BNDES: Demanda por financiamentos e expectativa de investimentos permitem expansão

Tiago Luiz Cabral Peroba, chefe do Depto. de Clientes e Relacionamento Institucional da Área de Operações e Canais Digitais do BNDES

Principal instituição de desenvolvimento em âmbito nacional, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES é um dos muitos parceiros da ABIMAQ nesse campo e, como braço de fomento do governo, durante 2020 foi o principal agente de amparo às empresas brasileiras, em uma época em que praticamente todas ansiaram por capital de giro.
Nesta entrevista exclusiva para a revista Máquinas & Equipamentos, Tiago Luiz Cabral Peroba – chefe do Departamento de Clientes e Relacionamento Institucional da Área de Operações e Canais Digitais do BNDES – apresenta os resultados da instituição, descreve as ações focadas na indústria e comenta o relacionamento do Banco com a ABIMAQ. Revela, ainda, as linhas especiais para a Indústria 4.0 e a redução de emissões de carbono.
Como associação brasileira representativa das fabricantes de máquinas e equipamentos, a ABIMAQ mantém diálogo permanente com o BNDES, conta com a contribuição das instituições financeiras parceiras e atua como intermediária em pleitos com o governo e agentes financeiros nacionais e regionais, de modo a apoiar as associadas e seus clientes na busca de linhas compatíveis com a necessidade de cada empresa, sempre por meio do Departamento de Financiamentos da Entidade, que, em 2020, realizou mais de 3.300 atendimentos.
Boa leitura!

A parceria entre BNDES e ABIMAQ objetiva contribuir para o aumento da chance de obtenção de crédito por parte das associadas. Entre os ganhos percebidos pelas associadas, destaque para acesso ao Posto de Informação da Entidade para sanar dúvidas sobre as linhas do Banco; recebimento periódico de informações atualizadas sobre os produtos do BNDES; e possibilidade de participação nos eventos promovidos junto com o Banco.

Máquinas & Equipamentos – Que balanço o BNDES faz de 2020 em relação às linhas de financiamento da instituição?
Tiago Luiz Cabral Peroba –
Os desembolsos do Banco em 2020 alcançaram R$ 64,9 bilhões, um aumento de 17% em relação a 2019, com 52,5% dos desembolsos indo para MPMEs, segmento responsável por 98,3% das 223,8 mil operações aprovadas.
Entre os setores em 2020, destacam-se infraestrutura, com R$ 24,8 bilhões desembolsados (38,1% de participação no total e crescimento de 1% em relação a 2019); agropecuária, responsável por R$ 16,6 bilhões em desembolsos (25,6% de participação e crescimento de 5%); indústria com R$ 13,3 bilhões (participação de 20,4% e crescimento de 50%); e comércio e serviços com R$ 10,3 bilhões (participação de 15,8% e crescimento de 65%).
Sob a ótica da distribuição geográfica, os desembolsos se concentraram na região Sudeste com R$ 28,5 bilhões – participação de 43,9% e crescimento de 39% em relação a 2019, e na região Sul com R$ 18,5 bilhões – participação de 28,5% e crescimento de 16%; seguidos pelas regiões Norte – R$ 3,1 bilhões, Nordeste – R$ 6,8 bilhões e Centro-Oeste – R$ 8,0 bilhões, que juntas representaram 27,6% dos desembolsos totais no período.
Por fim, destacamos o desempenho do BNDES Finame, o produto mais demandando pelas associadas da ABIMAQ, destinado principalmente ao financiamento de máquinas e equipamentos nacionais credenciados no BNDES. Em 2020, os desembolsos do Finame alcançaram R$ 16,5 bilhões, representando 25,5% do total do BNDES no período, com um total de 48 mil operações desembolsadas.

M&E – E especificamente com relação às medidas emergenciais durante 2020, o que deve ser destacado?
Peroba –
No ano de 2020, o BNDES irrigou a economia brasileira com R$ 154 bilhões em iniciativas de auxílio às empresas para o enfrentamento dos efeitos da pandemia de Covid-19. Desde o anúncio das primeiras medidas no fim de março, esse valor foi destinado prioritariamente a micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) e microempreendedores individuais (MEIs), que correspondem a 99,6% das 390 mil empresas apoiadas que, juntas empregam mais de 9,5 milhões de pessoas.
Como breve resumo das frentes de atuação, pode-se dizer que o BNDES desenvolveu produtos e instrumentos financeiros ágeis para atender a empresas de diversos setores da economia, em especial aos pequenos negócios, os mais afetados; financiou importantes operações que fortaleceram o sistema de saúde e apoiou o setor público, possibilitando a suspensão de pagamentos de parcelas de empréstimos a Estados e municípios.
Os números nesses programas são significativos. Para MEIs e MPMEs, o BNDES e o Ministério da Economia ofereceram garantias a 114,5 mil empresas por meio do Programa Emergencial de Acesso a Crédito (FGI PEAC), totalizando R$ 92,1 bilhões em créditos contratados, sendo R$ 82,3 bilhões destinados a pequenas e médias empresas. A linha BNDES Crédito Pequenas Empresas, para capital de giro, aprovou R$ 9,1 bilhões, apoiando 27,5 mil empresas.
Já as ações destinadas ao refinanciamento de operações, com a suspensão dos pagamentos (standstill), alcançaram R$ 3,1 bilhões, para 78 mil operações e 28 mil clientes, sendo que no caso das grandes empresas o total foi de R$ 13,3 bilhões, beneficiando mais de 29 mil empresas.
O Programa Emergencial de Suporte ao Emprego (PESE), em duas etapas, aprovou R$ 8 bilhões em crédito para pagamento da folha de salários de funcionários e quitação de verbas trabalhistas. Por outro lado, voltado ao financiamento a salários, gastos com fornecedores e manutenção da atividade-fim das empresas pertencentes à cadeia produtiva do setor audiovisual, o BNDES Audiovisual (FSA) apoiou com R$ 246 milhões 11 empresas que empregam mais de 7,5 mil pessoas.
O Programa BNDES Crédito Cadeias Produtivas concedeu R$ 117 milhões em financiamento a capital de giro a 211 pequenas e médias empresas da cadeia produtiva de grandes empresas; enquanto a linha PEAC Maquininhas, para empréstimos com base nas vendas realizadas por meio das maquininhas de cartão, chegou a R$ 3,1 bilhões aprovados para 109 mil empreendedores.
A área de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) também foi suportada pelo Banco, que aprovou R$ 20 milhões não reembolsáveis para projetos realizados em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII), que atendam às necessidades do sistema de saúde do País, ajudando no combate à pandemia. Ainda para a saúde, dois outros programas se destacaram: o Matchfunding Salvando Vidas, ação de financiamento coletivo destinado à compra de materiais, insumos e equipamentos para santas casas e hospitais filantrópicos, que arrecadou R$ 78 milhões (metade desse valor aportado pelo BNDES); e o Programa de Apoio Emergencial ao Combate da Pandemia do Coronavírus, cujas aprovações totalizaram R$ 309 milhões para o setor de saúde, contribuindo para a abertura de 2.900 leitos de UTI e enfermaria, aquisição de 1,7 mil equipamentos médicos, como monitores e ventiladores pulmonares, 4 milhões de kits de diagnósticos contra a Covid-19 e 58,4 milhões de equipamentos de proteção individual (EPIs).
Para atender necessidades de grandes empresas, o Banco, consorciado com mais 15 instituições financeiras, contratou R$ 15,3 bilhões na Conta Covid, para financiamento ao setor elétrico, de forma a evitar um aumento imediato das tarifas. E, finalmente, mas não menos importante, R$ 3,9 bilhões foram canalizados para ações emergenciais ao setor público, envolvendo suspensões de pagamentos de Estados e municípios, além de aceleração de R$ 225 milhões em liberações de financiamentos contratados por Estados.

O BNDES, em 2020, aprovou R$ 20 milhões não reembolsáveis para projetos realizados em parceria com a EMBRAPII na área de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

M&E – Durante 2020, houve alterações nas condições financeiras?
Peroba –
Duas ações se destacam entre várias e seguem vigorando. A primeira é o aprimoramento na Taxa Fixa do BNDES (TFB), importante referencial de custo financeiro para MPMEs, tais como: ampliação de 60 para 90 dias do prazo de liberação dos recursos; alteração dos passivos associados às séries TFB36 e TFB60, melhorando sua competitividade; e a implementação da TFB120, elevando o prazo total máximo de financiamento para dez anos. A outra alteração envolve o custo financeiro do Cartão BNDES. Até então, o produto contava com custo financeiro com passivos referenciados na Taxa de Longo Prazo (TLP) e, considerando que as operações de crédito são limitadas ao prazo total de 48 meses, implementou-se a alteração para passivos referenciados à taxa Selic. A modificação contribuiu para a redução do custo final e a possibilidade de ofertar aos clientes as menores taxas de juros desde a criação do Cartão BNDES.

M&E – Quais as expectativas para 2021?
Peroba –
A demanda por recursos do BNDES apresentou significativo crescimento em 2020. Com a retomada da economia, o nível de investimentos no Brasil e a demanda por recursos do Banco deve seguir em expansão. Para tanto, contribuirá o ambiente mundial e doméstico de juros baixos e com perspectiva de manutenção em patamares reduzidos pelos próximos anos, e estruturas a termos de taxas de juros com maior inclinação. Nesse ambiente, além das MPME, relevantes para o crescimento e a geração de empregos, será importante para aquelas empresas dos setores industrial e de infraestruturas, propensas a realizar investimentos de maior prazo de maturação, seguir contando com o BNDES como fonte de recursos.

M&E – BNDES e ABIMAQ mantém parceria há muitos anos. Qual o balanço o Banco faz das ações desenvolvidas em conjunto?
Peroba –
O propósito da parceria entre BNDES e ABIMAQ é contribuir para o aumento da chance de obtenção de crédito do BNDES por parte das associadas, com diversos fanhos percebidos, tais como: acesso ao Posto de Informação da Entidade para sanar dúvidas sobre as linhas do Banco; recebimento periódico de informações atualizadas sobre os produtos do BNDES; e possibilidade de participação nos eventos promovidos junto com o BNDES.
De fato, não existe nesse momento uma métrica para controle das conversões dos financiamentos que possa medir o sucesso da parceria, pois o foco é levar a informação sobre o Banco às empresas associadas. Contudo, o Posto de Informações ABIMAQ/BNDES realizou cerca de 1.800 atendimentos com vistas a informações do Banco.

M&E – Especificamente no caso das associadas da ABIMAQ, quais os produtos que a instituição tem a oferecer?
Peroba –
As empresas associadas à ABIMAQ podem ter acesso aos produtos e instrumentos financeiros previstos nas políticas operacionais do BNDES, que são oferecidos por meio de financiamentos, subscrição de valores mobiliários, prestação de garantias e estruturação de projetos. Tais políticas refletem a diretriz de atuação da Instituição, que busca induzir ações que tenham impacto positivo nos diversos setores da economia em termos de produtividade, geração de empregos, benefícios ambientais, inovação e melhoria na qualidade de vida da população.
Para cada produto existem Linhas de Financiamento, Programas e Fundos que estabelecem regras específicas de acordo com o beneficiário, setor e/ou empreendimento apoiado. A forma de apoio do Banco pode dar-se de forma Direta, para operações de financiamento com valor superior a R$ 40 milhões, mas, em casos específicos, é possível solicitar apoio direto a financiamentos de valor inferior a esse limite como o Finame Direto, que pode permitir o apoio a operações em valores a partir de R$ 20 milhões; e Indiretas, operações realizadas por meio de instituições financeiras credenciadas, incluindo agências de fomento, bancos de montadoras, cooperativas de crédito, bancos cooperativos, bancos privados e bancos públicos, responsáveis pela análise do financiamento, negociam as condições com os clientes – respeitando algumas regras e limites definidos pelo BNDES – e assumem o risco de não pagamento da operação, podendo, por isso, aceitar ou não o pedido de crédito. Fornecidas independentemente do porte das empesas, as operações indiretas contam com garantias complementares por meio do Fundo Garantidor para Investimentos (BNDES FGI). Há ainda, em situações específicas, o apoio de natureza não reembolsável, com recursos próprios ou de terceiros. Entre os produtos voltados para financiamentos e crédito estão BNDES Finem, Limite de Crédito, Debêntures, BNDES FINAME, BNDES Finame Direto, BNDES Automático, Cartão BNDES e BNDES Microcrédito. Existem, ainda, soluções em participações e atuação em prestação de serviços, como estruturação de projetos e suporte a entes públicos em projetos de desestatização.

Com a retomada da economia, o nível de investimentos no Brasil e a demanda por recursos do Banco devem seguir em expansão durante 2021

M&E – Quais as linhas de crédito focadas em máquinas e equipamentos?
Peroba –
O principal produto do BNDES para financiamento de máquinas e equipamentos é o BNDES Finame. No âmbito deste produto, há linhas e programas com diferentes finalidades, dentre as quais: aquisição e comercialização de bens de capital; capital de giro associado à produção de máquinas, equipamentos e bens de informática e automação e limite de crédito para financiamento à aquisição, comercialização e produção de bens de capital ou de bens industrializados.
Especificamente a fabricante de máquinas e equipamentos, conta com a linha BK Produção, que objetiva conceder capital de giro destinado ao ciclo de produção de máquinas, equipamentos, sistemas industriais, componentes e bens de informática, fabricados sob encomenda e com fornecimento contratado com as compradoras; e linhas de limite de crédito para financiamento à aquisição, à comercialização e à produção de bens de capital ou de bens industrializados, como BNDES Finame Direto, BNDES Finem Crédito Máquinas e Veículos Direto e Finame Materiais para financiamento ou limite de crédito para aquisição de bens industrializados, de fabricação nacional, a serem empregados no exercício da atividade econômica do cliente, exceto alimentos, bebidas, combustíveis, lubrificante, dentre outros.
Contudo, vale mencionar que fabricantes de máquinas e equipamentos, como qualquer outra empresa elegível a tomar recursos nos demais produtos do Banco, contam com um portfólio de instrumentos para aquisição de bens de capital, realização de investimentos e apoio às necessidades do dia a dia.
Há, ainda, recursos oferecidos por meio dos Programas Agropecuários do governo federal (PAGFs) e das linhas de crédito específicas do BNDES, voltadas ao setor do agronegócio, que são também operacionalizados pelo produto BNDES Finame, a exemplo de Moderfrota, para aquisição de tratores e colheitadeiras; PCA, para aumento da capacidade de armazenagem; Pronamp, Inovagro, Moderagro, Moderinfra, Prodecoop e Pronaf.
Também há linhas específicas do Banco, como BNDES Agro, para aumento da capacidade de armazenagem das agroindústrias de carne, leite, açúcar e trigo e para a aquisição de pulverizadores aéreos agrícolas; BNDES Crédito Cerealista a empresas cerealistas que desejam investir em obras civis e/ou aquisição de máquinas e equipamentos necessários à construção de armazéns; o BNDES Crédito Rural, outro programa específico do Banco, é voltado ao apoio às atividades agropecuárias, incluindo a pesca, a aquicultura e a produção florestal, e agroindustriais, por meio da concessão de financiamentos para aquisição isolada de máquinas e equipamentos, bem como para projetos de investimentos. Esta linha, criada em março de 2020, conta com recursos exclusivos do BNDES e atua como fonte complementar aos recursos equalizados dos PAGFs de todo Ano-Safra.

M&E – As linhas Finame ganharam novas opções, quais as finalidades de cada uma delas?
Peroba –
Inicialmente é importante reafirmar que as máquinas e equipamentos financiados devem, obrigatoriamente, estar credenciados no Finame (Portal CFI) do BNDES, respeitando os requisitos de conteúdo nacional, a fim de induzir o fortalecimento do setor de bens de capital do país e o desenvolvimento de encadeamento inter-setoriais das cadeias produtivas.
Às linhas tradicionais do Finame – Ônibus e Caminhões, BK Produção, Demais BK e Setor Público – e do Finame Direto – Máquinas e Equipamentos e Bens Industrializados– mais recentemente foram agregadas Finame Máquinas 4.0, direcionada à aquisição de máquinas e equipamentos com tecnologia 4.0; e Finame Baixo Carbono voltado a energia solar e eólica.

M&E – Em 2020, o BNDES Finame desembolsou R$ 16,5 bilhões. Quais foram os destaques?
Peroba –
Dentre as linhas e programas que utilizam recursos do BNDES Finame, em 2020, destaque para o Moderfrota e para BNDES Finame Ônibus e Caminhões, responsáveis por 45% dos desembolsos e 30% dos desembolsos, respectivamente.
Destaca-se, também, a participação das MPMEs no produto, que, em 2020, foram responsáveis por 85% dos desembolsos e 94% do total de operações do BNDES Finame aprovadas no período.
BNDES Finame Materiais Industrializados, linha criada em 2019 no âmbito do Produto BNDES Finame, é um dos mais tradicionais produtos do Banco, ampliou seu portfólio itens financiáveis na aquisição de máquinas e equipamentos sem credenciamento prévio, incluindo insumos industrializados para fabricação de outros produtos, produtos acabados para revenda, materiais de construção, materiais de escritório, mobiliário, dentre outros. Empresas de qualquer porte podem abrir um limite de crédito válido por até 2 anos junto a um agente financeiro credenciado no BNDES e utilizá-lo de forma simples e ágil mediante apresentação da nota fiscal da compra.

Finame soma novas linhas: Máquinas 4.0, para aquisição de máquinas e equipamentos com tecnologia 4.0; e Baixo Carbono, voltado a energia solar e eólica.

M&E – Indústria 4.0 é tema prioritário na busca de competitividade da indústria nacional. Como o BNDES apoia esse movimento?
Peroba
– Entendendo as novas demandas que surgem da indústria com o ecossistema 4.0, o BNDES criou a linha BNDES Finame Máquinas 4.0 em 2019 e o Produto BNDES Crédito Serviços 4.0 em 2020. A modelagem de ambas as iniciativas contou com grande contribuição da ABIMAQ em suas definições de escopo e ainda são apoiadas pela Associação em diversas iniciativas de divulgação.
A BNDES Finame Máquinas 4.0 tem o objetivo de financiar a aquisição de máquinas e equipamentos com tecnologia 4.0, que tenham características de serviços de manufatura avançada e de internet das coisas (IoT). Entende-se por serviços de manufatura avançada soluções de robótica, transportes autônomos, inteligência artificial, computação na nuvem, manutenção preditiva, monitoramento de desempenho, realidade aumentada, comunicação máquina a máquina, manufatura híbrida e manufatura aditiva; e por serviços de internet das coisas (IoT), projeto, integração de equipamentos e componentes para conectividade, programação para coleta e análise de dados, software e serviços correlatos à implantação.
Esta linha exige uma marcação diferenciada no CFI dos bens com essas características para que o cliente se beneficie. Atualmente, há 65 fabricantes com máquinas credenciadas como 4.0, e o auxílio da ABIMAQ no fomento e na comunicação do credenciamento é fundamental para que a linha tenha uma base grande de bens no CFI e possa desempenhar com sucesso.
Já BNDES Crédito Serviços 4.0 permite a contratação de serviços necessários para manutenção e adaptação de máquinas a tecnologias de manufatura avançada e IoT. Atualmente, há 23 prestadores de serviços credenciados.

M&E – As linhas Finame ganharam novas opções, quais as finalidades de cada uma delas?
Peroba –
Inicialmente é importante reafirmar que as máquinas e equipamentos financiados devem, obrigatoriamente, estar credenciados no Finame (Portal CFI) do BNDES, respeitando os requisitos de conteúdo nacional, a fim de induzir o fortalecimento do setor de bens de capital do país e o desenvolvimento de encadeamento inter-setoriais das cadeias produtivas.
A essas, foram agregadas Finame Máquinas 4.0, direcionada à aquisição de máquinas e equipamentos com tecnologia 4.0 que tenham características de serviços de manufatura avançada e de Internet das coisas (Iot); e Finame Baixo Carbono, para aquisição e comercialização de sistemas de geração de energia solar e eólica, aquecedores solares, ônibus e caminhões elétricos, híbridos e movidos exclusivamente a biocombustível e demais máquinas e equipamentos com maiores índices de eficiência energética ou que contribuam para redução da emissão de gases de efeito estufa. Esta linha, aprovada em 2020 e com operação desde janeiro de 2021, é oriunda da fusão de duas linhas anteriormente existentes, BNDES Finame Energia Renovável e BNDES Finame BK Eficientes. Alinhado com a sustentabilidade também há o BNDES Fundo Clima, um subprograma Máquinas e Equipamentos Eficientes para financiamento à aquisição e à produção de máquinas e equipamentos com maiores índices de eficiência energética ou que contribuam para a redução de emissão de gases do efeito estufa.

M&E – Como o BNDES opera nas modalidades direta e indireta, as principias linhas de financiamento para o setor de máquinas e equipamentos são de que tipo?
Peroba –
Quanto ao acesso às linhas de financiamento, a maior parte dos instrumentos de apoio do BNDES à aquisição de máquinas e equipamentos é operada nas duas modalidades. Indiretamente, através da plataforma digital Canal MPME, a empresa interessada faz o preenchimento dos dados básicos da necessidade do cliente, envia propostas de crédito para agentes financeiros escolhidos pelo cliente no próprio site. Também é possível a aquisição de máquinas e equipamentos nas operações de modalidade direta, que são as operações contratadas pelo cliente diretamente com o BNDES.

M&E – O BNDES tem alguma limitação quanto ao porte da empresa?
Peroba –
Os produtos voltados para financiamentos e crédito são oferecidos a empresas de todos os portes, de acordo com a finalidade do investimento, como a aquisição de máquinas ou um projeto de modernização e expansão de negócios. Estão disponíveis os produtos BNDES FINEM, Limite de Crédito, Debêntures, BNDES Finame, BNDES Finame Direto, BNDES Automático, Cartão BNDES, BNDES Microcrédito, dentre outros.
Em participações existem soluções que implicam a entrada do Sistema BNDES direta ou indiretamente no capital de uma empresa ou sociedade de propósito específico, como investimento direto e por meio de fundos de investimento em participação. Quanto à atuação em prestação de serviços, há a possibilidade de estruturar projetos e dar suporte a entes públicos em projetos de desestatização.
No caso de garantias, por meio do Fundo Garantidor para Investimentos (BNDES FGI), o BNDES amplia as oportunidades de acesso ao crédito de empresas e empreendedores de menor porte, complementando as garantias nas operações indiretas. Em situações específicas, o apoio de natureza não reembolsável é possível, com recursos próprios ou de terceiros.