A reorganização do setor onshore e em águas rasas também responde pela geração de emprego. “São poços em locais de difícil acesso, que exigem uma infraestrutura para sua operação. Apesar do desafio e de necessitar de menos profissionais do que os campos offshore, essas instalações geram valor na região em que estão inseridos”, comenta o presidente da CSENO.
Outro ponto importante a ser considerado no contexto do emprego: a necessidade de profissionais para atender a operação das 12 novas plantas encomendadas pela Petrobras e que serão entregues ao longo dos próximos cinco anos.
São Unidades Flutuantes de Armazenamento e Transferência, conhecidas como FPSO (sigla em inglês para Floating Production Storage and Offloading), que é uma grande unidade de produção de petróleo que é parcialmente feito no Exterior e é completada no Brasil. Para operar cada uma dessas plantas é necessária tripulação média de 180 pessoas especializadas em regime 24×7, o que representa cerca de 550 profissionais.
Essa realidade soma-se à previsão de geração de 500 mil empregos em dez anos como resultado de investimentos no setor da ordem de “US$ 183 bilhões, que podem ser extrapolados a US$ 300 milhões, desde que seja mantida a estrutura de leilões, oferecendo áreas para as empresas praticarem preços competitivos, alinhados aos preços internacionais, como todas as economias maduras do mundo”, como informado por Roberto Ardenghy, presidente Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), na sessão Opinião, nesta edição.
Frente às dificuldades que vêm sendo enfrentadas por alguns segmentos com relação à formação de mão de obra especializada, o questionamento é natural: há profissionais para atender essa demanda?
Ardenghy garante que ainda não e enxerga desafios nessa área quando olhamos para o futuro: “O primeiro é atrair o jovem, mostrar a ele que essa é uma indústria que tem ainda longevidade muito grande, pois o mundo descarbonizado é um mundo que vai oferecer um petróleo mais competitivo e com menos emissões de carbono. Além disso, a substituição desse energético pelos combustíveis renováveis é paulatina. É necessário mostrar para os jovens que a indústria não é velha e que ela precisa dessa garotada para fazer com que fique mais descarbonizada”.
As soluções – constata o presidente do IBP – estão sendo pensadas pelo setor, mas é necessário “fazer um esforço muito grande se não quisermos começar a importar mão de obra da China, da Índia. Temos aqui, por exemplo, a universidade UnIBP, que está muito focada nessa questão e está oferecendo uma quantidade muito grande de cursos. Nos últimos meses, mais do que dobramos o número de cursos técnicos para treinar e atualizar os profissionais, porque não é só treinar, é preciso também atualizar a mão de obra existente nas novas técnicas, especialmente na área de descarbonização e de novas tecnologias”.