FGV estima que Petróleo e biocombustíveis e Química são setores mais afetados pelo coronavírus

“Os efeitos do coronavírus na economia começaram a ser sentidos em março, mas certamente passa a ser mais forte após o poder público estabelecer as medidas de restrições. Não sabemos ainda qual será o impacto total na economia, pois atinge todos os setores, segmentos e consumidores. O resultado dependerá do tempo que ainda levará para retomar as atividades”, afirmou Viviane Seda, coordenadora das Sondagens do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), ao comentar os resultados de pesquisa realizada no âmbito empresarial e do consumidor.

Os resultados da sondagem divulgados em 3 de abril mostram que, em março de 2020, quase metade das empresas da indústria (43%) já percebia os efeitos nos negócios, seguidas por comércio (35,4%) e serviços (30,2%).

Na indústria, os segmentos que se mostraram mais afetados pela pandemia no mês foram: Petróleo e biocombustíveis (88,3%) e Química (61,4%). O levantamento aponta que chegaria a afetar 90,5% e 80,2% das empresas desses segmentos nos próximos meses, respectivamente. Para quase todas as empresas de Petróleo (90,7%), a principal causa para esse impacto seria a demanda externa reduzida, e para 83,1% dos produtores químicos seria o fornecimento de insumos importados.

Para os próximos meses, 15 dos 19 segmentos têm mais de 50% das empresas dizendo que sofrerá impactos devido ao coronavírus. Entre os que esperam ser mais afetados estão: máquinas e materiais elétricos (91,5%), limpeza e perfumaria (90,2%), informática e eletrônicos (89,4%), couros e calçados (85,9%) e veículos automotores (82,7%) e metalurgia (82%).

A principal preocupação dos empresários, em sua maioria, é com o fornecimento de insumos importados. Nesse quesito, produtores de bens de consumo duráveis são os mais preocupados (86,6%). A questão de paralisação por problemas de saúde foi citada por 23,0% das empresas, tendo maior incidência nos produtos de bens de consumo não duráveis (34,6%).

Curiosamente, empresas do vestuário são as que esperam menor impacto em suas atividades, com apenas 26%. O índice é mais baixo que o indicado por empresários de produtos considerados essenciais como alimentos e farmacêuticos: mais de 40% espera ser impactado pelo vírus.

Feita entre 1º e 25 de março, majoritariamente antes do fechamento das escolas e do comércio, a pesquisa apontava que mesmo antes das restrições mais de 30% das empresas de todos os setores sentiam os efeitos da pandemia. Já para a quase totalidade (81,4%) dos 1700 consumidores consultados entre os dias 1º e 19 de março, iria prejudicar de maneira forte ou moderada a economia.

Acesse o Material Complementar.