Aumentos no faturamento, no número de empregos e nas exportações registrados no primeiro semestre de 2024 colocam a mineração brasileira em rota de crescimento, após ter fechado 2023 com resultados praticamente empatados com o ano de 2022.
As perspectivas para a mineração no Brasil para os próximos meses deste ano também são positivas. O relatório da EY sobre Riscos e Oportunidades do setor de Mineração e Metais em 2024 sinaliza que o setor continuará focado em sua adaptação às novas demandas advindas da transição energética e aos requerimentos impostos pela legislação e stakeholders associados à sustentabilidade e à descarbonização.
Os preços das commodities seguem oscilando, mas, como informa Afonso Sartorio, líder de Energia e Recursos Naturais da EY, com base no minério de ferro, essas variações derivam, especialmente, “dos possíveis aumentos tarifários do aço nos EUA, que podem impactar a procura do minério, as incertezas sobre o setor imobiliário na China e o aumento dos estoques de minério de ferro nos portos chineses.”
Investimentos estratégicos, inovação e compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade social são aspectos relacionados pelo consultor como intrinsicamente vinculados ao sucesso futuro do setor mineral e somam-se ao endereçamento de alguns desafios, pois o mapeamento geológico é menos abrangente e acurado do que o disponível em outros países de destaque em mineração, e o financiamento para exploração e projetos é mais custoso para empresas júnior e médias.
Sartorio reconhece o esforço do governo em promover iniciativas que criem condições para o desenvolvimento do setor. Contudo, alterações precisam ser processadas: “Nosso processo de licenciamento para projetos e operações é moroso quando comparado aos em vigor em países que competem com o Brasil em atração de capital para o setor. Ao tomar as medidas certas, o Brasil pode se estabelecer como líder em produção mineral estratégica e em boas práticas sustentáveis de mineração.”
Todos esses tópicos apontados pelo consultor da EY dependem de investimentos, de equipamentos, de máquinas, de tecnologia etc. E, coerentemente com o crescimento dos resultados do setor minerário, a previsão de investimentos em projetos para o período 2024-2028 também evoluiu, de US$ 50 bilhões para US$ 64,5 bilhões.
Essa projeção, estimada pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) com base em informações das mineradoras, “está 28,8% superior à previsão do período 2023-2027”, avisa Raul Jungmann, diretor-presidente do IBRAM, e explica: “Os anúncios do setor desde o ano passado para investimentos em projetos socioambientais, de logística e minerais críticos foram os principais motivos da elevação da projeção.”
Pesquisa, desenvolvimento e inovação
Uma atividade como a mineração, que é desenvolvida em ambientes altamente agressivos, máquinas e equipamentos são fundamentais em todas as etapas, inclusive como promotores da segurança dos trabalhadores, contribuindo, ainda, com a produtividade e a sustentabilidade.
A diversidade de bens minerais disponíveis em território nacional também funciona como propulsora de inovações. Exemplo é o ineditismo da atividade de descaracterização das barragens a montante, uma tarefa complexa, multidisciplinar e sem precedentes na Engenharia.
“Nunca foi feito em nenhum lugar do mundo. Então, é um desafio para a nossa engenharia, que, sabemos, é muito competente. Mas é um processo delicado, que leva tempo. Nesse cenário, o importante são os avanços em termos de segurança, de responsabilidade social e ambiental que estamos efetivamente conquistando. Não significa que devemos relaxar e celebrar. Devemos é redobrar nossas atenções e fazer ainda mais”, ressalta Jungmann.
E a cadeia de fornecedores da mineração, comprovando a capacidade de inovação e o conhecimento tecnológico, vem dando sua contribuição para equacionar a problemática das barragens, desenvolvendo e aplicando técnicas e tecnologias, pesquisando alternativas envolvendo a destinação dos rejeitos, a exemplo de filtragem e empilhamento a seco e aproveitamento dos rejeitos como matéria-prima na construção civil.
De acordo com o diretor-presidente do IBRAM, “o valor investido não é o mais importante, mas, sim, os avanços obtidos. No entanto, a indústria da mineração já investiu US$ 2 bilhões nas medidas de segurança e projeta investir total superior a US$ 6 bilhões (cerca de R$ 30 bilhões) para descaracterizar todas as barragens identificadas.”
Alguns números Em relação ao primeiro semestre de 2023, os resultados computados nos primeiros seis meses de 2024 podem ser resumidos em: • 2.700 municípios mineradores • R$ 129,5 bilhões de faturamento o que significa 8% de aumento. • 218 mil empregos diretos, incluindo as 5.447 novas vagas entre janeiro e maio de 2024 (Caged) • US$ 21,5 bilhões em exportação de 186 milhões de toneladas, aumento de 8,5% em dólar e 5% em tonelagem • R$ 44,7 bilhões em impostos e tributos, dos quais R$ 3,6 bilhões direcionados à CFEM –, computando elevação de 8% • US$ 64,5 bilhões de investimentos para o período 2024-2028 • 8.000 mineradoras, ou seja, empresas que detém o direito de minerar • 3.000 minas, sendo apenas 159 de grande porte • 70 substâncias minerais diferentes existem no território brasileiro • 37 substâncias metálicas com títulos ativos de pesquisa e lavra registrados • alumínio, cobre, estanho, ferro, manganês, nióbio, níquel e ouro corresponderem a 98,6% do valor da produção mineral comercializada