Por força de um perfil anatomicamente gigantesco, com presença nacional nas três instâncias da energia elétrica – geração, transmissão e distribuição – e negócios no exterior, a proposta de desestatização da Eletrobras transformou-se numa acalorada fonte de discussões em todos os segmentos da sociedade civil brasileira. Hoje, a Eletrobras, vinculada ao Ministério de Minas e Energia, é composta por nada menos de treze (13) subsidiárias; um centro de pesquisa (Cepel); uma empresa de participações (Eletropar); 50% do capital da Itaipu Binacional; além de 25 participações minoritárias em sociedades e participação em 179 Sociedades de Propósito Específico (SPEs), das quais 136 no campo da geração de energia e 41 em transmissão e incluindo participações no exterior.
Considerada a maior holding do setor elétrico da América Latina, uma das cinco maiores geradoras hidrelétricas do mundo em capacidade instalada e a 16ª do mundo no setor, a Eletrobras tem ações negociadas nas bolsas de São Paulo, Madri e Nova Iorque. Com ativos na faixa de R$ 170 bilhões, a estatal opera 47 GW instalados de potência através de 239 usinas (responsáveis por 31% da capacidade de geração do País), dispõe de 70 mil km de linhas de transmissão (47% do total no sistema elétrico nacional) e 4,3 milhões de clientes em distribuição atendidos por 258 mil km de redes.
A exuberância técnica supera à realidade financeira. Em bolsa, o valor de mercado da estatal alcança agora R$ 24 bilhões. No ano passado, a receita operacional bruta foi de aproximadamente R$ 71 bilhões; a receita operacional líquida de R$ 60 bilhões; o Ebitda de R$ 19,8 bilhões; e dívidas na faixa de R$ 43 bilhões (o relatório do ano passado indica dívida líquida de R$ 23,5 bilhões). O lado perverso do desempenho financeiro está exposto na queda no patrimônio líquido – nos últimos seis anos caiu 43% – de R$ 77,2 bilhões para R$ 44 bilhões (mesmo investindo R$ 36 bilhões entre 2011 e 2016, não viu refletir-se no preço das ações o reconhecimento por esse investimento).
Criada em 1962, a Eletrobras participa, hoje, das subsidiárias Furnas, Chesf, Eletronorte, Eletrosul, Eletronuclear, CGTEE, Amazonas Geração e Transmissão, Distribuição Amazonas, Distribuição Roraima, Distribuição Alagoas, Distribuição Piauí, Distribuição Rondônia e Distribuição Acre. Do total da capacidade geradora instalada no País, a Eletrobras responde por 31%, dos quais 69% são de empreendimentos corporativos, 14% de empreendimentos realizados por meio de SPEs e 17% de empreendimentos em propriedade compartilhada, incluindo aqui a metade da capacidade de Itaipu Binacional (7 mil MW), ou 15% do total.
Ao todo a companhia opera 233 usinas geradoras (47 hidrelétricas, 114 termelétricas, duas termonucleares, 69 usinas eólicas e uma usina solar). Do total da malha própria de linhas de transmissão (70 mil km), 6,5 mil km são corporativos; 57 mil km são corporativos em regime de O&M; e 6,6 mil km correspondentes à proporção das participações acionárias em SPEs. Considerando apenas a rede básica do Sistema Interligado Nacional, a Eletrobras é responsável por 63,4 mil km, o que totaliza 47% das linhas de transmissão do Brasil em tensões específicas.
De acordo com o último Relatório Anual 2016 da companhia, a composição acionária estava dividida em 80,37% em ações ordinárias (AO), com direito a voto nas assembleias internas; 19,62% em ações preferenciais (AP) (‘B’) e 0,01% de ações preferenciais (‘A’). Das AOs, a composição estava assim dividida: 51% nas mãos da União; 13,04% do BNDESPar; 6,86% BNDES; 2,63% JP Morgan Chase Bank; 6,32% Banco Clássico; 4,20% FND (Fundo Nacional de Desenvolvimento); 0,09% FGHAB; e 15,86% outros. Ou seja, a presença da União chegava a 75,10%. Das ações preferenciais ‘B’, 72% estavam nas mãos de Outros, 6% do JP Morgan Chase Bank, 7% com o BNDESPar, 7% BNDES, 4% Norgen Bank e 4% com Fundos 3G Radar. Das ações preferenciais ‘A’, 35,49% estão nas mãos de Outros, 35,39% com Victor Adler e 29,12% com acionistas a identificar.
Em 2016, a Eletrobras reformulou sua atuação internacional e buscou aumentar sua expressão nos negócios de geração, transmissão e comercialização no exterior, buscando, prioritariamente, projetos de integração regional e de geração de energia renovável no continente latino-americano. Ao final do exercício passado, a Eletrobras mantinha um acordo operacional e oito em fase de estudos, todos envolvendo Argentina, Bolívia, Guiana, Guiana Francesa, Paraguai, Suriname, Uruguai e Venezuela.