Matriz energética e matriz elétrica são conceitos importantes, não são sinônimos e, portanto, não são excludentes. Ao contrário, são conceitos complementares. Matriz energética refere-se aos recursos energéticos disponibilizados por um país, ou região, para consumo, seja pessoal, ou por processos produtivos. Por esta razão engloba todos os usos de energia, inclusive os não elétricos – óleo diesel, gás natural e etanol, por exemplo. Já a matriz elétrica diz respeito exclusivamente à produção de eletricidade, razão pela qual está ‘inserida’ na matriz energética. No Brasil, a matriz elétrica compreende várias fontes produtoras, além da hídrica – biomassa, eólica, fóssil, térmica, nuclear e solar. Resumidamente, enquanto a matriz energética compreende as fontes de todas as energias utilizadas, a matriz elétrica engloba as fontes utilizadas apenas para produção de energia elétrica.
De acordo com informações publicadas pelo Ministério de Minas e Energia (MME), através da Resenha Energética Brasileira – edição junho 2017, a Oferta Interna de Energia (OIE), em 2016, ficou em 288,3 milhões de tep (toneladas equivalentes de petróleo), resultado que retrata 3,8% de redução em relação a 2015.
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Ao longo do ano passado, a Oferta Interna de Energia Elétrica (OIEE) ficou em 619,7 TWh, montante 0,7% superior ao de 2015 (615,7 TWh). Por fonte, merecem destaque na ‘matriz elétrica’ os aumentos de 54,9% na oferta por eólica; de 44,7% por solar; e de 7,7% por nuclear. As ofertas por óleo fóssil, gás natural e carvão mineral recuaram 52,8%, 28,9% e 9,8%, respectivamente.
A supremacia da geração hidráulica ficou mais acentuada em 2016, representando 67,1% da estrutura da OIEE (incluindo a importação de Itaipu), contra os 64% verificados em 2015 (65,2%, em 2014, e 70,6%, em 2013). Do total de 619,7 TWh disponibilizados no ano passado, 18,3% corresponderam às energias não renováveis e 81,7% às energias renováveis. O quadro da oferta interna de energia elétrica, segundo o Relatório do MME, apresentou o seguinte perfil: energia de origem hidráulica (61,5% do total disponibilizado); bagaço de cana (5,7%); eólica (5,4%); outras renováveis (2,6%); óleo (2,0%); gás natural (9,1%); carvão (2,7%); nuclear (2,6%); outras não renováveis (1,9%); e Importação, por intermédio de Itaipu Binacional (6,6%). A disponibilidade da energia solar, também presente ao perfil da OIEE brasileira, foi muito baixa em 2016 – 0,014% do total. Neste segmento, a boa notícia é que existem perspectivas consistentes de essa fonte geradora chegar a percentuais da ordem de 10% da ‘matriz elétrica’ a partir de 2020. Em proporção semelhante também deverá evoluir a energia eólica, com perspectivas de participação no futuro imediato de mais de 10% no ranking.
Em 2016, a capacidade instalada de geração elétrica brasileira apresentava a seguinte estrutura – 1.259 usinas hidrelétricas (220 de grande porte, 453 de pequeno porte e 586 centrais geradoras) que ofertaram, juntas, 96,9 mil MW, perfazendo 64% da capacidade instalada no País; 534 usinas de biomassa (399 de bagaço de cana, 29 de biogás e 106 de lixívia e outras fontes) num total de 14,1 mil MW; 413 usinas eólicas, totalizando 10,1 mil MW; 44 usinas solares, perfazendo 24 MW; duas térmicas nucleares (movidas a urânio), somando 2 mil MW; 192 usinas a gás (156 a gás natural e 36 a gás industrial) totalizando 14,6 mil MW; 2.220 geradoras a óleo, num total de 8,8 mil MW; 13 usinas a carvão mineral, totalizado 3,4 mil MW; e 30 usinas de fontes desconhecidas, num total de 150 mW. Todo esse conjunto de geração somou 13,6 mil unidades produtoras, perfazendo 156,2 mil MW de potência instalada.
Segundo o Relatório do MME, a extensão total do sistema nacional de transmissão de energia elétrica alcançou, em dezembro de 2016, a marca de 136,1 mil km, montante que, além da Rede Básica do SIN, inclui 551 km relativos aos Sistemas Isolados, 3.224 km do Sistema de Conexão de Itaipu (600 kV) e 606 km de redes complementares. Em capacidade de transformadores foram adicionados 11,5 mil MVA em 2016 (acréscimo de 3,6%), elevando o total para 332,6 mil MVA.