Participante do Demonstrador de Manufatura Avançada desde a primeira edição, em 2016, a Festo, como declara José Folha, Product Portfolio Manager South America dessa empresa, vê o local como “um espaço de integração entre empresas e de networking colaborativo, o que demonstra a capacidade das empresas em trabalharem em conjunto. Além disso, é uma oportunidade para mostrar na prática para os participantes da indústria como as mais novas tecnologias relacionadas à Manufatura Avançada contribuem para o aumento da produtividade”.
Para a Beckhoff Brasil, que integra essa experiência desde 2017, atratividade do estande está “na variedade de empresas e tecnologias, oferecendo aos visitantes diversas possibilidades para aprimorar a eficiência de suas máquinas e processos, além de promover o compartilhamento de conhecimento e disseminação de novos conceitos e networking de alta qualidade”, garante Bárbara Barreiros, coordenadora de Marketing na Beckhoff Brasil.
A FIT Engineering Systems, por sua vez, fez sua estreia no demonstrador de manufatura avançada em 2023. Mesmo assim, Davi Assaf, diretor de Engenharia de Aplicação da FIT Engineering Systems, reconhece que “a cada ano o espaço vem sendo otimizado para ter mais integração entre os cluster participantes, inclusive com adição de novos cluster voltados a áreas de meio ambiente utilizando tecnologia 4.0”.
Atratividade e relevância
Folha credita a atratividade exercida pelo Demonstrador para com o visitante à possibilidade de, “em um único espaço, visitar diversas tecnologias e viver a integração entre elas em um ambiente interativo”, e destaca, como diferencial, a possibilidade de “experimentar essas tecnologias na prática”.
“Este espaço é de grande relevância para a Beckhoff. A ABIMAQ é uma associação de destaque que mantém um diálogo aberto com os fabricantes de máquinas no Brasil. O engajamento deles é crucial para introduzir novas tecnologias junto às empresas e demonstrar como o mercado brasileiro pode evoluir. A Beckhoff está comprometida em contribuir para o avanço da indústria nacional, capacitando os fabricantes com soluções inovadoras e impulsionando a sua competitividade”, assegura Barreiros.
“Apresentar nossa tecnologia MES de comunicação DNC e monitoramento de máquinas CNC e equipamentos, ao vivo, realizando operações do dia a dia da indústria”, para Assaf, seria dificultoso em um estande tradicional. O Demonstrador – comemora ele – favorece a apresentação de “dashboards com indicadores, informações e gráficos de OEE, disponibilidade de máquinas, motivos de paradas, log de falhas ocorridas nas máquinas, histórico, dentre muitos outros relatórios”.
Evolução constante
O desenvolvimento do Demonstrador ao longo dessas edições é lembrado pelos entrevistados.
No caso da Festo, a evolução é percebida tanto no âmbito da Abimaq quanto das empresas parceiras, pois, “cada vez mais a colaboração está em evidência, e o Demonstrador tem evoluído muito nos quesitos inovação, interatividade e disponibilidade para troca de conhecimento”.
A constante incorporação de tecnologias e empresas é destacada por Barreiros. Dessa forma, o Demonstrador “mantém seu compromisso de oferecer as últimas tendências e soluções aos fabricantes de máquinas”.
Olhando por outro viés, Assaf explica que a tecnologia é feita de camadas e uma tecnologia é dependente de outra. Dessa forma, as camadas são ascendentes, evolutivas e interdependentes, ou seja, “é necessário fazer uma camada ou nível para alcançar a próxima fase, como se fosse os níveis de um jogo”. Para ser eficiente, exemplifica o executivo, primeiramente “as máquinas e equipamentos necessitam de uma rede estável para se comunicarem. Para o monitoramento, os equipamentos precisam ter os protocolos disponíveis; e, para o gerenciamento das ordens de produção (Scheduler), o MES deve se comunicar com o ERP”.
Nesse contexto, “no demonstrador o visitante pode ver uma simulação da operação real que ele tem (ou terá na sua empresa), observando como a tecnologia pode ajudá-lo. Ao invés de simplesmente ter um software rodando sozinho, nos clusters o visitante pode observar a integração entre diferentes ambientes e sistemas”, orienta o diretor da FIT.
Conceito (ainda) em construção
Para os entrevistados, no Brasil, a indústria 4.0 ainda está em desenvolvimento e enfrenta alguns desafios. Também há concordância sobre o grande potencial do conceito.
Na opinião da coordenadora de Marketing na Beckhoff Brasil, mesmo computando “um avanço significativo nos últimos anos em novas tecnologias, como Internet das Coisas (IoT), Inteligência Artificial (IA) e automação, ainda há um gap em infraestrutura, investimentos em pesquisa e desenvolvimento, assim como em capacitação de mão de obra especializada”.
Como prefere o gerente de produtos da Festo, manufatura inteligente “é um processo em curso, ainda há muito para evoluir. A produtividade e a competividade são fundamentais para que a indústria nacional possa crescer, e isso demandará investimentos em tecnologia dos produtos e automação de processos. Também é importante considerar a relevância da educação técnica neste processo de transformação tecnológica”.
Na visão do diretor de Engenharia de Aplicação da FIT “o conceito de indústria 4.0 está sendo iniciado nas indústrias de pequeno e médio porte. Vemos uma corrida para isso acontecer entre as empresas, mas ainda estamos longe e precisamos de muito investimento das próprias empresas e de incentivos governamentais. O retorno será em produtividade, e mais notas fiscais sendo geradas”.
O caminho para superar os obstáculos existentes sinalizado por Barreiros passa pelo esforço conjunto entre governo, indústrias, instituições de pesquisa, universidades e associações. Desse modo, “o desenvolvimento será acelerado e, com certeza, impulsionará o crescimento econômico e a competitividade global das indústrias”, assegura a coordenadora de Marketing na Beckhoff Brasil.