Quando um produtor rural vai às compras ele pode optar pelo nível de tecnologia embarcada com base no diferencial de cada máquina ou aplicação, e tem a liberdade de agregar ainda mais funcionalidades. No caso da armazenagem e da irrigação, a decisão já é por tecnologia de ponta.
Como Eduardo Navarro – presidente da Câmara Setorial de Equipamentos para Irrigação (CSEI) – proclama, “a tecnologia de irrigação será a 4ª Revolução da Agricultura Brasileira, pelo fato de que, quando olhamos para a agricultura e as terras existentes, é a única tecnologia que impacta na lavoura agregando dois dígitos de produtividade de uma safra para outra”.
Esse impacto decorre da instabilidade climática e, como frisa Navarro, “qualquer tecnologia aplicada tem a finalidade de proteger a capacidade genética do produto. Assim com o uso da irrigação, há produtores colhendo cinco safras em dois anos. Há, também, casos de uma lavoura de milho no Rio Grande do Sul que colhia 80 sacas por hectare e na primeira safra após ser irrigada registou mais de 200 sacas por hectare”.
A irrigação é definida pelo presidente da CSEI como “um varal de tecnologias, no qual vai agregando outros equipamentos para uma gestão mais ao vivo. E inteligência artificial é uma tendência para o próprio sistema tomar-se mais autônomo, decidindo sem interferência humana e em função da conexão a uma estação meteorológica o momento ideal de ligar ou desligar o sistema, inclusive orientando o operador dispensando a necessidade de o operador ir a campo para fazer verificações”.
Além de otimizar o uso da água e energia, sistemas irrigados podem reduzir o uso de fertilizantes, através da aplicação da fertirrigação, que “é realidade nas instalações por gotejamento, mas com pivôs ainda apresenta problemas de corrosão, por exemplo, exigindo que ocorra evolução tanto nos materiais do pivô, quanto nas formulações dos nutrientes”.
No caso da armazenagem de grãos, Paulo Bertollini – presidente da Câmara Setorial de Equipamentos para Armazenagem de Grãos (CSEAG) – as inovações caminham para a termometria com inteligência artificial em armazéns para secagem e estocagem de longa duração.
“Esses sistemas são conectados a uma estação meteorológica, têm algoritmos que ligam e desligam o equipamento segundo parâmetros previamente definidos, tais como manter a umidade em 13% no grão comercial, sem gerar perda técnica ou da qualidade. O sistema de controle do processo é muito mais apurado que os convencionais”, conta Bertollini, confirmando que a inteligência artificial é uma tecnologia nova, que está evoluindo rapidamente, mas para ganhar espaço na armazenagem ainda serão precisos cerca de 3 anos”.
No setor de armazenagem de grãos, o problema não está em tecnologias, seja desenvolvendo, seja aplicando. As dificuldades seguem condicionadas à falta de armazéns e a linhas de financiamento que estimulem o investimento.
O cenário marcado pela falta de espaço para estocagem de safra é recorrente e qualquer solução demanda dinheiro e não obrigatoriamente tecnologias mais avançadas.
“O déficit cresce ano a ano, agravando um quadro sombrio. Enquanto a capacidade de estocagem tem crescido 5 milhões de toneladas por ano, a produção cresce o dobro”, computa o presidente da CSEAG, apontando um outro gargalo: “Neste ano, em março, parte da safra teve de ser estocada a céu aberto, aumento significativamente o riso de perda de qualidade e também quantitativa, afetando o preço das commodities”.