A pandemia que marcou o ano de 2020, resultante do novo coronavírus, desacelerou a economia em todo o mundo, e o Brasil não foi exceção. A retração em quase todos os setores foi inevitável e a produção industrial registrou queda histórica no primeiro semestre de 2020. No entanto, para o diretor de marketing da Ingersoll Rand, Alexandre Jordão, a tendência para o primeiro trimestre de 2021 é de recuperação. Em entrevista, o executivo conta o que espera para o início de 2021 e fala sobre o aprendizado proporcionado por uma crise de dimensões que ainda não são totalmente conhecidas.
Quais as suas impressões a respeito da reação da indústria diante da pandemia e qual cenário vislumbra para o começo do ano que vem?
Tivermos que nos adaptar e prestar atenção em como a indústria reagiria a esse processo. Imaginávamos que a queda neste período poderia ser até pior. Alguns setores da indústria continuaram investindo neste ano, como o de alimentos, farmacêutico e de bens de consumo. A tendência é de recuperação no início do ano que vem, de acordo com o que temos observado em nossos clientes. Tivemos um ano positivo em 2020 apesar dos desafios apresentados e esperamos que o início de 2021 continue nesta tendência de recuperação e crescimento da indústria.
Acredita que ainda haverá algum resquício dos efeitos da pandemia na indústria no 1° trimestre de 2021?
A indústria se adaptou aos novos moldes. Os ajustes que tinham de ser feitos já aconteceram, como a mudança do trabalho para o home office nas áreas administrativas e a implementação de protocolos de segurança e saúde. Mas a retomada plena, virá apenas com a vacina. De maneira geral, a tendência é que a indústria registre crescimento no início do próximo ano.
Quais setores mais sofreram e quais foram menos impactados pelos efeitos da pandemia do novo coronavírus?
O setor automotivo e as indústrias de de bens de consumo duráveis tiveram um tombo maior e precisam retomar a capacidade produtiva. A partir daí, a recuperação deve acontecer em passos mais lentos. A Indústria de celulose e papel e alimentícia, por exemplo, se mantiveram fortes, mas foram exceções.
Há perspectiva de demanda específica para os produtos e serviços da Ingersoll Rand?
Enxergamos uma demanda muito interessante para os nossos produtos isentos de óleo (oil free), que são aqueles que atendem à indústria farmacêutica e alimentícia. A linha centrífuga também, pois entrega alta eficiência energética, o que pode proporcionar aumento na margem de lucro. Apesar do investimento inicial ser maior, o retorno é muito positivo em longo prazo. Os serviços de manutenção também serão muito demandados, pois tivemos muitas paralisações produtivas na pandemia. Para retomar a produção, as empresas precisarão que os equipamentos estejam em condições ideais de funcionamento.
Quais boas práticas vieram para ficar e quais foram os aprendizados?
A forma de trabalho está em mudança. O conceito de home office foi modificado e o receio de que ele provocaria perda de produtividade não existe mais. Os profissionais se mostraram capazes de manter a produtividade mesmo à distância. Na fábrica da Ingersoll Rand, por exemplo, criamos um sistema de máscaras coloridas, para alertar o colaborador na hora de trocar a máscara. Eles também têm que responder diariamente um questionário sobre o estado de saúde. Com essas iniciativas, mitigamos a transmissão do vírus. Foi um período para refletir sobre como utilizar melhor os recursos disponíveis e ser mais eficiente.
Qual o impacto da valorização do dólar neste período?
A valorização do dólar causa grande impacto, pois muito dos insumos da indústria são importados. Isso impacta diretamente nos custos produtivos, o que pode levar ou à elevação de preços ou perda de margem de lucro. No momento, é difícil prever como estará o dólar no início do ano que vem. A tendência é que esteja mais estabilizado, e não tão volátil como foi neste ano de pandemia. O patamar está bem alto, por enquanto. Só o fato de estabilizar já ajudaria muito, pois assim possibilitaria uma previsibilidade maior para as empresas.