações, sejam públicas ou privadas, levam sua força de vendas, seus portfólios de produtos e volume substancial de crédito pré-aprovado para os clientes-compradores, além de assessorar os expositores, intermediando financiamento de máquinas e equipamentos.

Desse modo, esses eventos se tornaram uma vitrine inclusive para bancos, cooperativas de crédito, seguradoras e fintechs. Os vinculados ao agronegócio se destacam, afinal o setor responde entre 25% e 35% do PIB nacional – dependendo da variação na safra e nos preços das commodities e dos insumos – e por 50% das exportações brasileiras. Em 2023, computou vendas internacionais de USD$ 150,1 bilhões, volume que situa este país em terceiro lugar no ranking de exportadores mundial de produtos agropecuários, tendo à sua frente apenas União Europeia e Estados Unidos.

O financiamento agrícola é liderado por bancos estatais, como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, além do BNDES (veja entrevista nas páginas azuis), que apoia e fomenta o setor agropecuário com programas e linhas especiais usualmente repassadas por instituições financeiras parceiras.

O produtor rural, especificamente, conta com colaboração expressiva das instituições de crédito cooperativo, em sua maioria criadas por agropecuaristas para financiar a atividade. Essas instituições trabalham com repasse de programas do Plano Safra e do BNDES, além de desenvolverem linhas especiais com recursos próprios, o que também acontece com os bancos privados.

Relacionadas ao Plano Safra, há oferta de recursos para a agricultura familiar, por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), aos médios produtores, por meio do Programa Nacional de Apoio aos Médios Produtores (Pronamp), aos agricultores empresariais, empresas e cooperativas via as demais linhas de investimento, tais como Moderfrota, Moderagro, Proirriga, PCA (Programa para Construção e Ampliação de Armazéns), entre outras.

Volumes expressivos

O ano do agropecuarista e de toda a cadeira do agronegócio é peculiar, pois se inicia em 1° de julho, quando também é anunciado pelo governo o Plano Safra, e se encerra em 30 de junho.

Na atual safra, 2023-2024, o Banco do Brasil “desembolsou R$ 165 bilhões, volume 9% superior ao observado no mesmo período da safra anterior”, afirma Luiz Gustavo Braz Lage, vice-presidente de Agronegócios e Agricultura Familiar do Banco do Brasil, reconhecendo que esses “desembolsos fomentam e impulsionam a economia de mais de 5,3 mil municípios, nos quais financiamos mais de 200 atividades agropecuárias”.

Exemplificando, o vice-presidente BB cita que nas edições de 2023 de Agrishow e Femec (evento realizado em Minas Gerais), foram geradas “R$ 3,4 bilhões em propostas. Para 2024, estima-se a prospecção de R$ 4 bilhões em negócios, refletindo o impacto positivo desses eventos”.

Receita do sucesso – Parte dos resultados observados relaciona-se diretamente à postura adotada pela instituição. “A atuação do Banco do Brasil se dá por meio de um atendimento e relacionamento especializado, com a maior capilaridade e capacidade de distribuir os recursos no mercado de forma pulverizada. Atuamos de forma completa no apoio creditício para todos os públicos da cadeia de valor do agronegócio e agricultura familiar”, detalha Lage, complementado: “Com isso, contribuímos para a geração de emprego e renda, segurança alimentar e nutricional da população, qualidade de vida das pessoas, desenvolvimento das empresas e dos cidadãos”.

Mais do que ampliar a atuação da instituição – garante Lage –, “as feiras agropecuárias impulsionam as economias locais, promovendo um ambiente negocial propício para ampliar e fortalecer o relacionamento com nossos clientes, revendas e outros parceiros do banco. Além do aspecto negocial, as feiras agropecuárias reforçam o posicionamento do Banco do Brasil como maior parceiro do agronegócio e agricultura familiar do País, pois atuamos além do crédito, levando conhecimento, proximidade e fomento à sustentabilidade no campo”.

Objetivando manter e reforçar o protagonismo e o compromisso do Banco do Brasil com o agronegócio e agricultura familiar no País, a instituição expande sua atuação ao promover eventos como o Circuito de Treinamento Agro, capacitando os agricultores familiares, e Mulheres no Topo, no qual as principais lideranças femininas no campo compartilham experiências e conhecimentos demonstrando a força das mulheres no campo.

Além disso, o BB apoia os Pavilhões da Agricultura e da Agroindústria Familiar em cada feira. “Trata-se de espaços para pequenos produtores rurais das regiões produtoras explorarem e comercializarem seus produtos. Ao final desses eventos, o Banco faz a doação das barracas para produtores rurais, que poderão utilizar a estrutura em feiras livres e comércio de rua”, enfatiza Lage.

Já a participação da Caixa na Agrishow e em eventos similares tem objetivos muito semelhantes aos do BB, listando entre os principais o reposicionamento do banco no mercado, oferecendo novas oportunidades de negócios adequadas ao público-alvo, manutenção do marketshare e a prospecção e alavancagem de novos negócios. Em resumo, “a participação em feiras de agronegócios é uma estratégia importante para fortalecer a presença da Caixa no mercado agropecuário, ampliar sua base de clientes e contribuir para o desenvolvimento econômico do País”, constata a instituição via sua Assessoria de Imprensa.

Mesmo não tendo participado da edição 2023, “para as feiras de mesmo porte, foram geradas, em 2023, contratações nas linhas de crédito do agronegócio em valor superior a R$ 360 milhões”, resume a Caixa via sua Assessoria de Imprensa, Essa instituição, nesses eventos, oferta linhas de investimento fixo e semifixos em bens e serviços relacionados com recursos controlados e não controlados, como recursos equalizáveis, recursos obrigatórios, de LCA (Letra de Crédito do Agronegócio), poupança e recursos livres de tesouraria.

Cooperativismo de crédito: do agro para o agro

“As Cooperativas são parceiras do produtor rural, desta forma, a nossa participação nesses eventos permite maior aproximação com os nossos associados, oferecendo soluções financeiras mais justas. As feiras agropecuárias trazem um grande volume de negócios para todo setor, e nós, intermediamos as negociações”, resume Rodrigo Moraes, diretor-executivo do Sicoob São Paulo, central cooperativa sediada em Ribeirão Preto (SP).

Quando quantificado, o volume com que essas instituições lidam é significativo. Com 14 cooperativas singulares, mais de 470 mil cooperados, ao redor de 400 pontos de atendimento, distribuídos por 245 municípios dos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná, na Agrishow de 2023, o Sicoob São Paulo obteve o recorde de R$ 2 bilhões em negócios.

A expectativa deste ano, é a de superar a edição passada. “Para isso, serão oferecidas condições justas e mais atrativas para quem desejar realizar negócios na Feira. O estande está reformulado, teve a área construída ampliada de 400 m2, para 600 m2 e toda a estrutura foi reformada para oferecer mais conforto e mobilidade no atendimento dos cooperados e produtores rurais, o que favorece a realização de negócios na Agrishow”, relata Moraes.

As ferramentas para ultrapassar o marco dos R$ 2 bilhões envolvem recursos próprios, do Banco Sicoob, e do BNDES, e portifólio completo de produtos e serviços financeiros, com linhas de custeio, investimento, comercialização, industrialização, CPR-F (Cédula de Produto Rural Financeira), e Moderfrota. Os produtos financeiros usualmente comercializados na feira são as categorias de financiamentos e consórcios, em equipamentos agrícolas, máquinas, implementos, insumos e energia fotovoltaica, além de seguro rural e agrícola.

Credicitrus

O sistema de crédito cooperativo Sicoob também se faz presente com a Credicitrus, uma singular que conta com estande próprio para atender seus associados, fechou 2023 com R$ 14 bilhões em ativos financeiros e mais de 169 mil associados. A Cooperativa completou 40 anos de atuação no mercado financeiro em
Originada da Coopercitrus, esta cooperativa de crédito completou 40 anos em setembro de 2023 e comparece à Agrishow para fortalecer “a nossa marca como a maior cooperativa de crédito do Brasil, oferecendo aos nossos cooperados um portfólio completo de produtos e serviços que vão de financiamentos a seguros agrícolas. Assim, estamos com os nossos associados do preparo da terra a colheita. É como ressaltamos: a Credicitrus tem o seu propósito de somar forças para gerar prosperidade, transformar vidas e desenvolver a comunidade sempre com os pés no chão e raízes no agro”, declara Fábio Fernandes, diretor de Negócios da Credicitrus.

Reconhecendo que “os negócios dentro da Agrishow são sempre muito bons”, Fernandes garante que para a instituição, “a Feira não termina no último dia, pois dentro da Cooperativa ainda trabalhamos as condições e negociações dentro do mês”. E, após o fechamento da 29ª edição da Agrishow não deverá faltar trabalho, afinal a Credicitrus está levando R$ 700 milhões em crédito pré-aprovado oriundo de recursos próprios.

O diretor de Negócios da Credicitrus reforça que a cooperativa “sempre leva as melhores condições e oportunidades para os seus associados, assim, os cooperados podem contar com as linhas já existentes de financiamentos pré-aprovadas em suas contas, além de outras linhas de recurso como o Plano Safra, custeios agrícolas e pecuários e o convênio de intercooperação com a Coopercitrus, que podem ajudar aos associados em todos os manuseios do preparo da terra a colheita”. Financiamento de veículos, energia fotovoltaica, consórcios e CPR, são linhas que também estarão disponíveis para os cooperados na Agrishow.

Sicredi

Mesmo sem ter o valor em crédito pré-aprovado definido para os cooperados durante a Agrishow até o fechamento desta edição da Máquinas & Equipamentos, e afirmando que “na edição de 2023 da Agrishow, o Sicredi registrou uma alta de 30% no volume de negócios realizados em comparação com a edição de 2022”, Mariana Zaniol – gerente de Crédito Direcionado do Sicredi – confirma: “Trabalhamos sempre para disponibilizar o máximo de opções com as melhores condições aos associados, seja de recursos próprios ou de mercado. Temos recursos oriundos da captação de Poupança, das exigibilidades bancárias (Recursos Obrigatórios) e recursos próprios das cooperativas. Trabalhamos fortemente também com recursos direcionados, em especial os do BNDES. Em 2023, inclusive, fomos a principal repassadora de recursos do BNDES para o setor do Agronegócio, com R$ 5,7 bilhões concedidos”.

Posicionando-se no âmbito do Sicredi nacional, Mariana Zaniol frisa a busca permanente “por oferecer condições justas para os produtores e o interesse genuíno no fomento do agronegócio há mais de um século. Nesse sentido, nossa rede de atendimento, que tem forte presença em regiões agrícolas, incluindo aí muitas pequenas cidades, é mais um fator nessa equação. Em mais de 200 cidades do Brasil somos a única instituição financeira fisicamente presente, disponível para dar o suporte que os produtores necessitam”.

Os números relativos à participação do agro nos negócios do sistema Sicredi comprovam as palavras de Zaniol: “Em 2023, realizamos R$ 12 bilhões em financiamentos com finalidade de investimento, grande parte destinada ao financiamento isolado de máquinas e equipamentos agrícolas ou para projetos completos que contam também com equipamentos, contribuindo diretamente com o aprimoramento da atividade produtiva do agropecuarista”.

Detalhando os negócios realizados, a gerente do Sicredi assegura que “somente por meio dos recursos via BNDES, concedemos no ano passado R$ 2,3 bilhões para financiamento de máquinas e equipamentos isolados para o Agro. As linhas do Plano Safra que se destacam neste quesito são Moderfrota e Pronaf Tratores e Colheitadeiras. Junto a isso operamos com linhas de Crédito Rural que possuem recurso durante o ano inteiro, com opções de taxa pré-fixada e taxa atrelada ao dólar. Para o setor industrial, estamos identificando um apetite crescente nas linhas de BNDES, que além de financiarem 100% do valor dos equipamentos, são recursos com disponibilidade durante todo o ano. Destaque para a linha Finame BK Aquisição, que em 2023 nos permitiu financiar R$ 127 milhões em máquinas e equipamentos”.

Conexão e troca de informação

A possibilidade de maior conexão com os produtores rurais, a grande oportunidade para ouvir as demandas do setor e oferecer as melhores soluções conforme as necessidades de cada um são sinalizados pela executiva como benefícios da presença em feiras como a Agrishow. Entendendo a feira como um espaço de mão dupla, no qual a instituição, por meio de representantes das centrais e cooperativas, aproxima-se do público e encontra oportunidade de demonstrar os diferenciais para as pessoas que ainda desconhecem o cooperativismo de crédito, é também espaço para a equipe presente se conectar com os representantes e as novidades de toda a cadeia do agro.

“Quando falamos especificamente do agronegócio, contamos com mais de 700 mil associados, sendo que 84,6% são da agricultura familiar, 11% produtores de porte médio e 4,5% produtores de grande porte. Como segunda maior instituição financeira do Brasil em carteira agro e instituição financeira que oferta diversas soluções para os associados agro – como consórcios, seguros, investimentos – essa proximidade com o setor é fundamental”, resume a gerente de Crédito Direcionado do Sicredi.