Cada vez mais empresas se dão conta da necessidade de desenvolver programas — ecossistemas internos — de inovação para que o crescimento ocorra em bases sólidas, sendo sustentável e sustentado. Na opinião de Rodrigo Miranda, diretor de operações da G.A.C. Brasil – consultoria internacional especializada na gestão estratégica e fomento da inovação, que integra o Global Approach Consulting Group –, cada um dos elementos de inovação precisa trabalhar em sincronia com os demais, sendo que os cinco principais pilares são: liderança, estratégia, cultura, gestão e processos.
A gestão ideal consegue identificar se há algum desses pilares atrapalhando o progresso e o resultado do ecossistema, propondo melhorias e mudanças. “Grosso modo, podemos imaginar uma orquestra. Se há algum instrumento tocando num tempo diferente dos demais, o resultado será todo comprometido”, diz o consultor.
Para Miranda, identificar bloqueadores na cultura organizacional é fundamental, já que, se isso não acontecer, todo investimento em desenvolvimento de capacidades será dinheiro jogado no ralo. “Outro ponto importante é assegurar que haja um perfeito alinhamento entre a estratégia da inovação e a estratégia da empresa — ou seja, que a música que está sendo executada pela orquestra esteja inserida na programação do concerto”.
“Uma prática muito recomendada é a criação de um programa interno de ideias, em que a empresa recebe contribuições de todos aqueles que tiverem sugestões de inovações, sejam para melhorias ou desenvolvimento de produtos, serviços, processos e até mesmo do modelo de negócio da empresa”, diz o especialista. “Sem restrições”.
Com relação à maturidade de cada elemento que compõe uma estratégia de inovação, é importante reforçar que, mais importante do que apenas se definirem métricas e indicadores, é preciso entender com clareza “o que” se pretende acompanhar, para que seja possível avaliar o que realmente está acontecendo. Segundo o executivo, existe uma interação complexa entre os cinco pilares do programa de inovação, sendo que o que une essas vertentes são os direcionadores do plano estratégico. “A correta mensuração e avaliação dos resultados contribui para se desenvolver um planejamento de inovação maduro que, quando usado corretamente, pode informar e guiar a empresa durante seu crescimento”.
Miranda acredita que “a melhor maneira de avaliar a maturidade e as necessidades de um ecossistema é aplicar uma pesquisa com perguntas de múltipla escolha direcionadas a cada um dos cinco pilares, de forma a permitir uma comparação estatística da percepção de toda a companhia. Para se atingir precisão estatística, o questionário deve ser distribuído vertical e horizontalmente por toda a organização, abrangendo o maior número possível de colaboradores envolvidos, direta ou indiretamente, com a inovação”.
O objetivo principal, segundo o especialista, é avaliar o estado atual do ecossistema interno, cultura de inovação, e entender os fatores limitantes ou bloqueadores da inovação na empresa. Na sequência, por exemplo, é possível definir se há necessidade de desenvolver melhor as lideranças, se é urgente uma transformação cultural dentro da organização, ou ainda se é preciso trabalhar mais na melhoria de processos, entre outras ações possíveis.
“A inovação bem-sucedida requer mais do que apenas transformação de processos. Ela exige que todo o ecossistema interno esteja sintonizado no mesmo canal e esteja preparado para enfrentar os desafios de hoje e as oportunidades de amanhã”, afirma o executivo — chamando atenção para o fato de que ações para melhorar qualquer ecossistema interno não devem ser tomadas até que a situação atual seja totalmente compreendida.
“Quando não se tem a exata noção do que está acontecendo, corre-se o risco de não atacar o problema real — que muitas vezes não é claro e visível para todos na organização, até mesmo para a alta liderança. Portanto, a análise do ecossistema interno precisa ter o apoio irrestrito da equipe executiva para descobrir os bloqueadores de inovação que estão impedindo a empresa de atingir suas metas de crescimento. Só a partir daí o caminho estará livre para as mudanças necessárias”, conclui Rodrigo Miranda.