Feiras: resultados confirmam otimismo do setor de máquinas e equipamentos

Os recordes em expositores, público e negócios, na edição 2022 das duas principais feiras do setor de máquinas e equipamentos, comprovam que as empresas e o mercado estavam prontos para que os grandes eventos voltassem ao formato presencial, seja a céu aberto, como na AGRISHOW, seja em pavilhão, como no caso da FEIMEC.
O hiato nos eventos presenciais durante 2020 e 2021, não é sinônimo de inatividade, afinal as empresas mantiveram investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação, realizaram lançamentos e se mantiveram próximas do mercado, seja com eventos promovidos por elas mesmas, individualmente, seja em feiras digitais promovidas com o suporte de entidades patrocinadoras, como a ABIMAQ, e de realizadores de eventos, como a Informa Markets.

Os resultados desses dois últimos anos – mesmo que anteriormente lançados em formato virtual – materializaram-se na forma de máquinas e equipamentos para o público no final de abril, na Agrishow em Ribeirão Preto (SP) e na FEIMEC no começo de maio, na capital paulista.

Aspecto destacado pelos expositores de ambos os eventos foi a sinergia entre expositores e clientes, inclusive registrando grande público desde a abertura – favorecendo que as expectativas fossem ultrapassadas. Esse sentimento por parte dos expositores confirma os dados divulgados pela ABIMAQ, que mostram um setor aquecido e com grande potencial de desenvolvimento.
Prova está na declaração de Alexandre Reis, diretor-geral para a América Latina da SEW Eurodrive Brasil, e resume a opinião de diversos expositores: “A FEIMEC 2022 foi surpreendentemente movimentada, mais até do que esperávamos. Para nós, foi uma experiência super positiva, que nos deu a oportunidade de apresentar alguns de nossos lançamentos, captar clientes e impulsionar negócios futuros. Saímos desta edição com a plena convicção de objetivo cumprido”.

Maurício Lopes – diretor comercial da Romi e coordenador da comissão organizadora do evento – entende que o sucesso vai além da quantidade de visitantes, e comemora: “Houve enorme sinergia entre expositores e clientes. Também superamos, e muito, as nossas expectativas. Estavam todos com uma enorme saudade dessa dinâmica. Esses bons resultados traduzem o bom momento da indústria, todos os segmentos industriais estão em ascensão, em especial o agrícola. Ficamos extremamente satisfeitos com esta edição”.

Investimentos

Entre as empresas que durante 2020 e 2021 permaneceram investindo e crescendo está a Stihl Ferramentas Motorizadas, fabricante de ferramentas motorizadas portáteis para o mercado florestal, agropecuário, construção civil, conservação e jardinagem profissional, e doméstico,

Exemplificando, Cláudio Guenther, presidente da Stihl Brasil, cita a inauguração em 2020 de Centro de Distribuição (CD) em Jundiaí (SP); em 2021, do Centro de Operações Motores, que permite alcançar até 1,5 milhão de unidades motoras por ano; e, em setembro deste ano, será inaugurado CD em Benevides (PA) e também serão concluídas as obras dos novos prédios de ferramentaria e vestiários. Tecnologia e novas máquinas também mereceram atenção e elevaram a capacidade produtiva em 30%. Essas ações exigiram da empresa investimentos ano após ano que totalizam R$ 1,1 bilhão.

O retorno em termos de vendas e faturamento é expressivo. Em 2020, as vendas aumentaram 32,7%, em grande parte no segundo semestre, e o faturamento, 51,2%, com cerca de 50% correspondente à exportação -, acumulando um total de R$ 2,3 bilhões. No ano passado, mesmo com a falta de componentes e desabastecimento enfrentado por muitos setores, computou aumento médio de 32% no volume de produção, o faturamento atingiu R$ 2,9 bilhões, evolução de 24% sobre o período anterior. E, no que tange a 2022, Guenther informa que o primeiro quadrimestre fechou com “crescimento total de 17% no faturamento, em relação ao mesmo período do ano anterior, e atingiu a marca de R$ 1,228 bilhão”.

Durante os dois últimos anos, comprovando a resistência e o poder de adaptação do empresariado, e mais especificamente das indústrias, apesar das dificuldades, a economia se aqueceu e o setor de máquinas e equipamentos está merecendo seu quinhão como compensação à resistência e à confiança no mercado.

Entre as concretizações, Guenther cita a criação de um projeto de capacitação on-line e gratuito de profissionais e praticantes ocasionais da jardinagem: o Pró-Jardim, e lançamento de diversos produtos, alguns criando uma nova categoria no portfólio.

Superação

A agilidade em encontrar soluções para as dificuldades apresentadas durante o auge da crise sanitária,, adequando a estrutura e mantendo a saúde dos colaboradores, definindo ações de contingência e revendo planejamento, fez com que as pessoas e as empresas saíssem desta fase mais fortalecidas. E, como afirma Denis Soncini – diretor de Operações da Schulz Compressores – resumindo a opinião de parte significativa dos empresários, além de “superar todas as adversidade, conseguimos crescer em meio à crise”

A automação e a digitalização registraram desenvolvimento perceptível. No caso da Schulz, por exemplo, foram investidos aproximadamente R$ 23 milhões em robotização e maquinário para verticalização de alguns processos, além da abertura de novos canais de distribuição de vendas on-line (B2B e B2C).

Antecipar-se à chegada da onda pandêmica ao Brasil, graças às informações recebidas das demais empresas do grupo fora do Brasil, contribuiu para a Gilbarco Veeder-Root planejar-se e, em janeiro de 2020, “iniciar um processo de preparação da operação no Brasil e demais escritórios da América Latina”, informa Bruno Rosas, CEO Brasil e América Latina, garantindo que “o forte investimento em comunicação e nossa política de prevenção, permitiu consolidar ainda mais a nossa marca junto ao mercado, transformando cada vez mais a empresa no parceiro tecnológico número 1 dos postos de combustíveis”.

Algumas empresas também aproveitaram esses dois anos para ir às compras, como a Ingersoll Rand, que, de acordo com David Rozo – gerente de Produtos para América Latina – adquiriu quatro marcas de bombas, ampliando seu portfólio para além das bombas com ar-comprimido.

Entrada em novos mercados foi o caminho escolhido pela Lösung, fabricante de esteiras transportadoras, separador magnético, filtro a vácuo, correias, correntes, roletes e caçambas, todos os equipamentos com tecnologia desenvolvida no Brasil. Bruno Freitas, CEO da Lösung, lembra que, com a redução da atividade em alguns setores – como o automobilístico e de autopeças –, a empresa agregou ao seu rol de clientes o setor de usinagem, que somou-se a estamparia, fundição e recicladores.

Aprendizados

Entre os aprendizados desse período, os entrevistados destacam a valorização dos processos de gestão de riscos; a atenção ao futuro, adiantando-se a ele; a importância da comunicação e do relacionamento com fornecedores, colaboradores, clientes e público ao redor; preocupação com o bem-estar e a saúde da sociedade em geral. Destaque também é dado à adequação das pessoas e das empresas ao trabalho remoto, quebramos paradigmas de que é possível gerar impacto e ser eficiente mesmo estando em home office.

O futuro mostra otimismo e confiança no crescimento “para todos que souberem aproveitar a onda de investimentos das multinacionais na América Latina”, resume Márcio Pontes – diretor Brasil da Flexbimec Brasil – apesar de nos anos de 2020 e 2021 ter havido queda no faturamento e nas vendas. A expectativa positiva do executivo baseia-se na “retomada gradativa das vendas desde dezembro do ano, mantendo a curva de crescimento prevista desde a abertura da empresa em 2017”.

Especializada na produção de máquinas para transformação de acrílico e termoplásticos, a VP Máquinas desde o ano passado vem participando de feiras presenciais em seu setor de atividade e, segundo sua diretora, Ana Paula Paschoalino B. de Freitas, “batemos o recorde de vendas e vimos mais que nunca o quanto é importante a feira presencial. Somos muito criativos e flexíveis e saímos dessa fase mais fortes do que imaginávamos. Aprendemos, também, que a Internet é imprescindível e que as ferramentas oferecidas de divulgação são muito importantes”.

Webinars, reuniões virtuais, blogs e redes sociais foram utilizados como canal de relacionando direto com o cliente, assim como a versão on-line dos eventos que tradicionalmente eram presenciais. Daniel Sartini – Sales Manager Brasil da Gilbarco Veeder-Root, lembra que a empresa participou da Agrishow Experience 2020, em formato 100% virtual. “Foi uma experiência inovadora, e mesmo tendo uma atuação muito forte no digital e o fato de nossa marca ser forte e reconhecida no mercado nos ajudou bastante também”.

Resultados nas feiras

Voz corrente entre os expositores da AGRISHOW e da FEIMEC era a certeza de expectativas superadas e a agradável surpresa dos clientes em verem fisicamente os produtos que haviam sido lançados on-line.
O volume de vendas durante os eventos também surpreendeu. A Rodonaves Iveco comemora o fechamento de 33% acima da expectativa projetada pela empresa para a sua participação na AGRISHOW, atingindo cerca de R$ 20 milhões. Carlos Tonietti, diretor de Negócios da concessionária, ao longo de cinco dias foi realizado “o atendimento de mais de 130 pessoas e negociadas 47 unidades de caminhões Iveco, total 57% superior ao esperado pela empresa”.

Sem precisar o volume de negócios realizados, Nathalia Mumisso – supervisora de Marketing da Gilbarco Veeder-Root – assegura: “A retomada da AGRISHOW de forma presencial atendeu a expectativa, com um fluxo alto de participantes, conseguimos fazer ótimos negócios, estreitar relacionamento com parceiros e apresentar nossas soluções de gestão de combustível”.
Com relação à FEIMEC, as opiniões são bem semelhantes: a edição 2022 superou todas as expectativas, surpreendeu a todos pelo sucesso de público e de negócios realizados, a quantidade de expositores e o tamanho da feira também chamou atenção.

Vários são os motivos alinhados, mas podem ser resumidos na opinião do diretor de Operações da Schulz, quando afirma que “longo período sem realização da feira foi um fator importante e motivador para as empresas participarem este ano. Durante toda a feira, a movimentação em nosso estande foi intensa. Recebemos um grande número de clientes e potenciais parceiros interessados em conhecer as novidades e lançamentos da empresa. Os resultados da feira nos surpreenderam muito positivamente (durante e após a feira), e o balanço geral prova que a FEIMEC é sem dúvida o principal evento do segmento para a Schulz”.

Membro do grupo Trumpf, a chinesa JFY aproveitou a FEIMEC para lançar sua marca e apresentar sua linha de máquinas de corte e dobra a laser. O propósito foi bem aceito, afinal vendeu todas as máquinas expostas. Daniel Santini, diretor Geral da operação brasileira da empresa, enfatiza como diferenciais “o estoque local de peças e a estrutura própria de manutenção com equipe brasileira”, e comemora: “A meta é comercializar entre 30 a 50 máquinas por ano a partir de 2023, mas pelos resultados obtidos na feira, chegaremos a 30 ainda em 2022”.

A Hércules Motores Elétricos, que tem 50% da produção focada no setor industrial, fez sua estreia na FEIMEC: “Viemos para mostrar aos clientes o potencial da empresa e os produtos com vários diferenciais competitivos, assim como para demonstrar o nosso crescimento de mais de 100% nos dois últimos anos”, garante Drausio Menezes, diretor Comercial e de Marketing da Hércules, anunciando, ainda, “o início da construção de uma planta nova, seguindo os padrões da indústria 4.0, que deve entrar em operação no primeiro semestre de 2025”.