Máquinas Rodoviárias: investimento em produtos e tecnologia

Corroborando a posição dos líderes setoriais, os dirigentes das indústrias de máquinas rodoviárias e de usinas de asfalto detectam sinais de reativação da atividade.

Paula Araújo – vice-presidente da New Holland Construction para a América do Sul – cita um outro termômetro: “a instalação de complexos fabris de diversos fabricantes. Em 2006, existiam nove fábricas instaladas no Brasil e, hoje, já é possível perceber que o número dobrou”. Para a executiva, essa constatação serve de estímulo: “Ainda convivemos com um potencial de produção ocioso. Mesmo assim, a New Holland Construction segue direcionando recursos em inovação e tecnologia, introduzindo novos produtos no mercado. Em 2017, apresentamos oito modelos de escavadeiras da família Série C EVO, seis deles de fabricação nacional, produzidos em Contagem (MG), que demandou investimento de R$ 36,5 milhões. Neste ano, houve a introdução de uma linha de escavadeiras nacional, atualização de diversos modelos, e estamos prevendo o lançamento do rolo compactador para o primeiro semestre de 2020”.

Postura semelhante é adotada pela Case que, como afirma Carlos França – gerente Comercial da Case para América Latina – “segue confiante na retomada do setor. Acreditamos na avaliação da ABIMAQ de que o viés para o próximo ano seja de crescimento. Essa alta deve ser sustentada pela atual aprovação da Reforma da Previdência que dará impulso ao setor, bem como a fundamental e esperada Reforma Tributária. Acordos bilaterais também sustentam essa onda de investimentos, como o acordo firmado com o Oriente Médio, que visa a concessões e privatizações do PPI, e com a Arábia Saudita, que prevê injeção de até US$ 10 bilhões, criando alternativas de escoamento de produção via ferrovias em todo País”.

“Com a retomada gradual do setor, está evoluindo a demanda por equipamentos com mais tecnologia embarcada e mais eficiência na produção da massa asfáltica e no consumo de combustível.”

Jandrei Luis Goldschmidt, head de marketing do Wirtgen Group, detentor da Ciber Equipamentos

Atenta a esses indícios, neste ano, a Case se preparou não só para suprir a demanda, mas “aumentou ainda mais a participação no mercado, além de investir em ser competitiva durante todo o ciclo de vida do produto, focando no TCO (total cost of ownership) para as construtoras, pois toda economia proporcionada impacta positivamente na conclusão das obras”, informa França, frisando que a empresa “segue destinando recursos para tecnologia e inovação, atualizando e incrementando o seu portfólio, com previsão de lançar uma linha de rolo compactadores no próximo ano”.

A conjuntura das usinas de asfalto no Brasil e, mais especificamente de todo segmento de pavimentação, na visão de Jandrei Luis Goldschmidt – Head de Marketing do Wirtgen Group, detentor da Ciber Equipamentos – é mais dramática. Após sofrer queda superior a 80% entre 2015 até final de 2017, segue em ritmo “muito lento dentro do cenário de evolução da infraestrutura rodoviária. A demanda por usinas de asfalto é sempre um dos principais termômetros do setor, pois é ela quem produz e provê matéria-prima, ou seja, a mistura asfáltica para ser aplicada na recuperação ou em novas rodovias e estradas pelo País. Em 2019, a perspectiva é fechar o ano nos mesmos patamares de 2018, ou seja, sem crescimento aparente”.

Mesmo assim, Goldschmidt vê um horizonte com menos nuvens: “Com a retomada gradual do setor, está evoluindo a demanda por equipamentos com mais tecnologia embarcada e mais eficiência na produção da massa asfáltica e no consumo de combustível. Além disso, hoje, já são oferecidas ao mercado opções de usinas de asfalto com produção que varia de 20 toneladas/hora até volumes acima de 200 toneladas/hora, visando assim a atender a qualquer demanda e tamanho de obra, além de contarem com sistemas de monitoramento remoto e estarem preparadas para produzir massa asfáltica com material reciclado (RAP), asfalto borracha e diversos tipos de misturas especiais”, anuncia.

E a previsão do executivo do Wirtgen Group, fundada na percepção atual – “mercados das regiões Norte e Nordeste com um ritmo mais intenso de obras e, olhando mais no curto prazo, também percebe-se o mesmo movimento na região Sudeste, sobretudo no Estado de São Paulo, que demonstra acelerar o ritmo de obras e por conseguinte a demanda por equipamentos” –, é a de que “havendo projetos de infraestrutura rodoviária por todo Brasil, serão desencadeadas demandas por mais maquinas, movendo a cadeia produtiva e toda rede de suprimentos. O governo federal vem apresentando planos consistentes para que estas demandas aconteçam, e a indústria como um todo, assim como todos os setores no País, apostam e necessitam de melhores recursos viários para escoar toda a produção e os serviços”.