Evolução de locação de máquinas e equipamentos movimenta setor

O desenvolvimento do mercado de locação de máquinas para intralogística, construção civil, florestal, entre outros segmentos, vem levando as próprias locadoras a se especializarem.

Segundo a Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), o mercado de locação de máquinas responde por um percentual importante em relação ao de vendas de algumas categorias de máquinas, como plataformas áreas (90% a 95%) e betoneiras (70% a 75%). A queda, em 2024, no percentual de frota parada – de 19% em 2023 para 11% em 2024, reitera a crescente confiabilidade das empresas pela locação de máquinas.

O desenvolvimento desse mercado e o potencial a ser trabalhado vem respondendo pela expansão de algumas atividades acessórias, como consultorias em fusões e aquisições, que se dedicam a entender a dinâmica das locadoras, contribuindo com a geração de valores para seus clientes. Essa busca, em outras palavras, significa “ajudar o cliente a gerar mais caixa, remodelando lojas ou entrando em novo setor”, explica Gustavo Vaz, CEO da VGRI Partners.

Esse banco de investimentos, criado em 2019, mesmo atuando em diversos segmentos da economia – como saúde, educação, varejo de calçados, tecnologia, ativos florestais, máquinas pesadas, infraestrutura, mineração e alimentação – vem se destacando no assessoramento de empresas de aluguel de equipamentos, agro (fertilizantes especiais), varejo, aluguel de refrigeradores, transportadora de carga rodoviária, soluções ambientais, energia solar e ossos sintéticos para estudos. Prova é que em cinco anos de atividade, a consultoria intermediou mais de 20 transações.

O conhecimento adquirido pela equipe da VGRI no desenvolvimento dessas negociações permite que esse banco de investimentos olhe tanto para a necessidade do cliente que loca quanto da empresa locadora e detenha conhecimento da linguagem e das operações financeiras de seus clientes e do mercado como um todo.

A especialização favorece também a quebra de alguns mitos, como “capital é suficiente para crescer e concessionário sabe ser locador. Locação exige conhecimento da utilização e da demanda do locatário, e atenção especial à manutenção, que se reflete para o locador em como melhor usar o ativo, reduzir valor de manutenção e ampliar a vida útil do equipamento, além de se dedicar ao desenvolvimento da capacidade de engenharia, trabalhando em projetos de equipamentos e acessórios específicos para a atividade principal do locatário, de modo a proporcionar ganhos em produtividade e eficiência a seus clientes”, resume Vaz.

No mercado de locação – detecta Vaz – “o grande desafio para está em amadurecer a atividade de locação, aprendendo o diferencial de cada setor”. Permite também a esse executivo prever o amadurecimento e a evolução da atividade em si e o ingresso crescente de equipamentos de pequeno porte (minicarregadeiras, por exemplo) e de manipuladores telescópicos.

Metodologia de trabalho exige dedicação exclusiva

Focando sua atuação em empresas com EBTDA de R$ 30 milhões a R$ 100 milhões/ano, tanto no sell side quanto no buy side, a VGRI adota uma abordagem “totalmente agnóstica” em relação aos setores, com o compromisso de atender no máximo 12 clientes simultaneamente.

“Neste momento, a VGRI está envolvida em deals nas áreas de aluguel de equipamentos, agro (fertilizantes especiais), varejo, aluguel de refrigeradores, transportadora de carga rodoviária, soluções ambientais, energia solar e ossos sintéticos para estudos”, informa Vaz, segmentando em três as etapas do trabalho desenvolvido pela consultoria.

Na fase 1, a de preparação, há uma extensa coleta de informações, modelo financeiro, valuation, análises diversas e preparação de material de marketing/roadshow para divulgação. Usualmente, essa fase demanda no mínimo três meses de atividade, que, segundo a necessidade de ajustes na operação do cliente, pode ser ampliada.

Ao redor de nove meses são necessários para o desenvolvimento das duas fases seguintes. Na fase 2, realiza-se, efetivamente, o roadshow, com Q&As, culminando com uma oferta não vinculante; enquanto na fase 3, o investidor em potencial realiza uma due diligence, incluindo, por exemplo, análises contábeis, fiscais, de ESG e de outras áreas, para decidir sobre a proposta vinculante (binding offer).

Vaz destaca que o pós-assinatura envolve “ações regulatórias, como aprovação junto ao CADE e outros órgãos reguladores”. Após a operação, se a venda for total, a consultoria “pode seguir acompanhando o cliente, por exemplo, apoiando no acompanhamento do pagamento dos valores acordados no deal pela empresa/fundo comprador. Caso não haja a venda total, a VGRI também segue assessorando”, resume o CEO da VGRI.

A consultoria, enquanto intermediária entre o investidor (compradores, o “outro lado da operação”) e a empresa que busca expandir sua atuação ou ser incorporada por outra empresa, trabalha com fundos de investimento (geralmente de private equity/PE – 30% do total, aproximadamente) e investidores estratégicos (empresas do mesmo setor da compradora ou correlatos – 70% do total).