O crescimento do Mercado Livre – que inclui eletricidade, gás, crédito de carbono e etanol – é uma das tendências identificadas por instituições do setor, como a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeolica), que reúne empresas do setor, e contribui para o desenvolvimento da energia eólica no Brasil. Em um ambiente com dois atores principais – Ambiente de Contratação Regulado (ACR-Mercado Regulado) e Ambiente de Contratação Livre (ACL – Mercado Livre) – e com requisitos que limitam o acesso do mercado livre a apenas os 12 mil maiores consumidores, mas que de fato conta com a adesão de somente 5.600, à frente do processo está a Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel).
Reginaldo Almeida de Medeiros, presidente Executivo da Abraceel, comentando que o mercado livre representa 31% de todo o consumo nacional, lamenta as determinações, que, segundo ele, causam enorme discriminação com 80 milhões de pequenos e médios consumidores. “ Nós defendemos o fim da segmentação ACL/ACR com liberdade total de escolha para os 80 milhões de consumidores no menor prazo possível. Nossos estudos demonstram que, respeitando-se todos os contratos existentes, é possível dar o direito de escolha a todos os consumidores já em 2024”. Entre seus argumentos está a redução média obtida pelos consumidores optantes pelo mercado livre, que ficou na casa de 23%”, argumenta, informando que, atualmente, 81% do consumo industrial brasileiro está no mercado livre, que também tem atraído novos atores, como bancos.
Esse mercado está segmentado em consumidores acima de 3 MW (fatura mensal superior a R$ 300 mil, aproximadamente) e consumidores entre 0,5 e 3 MW (fatura mensal em torno de R$ 70 mil, aproximadamente), chamados de consumidores especiais, que somente podem adquirir energia de fontes incentivadas: Pequenas Centrais Hidrelétricas, eólica, biomassa e solar, o que torna a atividade grande propulsora das fontes alternativas.
“Nos últimos 12 meses, foram gerados 44 TWh de energia eólica e 44% da produção foi vendida no mercado livre” – lembra Medeiros. O total gerado apresenta crescimento de 24% em reação aos doze meses imediatamente anteriores e representa 8% de toda a geração do Brasil.
Braz Justi, diretor da Esfera Energia, uma das empresas comercializadoras de energia no Mercado Livre, destaca o valor comercial “bastante atrativo da energia eólica” e alerta para riscos tais como exposição de preços oriundos de consumo realizado em região diferente da região onde a energia é produzida (unidade consumidora localizada no Sudeste comprando uma energia produzida por uma eólica localizada no Nordeste, por exemplo), sazonalidade da produção dessa energia, entre outros. Para evitar essas armadilhas comerciais no momento do efetivo suprimento energético, recomenda “a realização de um estudo prévio e de uma negociação extremamente ativa, com assessoramento efetivo de profissionais especializados no mercado”.
Esse alerta ganha importância com o crescente número de interessados, pois “existem cada vez mais consumidores preocupados com o tema sustentabilidade, o que promove uma busca cada vez maior por energia gerada através de fontes renováveis”.