Máquinas de corte: interdependência e complementariedade

As fabricantes de máquinas e equipamentos para solda e os segmentos de prensas e corte podem ser olhados como interdependentes. Sendo todos eles representados pela ABIMAQ, utilizam a produção de suas parceiras do setor de bens de capital mecânicos.

A Prensas Schuler – listada entre as principais fornecedoras para o mercado nacional de prensas de grande porte, em especial para a indústria automobilística, assim como para sua unidade de negócios voltada à fabricação de peças para os setores de óleo e gás e hidrogeração – em sua fábrica de Diadema (SP), conta com área destinada à caldeiraria (com capacidade para 12.000 horas/mês), corte, preparação (chanfro), montagem das peças e solda, movimentando peças de até 140 toneladas.

Fábio Machado Ávila, gerente dessa unidade, explica que o produto ali fabricado dispensa soldagem com materiais especiais, mas trabalha com aço baixo carbono, com características metalúrgicas que atendem os requisitos do produto final: “As exigências são relativas à qualidade da solda, fazendo com que todas as juntas soldadas tenham os pontos críticos examinados por ultrassom”.

“Todas as peças de aço carbono também passam por um tratamento térmico para alívio de tensão antes da usinagem, com a finalidade de impedir a deformação e tensões. Apenas no forno, a peça fica cerca de três dias, devido ao ciclo de aquecimento até 600°C, manutenção da temperatura e do ciclo de resfriamento”, comenta Ávila.

Outro setor com íntima relação com a soldagem é o de fabricantes de máquinas de corte. Nesse mercado, a Trumpf é líder global em corte a laser e as tendências apontadas por João Visetti, CEO da unidade brasileira, caminham para menos dependência do operador, ou seja, os equipamentos terão cada vez mais segurança, mais autonomia e desempenharão atividades complementares.

E essa já é uma realidade, assegura Visetti: “Nossas máquinas são totalmente seladas, garantindo que o laser não irá escapar e atingir o operador. O laser é comprovadamente prejudicial à pele e aos olhos, então, ter a certeza de que nenhum raio sairá da máquina é segurança tanto para o empregador como para quem opera a máquina ou trabalha nas suas proximidades. Além disso, elas têm recursos avançados, como o autoajuste do processo de corte a laser, que reconhece, em tempo real, a fenda de corte e as reflexões ali geradas, ajustando os parâmetros de corte automaticamente e compensando, assim, variações de espessura, qualidade do material, acabamento da superfície, como, por exemplo, áreas com oxidação ou tinta e/ou espessura, sem que a peça seja comprometida”.

No setor de solda, a Trumpf tem buscado trazer soluções mais competitivas, oferecendo ao mercado células de solda a laser e MIG-MAG, com robôs colaborativos. Esse é um passo importante para os clientes que buscam fazer a transição de um processo de solda manual para a solda automatizada, que pode ser tanto ser laser ou a MIG-MAG. Esse sistema híbrido entre a solda manual e a automatizada está mostrando-se como tendência em vários países”, anuncia Visetti.

Inovação em corte a laser também está presente em um desenvolvimento conjunto da Nova Tecnologia, Kuka (robótica), IPG Photonics (sistema de laser para cortes com precisão) e RobotMaster (software de simulação e programação offline de células robóticas). A solução, instalada nos laboratórios do IPG Photonics, permite o envio de desenho 3D de uma peça para corte como determinado no ambiente 3D em lote de um, com personalização de cada peça.

Fonseca também descreve a construção da CRUI 4.0 (Célula Robotizada para Usinagem e Inspeção nos padrões da Indústria 4.0), voltada a cortes de geometrias complexas. Doada pela Nova Tecnologia para a UFSCar – Universidade Federal de São Carlos – a solução foi inicialmente usada para o setor aeronáutico e é altamente aplicável para peças customizadas.

Já a Hypertherm – fabricante mundial de soluções avançadas de corte a plasma de metais –, como observado por Edson Urtado, gerente nacional de Vendas para o segmento de Distribuição, não tem exigências específicas ou relacionadas à soldagem, pois “nossos produtos permitem fazer desde um pequeno corte manual até em um equipamento CNC (Controle Numérico Computadorizado)”.

Para ele, “o mercado busca, cada vez mais, sistemas de corte simples e fáceis de operar, até em função da dificuldade em ter mão de obra disponível para operar os equipamentos. Investimos em sistemas mais dedutivos para setup e reduzimos de cinco para um os consumíveis de corte”. Essas necessidades mercadológicas conduziram a Hypertherm, após cinco anos de desenvolvimento e testes, a lançar uma máquina capaz de ficar mais tempo em operação. Além disso, por trabalhar em velocidade de corte mais alta, aquece menos a borda cortada, reduzindo a deformação e a contaminação e favorecendo as operações seguintes, como soldagem, por exemplo.