Mercado externo: suporte à internacionalização envolve promoção, consultoria e parcerias

A internacionalização é um dos caminhos buscados pelas empresas para ampliar o mercado. No caso das empresas representadas pela ABIMAQ, a Diretoria de Comércio Exterior é uma intermediária importante, responsável por conduzir, no plano técnico e estratégico, as ações da Entidade direcionadas à expansão do ambiente de negócios em comércio exterior e da competitividade das empresas do setor no comércio global.

Como explica Patrícia Gomes – diretora Executiva de Mercado Externo da ABIMAQ – “além da representação do setor na interlocução com o governo brasileiro, com representantes de governos estrangeiros e com outras entidades nacionais e internacionais, a Diretoria de Mercado Externo presta suporte às associadas ABIMAQ em diversas áreas, como defesa comercial, legislação de importação, negociações internacionais, operações de comércio exterior e promoção comercial internacional.”

Essa Diretoria também é a interface junto à ApexBrasil no programa Brazil Machinery Solutions – BMS, que há mais de uma década oferece soluções para empresas do setor de máquinas e equipamentos que queiram promover seus produtos ou expandir suas operações no exterior, atividades de capacitação, de inteligência, para adquirir conhecimento sobre os mercados internacionais, e de atração de investimentos diretos estrangeiros.

No balanço desse programa relativo ao ano 2024, qualificado como bastante positivo, Patrícia Gomes lista a realização de 15 ações, incluindo a participação em feiras internacionais, projetos compradores e ações de imagem e comunicação (Projeto Imagem), promovendo a indústria brasileira de máquinas e equipamentos no exterior. “Essas iniciativas alcançaram quatro continentes, reforçando a presença global do setor. Como reconhecimento desse trabalho, o BMS foi indicado na categoria de apoio a empresas exportadoras no Prêmio ApexBrasil e Revista Exame Melhores dos Negócios Internacionais, ficando entre os 3 melhores”, destaca a diretora Executiva de Comércio Exterior da Entidade.

Competitividade

Expandindo o relatório a outras atividades, Gomes agrega um conjunto robusto de ações voltadas ao mercado internacional, objetivando fortalecer a competitividade da indústria brasileira, como o envolvimento na recomposição das tarifas de importação para bens de capital (BK) e bens de informática e telecomunicações (BIT), “devido à redução tarifária de 20% ainda vigente, enquanto outros setores tiveram uma redução menor, de 10%. Para isso, a ABIMAQ organizou uma coalizão com outras entidades setoriais e realizou reuniões com o governo para pleitear a correção dessa diferença tarifária, com expectativa de revisão em 2025.”

Além disso, a Entidade acompanhou de perto o impacto das barreiras tarifárias e comerciais impostas aos produtos do setor siderúrgico, principal insumo da indústria de máquinas e equipamentos; opôs-se ao pedido do setor siderúrgico para aumentar a tarifa de importação de 31 produtos, defendendo os interesses da indústria de máquinas e equipamentos. Após amplo debate, o Gecex-Camex aprovou o aumento da tarifa de importação para 11 produtos, com a criação de cotas de importação para controlar a entrada desses produtos no País, com a imposição da tarifa de 25% (extracota).

Fundo clima e Mercosul

Em dezembro de 2024, o Conselho Monetário Nacional (CMN), a pedido da ABIMAQ, aprovou medidas para incentivar o setor eólico, incluindo a redução da taxa de juros do Fundo Clima 8% para 6,5% ao ano e a extensão do prazo de reembolso de 16 para 24 anos. Ao mesmo tempo, aumentou a taxa para projetos de energia solar para 9,5% ao ano. Essas mudanças visam a fortalecer a cadeia produtiva eólica, que possui um prazo de retorno mais longo, e que já tem uma cadeia produtiva organizada no Brasil, gerando mais renda e empregos ao País.

Outro ponto relevante foi a crise cambial na Bolívia, que afetou diretamente as exportações brasileiras de máquinas e equipamentos. A ABIMAQ enviou ofícios à Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) e ao Ministério das Relações Exteriores relatando as dificuldades das empresas para receber pagamentos e sugerindo soluções como a implementação do Sistema de Pagamento em Moeda Local (SML). Paralelamente, promoveu conselhos e encontros para discutir os impactos das restrições cambiais nesses mercados estratégicos.

A Entidade também teve forte participação nas negociações comerciais internacionais, incluindo o Novo Regime de Origem do Mercosul, que entrou em vigor em 2024 com o objetivo de simplificar regulamentações e ampliar a competitividade das empresas brasileiras. Além disso, a ABIMAQ acompanhou as tratativas para a assinatura de acordos comerciais do Mercosul com os Emirados Árabes Unidos e a União Europeia, analisando os impactos desses tratados para os fabricantes de máquinas e equipamentos.

No setor de Defesa, a ABIMAQ se envolveu ativamente nas negociações do Acordo Recíproco de Aquisições de Defesa entre Brasil e Estados Unidos (RDPA), que pode ampliar as exportações brasileiras para o mercado norte-americano, fortalecendo o setor de equipamentos de defesa.

Outras ações estratégicas incluíram a defesa comercial contra práticas desleais de comércio, como subfaturamento e classificação indevida de mercadorias, além da participação no B20 Brasil, grupo de engajamento empresarial do G20, contribuindo para a formulação de políticas públicas voltadas ao crescimento sustentável e inclusivo.

Além disso, o estabelecimento de parceria com outras sete associações do setor em toda a América Latina busca fortalecer a cooperação regional, promover o intercâmbio de conhecimentos e incentivos conjuntos que impulsionem o desenvolvimento da indústria.

BMS: tecnologia como motor da exportação

Nas ações realizadas no exterior, dentre os segmentos industriais representados pela ABIMAQ, destacaram-se em 2024 os setores de máquinas para a indústria do plástico, agrícola e alimentícia e de processamento de proteína animal. “Esses segmentos demonstraram forte presença no cenário internacional, impulsionados pelo suporte do BMS e pelo aumento das oportunidades comerciais em mercados estratégicos como Colômbia, Estados Unidos e Argentina”, informa Gomes.

Segundando a diretora da ABIMAQ, Maria Paula Velloso, gerente de Indústria e Serviços da ApexBrasil, agrega entre os segmentos que mais se destacaram nessas ações conjuntas as indústrias de máquinas para transformação de plásticos, máquinas para o setor têxtil e para mineração, frisando, ainda, que a Agência, em 2024, criou a “Plataforma Brasil Exportação, gerida pela ApexBrasil e que congrega diversas instituições e seus serviços relacionados ao comércio exterior.”

A proximidade da ApexBrasil à ABIMAQ – explicita Velloso – baseia-se no fato de este ser um “setor de desenvolvimento de tecnologia e capaz de oferecer soluções criativas e flexíveis para os compradores estrangeiros, o que confere competitividade internacional ao setor e traduz-se em exportações de maior valor agregado.”

Olhando para 2025, a gerente da ApexBrasil entende que o setor pode contribuir com os resultados do ponto de vista da parceria incentivando “a ampliação de exportação de produtos de maior valor agregado e as empresas não exportadoras, principalmente aquelas de pequeno porte, a se capacitarem para o comércio exterior e participarem das ações de promoção, incrementando a base exportadora nacional e contribuindo para o superávit da nossa balança comercial, e, como decorrência, gerar mais empregos e renda.”

Além da promoção comercial

Além das ações de promoção comercial, o Departamento de Promoção Comercial e Relações Internacionais da ABIMAQ desempenhou papel fundamental no atendimento às empresas associadas em temas de internacionalização. Esse suporte incluiu levantamento de dados, aproximação institucional e relacionamento com missões diplomáticas brasileiras e governos estrangeiros, permitindo a indicação de fabricantes brasileiros para diferentes mercados.

Outro destaque foi a realização do Seminário de Ferramentas Estratégicas, promovido na sede da ABIMAQ no mês de novembro de 2024, além de outras sessões de atualização voltadas para os associados. Esses eventos tiveram como objetivo apresentar questões estratégicas, panoramas de mercado e mudanças regulatórias, fornecendo informações essenciais sobre os principais mercados internacionais e seus players.

“Dessa forma, 2024 consolidou-se como um ano de avanço e fortalecimento das iniciativas de promoção internacional da ABIMAQ, preparando o caminho para um 2025 ainda mais dinâmico e estratégico para a indústria brasileira de máquinas e equipamentos”, frisa Gomes.

Perspectivas para 2025

Para 2025, as perspectivas são promissoras, tanto na visão da ApexBrasil quanto da ABIMAQ.

Na opinião de Maria Paula Velloso, durante 2025, está sendo dada continuidade na estratégia e na execução das ações usuais e, “adicionalmente, como novidade, incluiremos ineditamente na parceria a execução da feira OTC 2025, em Houston, para o segmento de óleo e gás. Também gostaria de destacar duas ações especificamente direcionadas para as empresas do Norte e do Nordeste: Rodada de Negócios Agroalimentício 2025 no Ceará e Rodada de Negócios Multissetorial Argentina.”

A ABIMAQ, por sua vez, pretende expandir ainda mais suas iniciativas, consolidando a presença brasileira em eventos internacionais e fortalecendo a rede de contatos institucionais. Especificamente sobre as novidades citadas pela gerente da ApexBrasil, voltadas à vertical Petróleo e Gás e a indústrias de máquinas e implementos agrícolas das regiões brasileiras do norte e nordeste, Patrícia Gomes reforça que o foco dessas ações está na ampliação das oportunidades de negócios para as empresas associadas, mantendo o compromisso com a internacionalização do setor e maior participação das exportações no faturamento das empresas. E agrega: “Adicionalmente, negociaremos uma nova proposta de projeto setorial com a ApexBrasil para o biênio 2025-2027 (outubro a outubro), com o objetivo de apoiar mais ações voltadas para a promoção da exportações da imagem do setor, com a participação de mais empresas da indústria de máquinas e equipamentos.”

Para 2025, as perspectivas incluem a continuidade das negociações de acordos internacionais, acompanhamento da recomposição de tarifas de BK e BIT, fortalecimento da competitividade da indústria brasileira e apoio às associadas na adaptação a novas regulamentações.

“Espera-se também uma intensificação das discussões sobre sustentabilidade, descarbonização e impactos do comércio internacional, além da busca por soluções para entraves no recebimento de exportações para mercados como Bolívia e Argentina”, relata Gomes, sem deixar de citar os desafios impostos pela nova presidência dos EUA, “com medidas restritivas de comércio, o que demanda maior negociação por parte do governo brasileiro e do setor empresarial.”