Indústria automotiva: transmissões para todos os tipos e portes

Máquinas de todos os tipos utilizam transmissões, e isso inclui caminhões, máquinas agrícolas, ônibus, veículos leves, pesados e extrapesados, automóveis (inclusive elétricos e híbridos) e motocicletas. Para cada tipo e aplicação, há produtos especialmente desenvolvidos e investimento em tecnologia e novos materiais.

Com portfólios voltados a segmentos específicos do setor automotivo, as empresas internacionais Daido, Dana e Eaton situam-se nesse universo.

Empresa de origem japonesa instalada no Brasil desde a década de 1970, a Daido é fabricante dos produtos DID, que no ramo automotivo correspondem a correntes de transmissão e de comando e kits de transmissão para motocicletas. Já a Dana, presente no Brasil há mais de 70 anos fornece sistemas de transmissão de força e movimento, vedação e gerenciamento térmico para propulsão de veículos convencionais, híbridos e elétricos, assim como componentes para vedação de motores, tendo como principal objetivo estratégico oferecer soluções que usem sistemas eletrificados.
Também com atuação em diversos setores, com soluções inteligentes para gerenciamento de energia mecânica, elétrica e hidráulica, com eficiência, segurança e sustentabilidade, a Eaton, no segmento automotivo, desenvolve transmissões manuais e automatizadas, embreagens, válvulas, válvulas ocas para motores turbo, engrenagens, eixos e luvas sincronizadoras, presentes em caminhões, ônibus e carros de passeio das principais montadoras instaladas no Brasil.

Em comum, essas empresas têm o desenvolvimento de tecnologias e a pesquisa de materiais e aplicações.

A Daido concilia a escolha do aço, o tratamento térmico e as características dimensionais em uma infinidade de aplicações, seja para resistir a elevado impacto, controle da fadiga, carga de trabalho, ou cargas oscilantes e velocidade extrema. Nesse conjunto, como alinha Ricardo Shiguenobu Kado – diretor da empresa no Brasil – estão aços ligados cada vez mais resistentes e ao mesmo tempo muito leves, capazes de propiciar resistência a tração, abrasão e impactos. O uso de sensores de monitoramento de temperatura em transmissão mecânica, assim como sistemas de detecção de ausência de componentes e montagens irregulares da corrente e câmeras de inspeção por vídeo, são realidades no segmento.

No caso das transmissões automatizadas, Henrique Uhl – gerente de Desenvolvimento de Mercado e Planejamento de Produto da Eaton – comemora o fato de a solução ser realidade em caminhões dos segmentos pesados e médios, passando agora a ser forte tendência nos leves.

Os investimentos da Eaton direcionam-se à procura por materiais mais leves, resistentes e mais acessíveis, obtendo resultados que compreendem a incorporação de diversas ligas de aço específicas para eixos e engrenagens de transmissões, assim como materiais compósitos (como buchas) e fibra de carbono nos itens de atrito do sincronizador.

Mudança de conceitos

Especificamente no mercado de veículos fora-de-estrada (off-highway) para mineração, movimentação de materiais, agrícola, florestal e de construção, assim como nos de veículos comerciais, veículos leves – explica Josemir Calcagnotto da Silva, gerente de Engenharia e Vendas de Fora-de-Estrada para a América do Sul – as tendências percebidas pela Dana seguem algumas quebras de paradigmas que a indústria da mobilidade tem enfrentado.

“Os conceitos de robustez, aplicabilidade e durabilidade estão sendo substituídos por conceitos como confiabilidade, eficiência e impacto ambiental”, detalha Silva, informando: “Com a incorporação da eletrônica embarcada, da evolução dos processadores, software e sistemas de sensoriamento, muitos produtos que eram considerados passivos, tornaram-se ativos”.

A presença da Dana no mercado de soluções eletrificadas vem exigindo quebras de paradigma pela substituição de produtos e seus materiais. Nesse cenário, semicondutores de estado sólido, materiais ferromagnéticos, condutores e cristais piezoelétricos, entre outros, iniciam sua trajetória rumo ao protagonismo em arquiteturas e controles do sistema de transmissão.

Esta nova geração de produtos traz como consequência alterações também nas formas de seleção e compra: “Ao contrário de produtos clássicos e de tecnologia madura, temos de levar em consideração o valor agregado proposto nas funções que foram incorporadas – inteligência ativa, prevenção de acidentes, autoproteção – e até mesmo alguns fatores intangíveis e difíceis de mensurar o valor econômico, a exemplo de eficiência adaptativa”, destaca o gerente da Dana.

Indústria 4.0: uma realidade

Já com relação à indústria 4.0 e à automação, a Eaton, em sua planta industrial, utiliza veículos autoguiados para transporte de peças entre diferentes áreas da fábrica possibilitando que funcionários passem a executar atividades que conferem mais valor, resultando em mais eficiência e ergonomia; robô colaborativo de dois braços para montagem de componentes complexos; óculos de realidade aumentada em trabalhos de manutenção preventiva e montagem de equipamentos; e impressora 3D.

Mais do que tendência, sensores nas transmissões são realidade no mercado atendido pela Eaton e devem se popularizar cada vez mais, pois esses sensores – conclui Uhl – “ajudam a monitorar as condições de trabalho e colaboram não só para o aumento da vida útil das transmissões, mas também para sua melhor eficiência“.

Ciente de que a nova era da indústria traz consigo a estabilidade da eficiência e confiabilidade, a Dana há alguns anos aplica os conceitos de manufatura enxuta, tendo criado um ambiente definido por Silva como “eficaz e organizado para o início da implantação da indústria 4.0, na qual o conceito de automatizar e conectar processos e sistemas eficientes gera processos e sistemas automatizados e eficientes evitando redundância inútil e melhorando a produtividade”.