O desafio do mercado brasileiro de lubrificação

“O mercado brasileiro de lubrificantes industriais passa por um momento particularmente desafiador”, comenta José Roberto Godoy, diretor geral da Safra Química. Justifica essa percepção com números pesquisados por ele na internet: “A participação do mercado de lubrificantes industriais na demanda total de lubrificantes acabados no Brasil é relativamente menor (30%) em comparação com o mercado global, que representa cerca de 45% da demanda. De certo modo, esse percentual abaixo da média global retrata o impacto da situação econômica do País, especialmente em comparação com os demais países emergentes. Há ainda a preocupante queda na participação do PIB industrial brasileiro em relação ao PIB mundial ao longo dos anos”, lamenta.

A essa realidade marcada por “incertezas sobre a retomada do crescimento da nossa economia e da atividade industrial no novo cenário político”, Godoy soma a pressão crescente sobre os fabricantes de lubrificantes “para o desenvolvimento de formulações que reduzam o custo operacional”.

Nesse campo de atuação está a Unilub – União Lubrificantes. Milton Martins de Oliveira – diretor da empresa – comenta que a escolha entre óleo ou graxa dependerá das características do equipamento e do processo de produção, que “também podem requerer pastas e ceras. Parâmetros como velocidade, tipo específico de atrito, folgas ou ajustes, normas industriais, cargas, vazamentos no sistema, custo, temperatura, intervalo pretendido, entre outros, são fundamentais para potencializar os ganhos na lubrificação”, orienta.

O que não faltam nesse sentido são investimentos das fabricantes de fluidos para lubrificação. A Total Brasil, por exemplo, de acordo com informações de seu gerente Industrial de Vendas – Fábio Silva –, investe mais de US$ 1 bilhão por ano no desenvolvimento de novas tecnologias de óleos e graxas industriais para melhor performance dos equipamentos.

A aplicação de boas práticas em lubrificação industrial e a obediência aos preceitos mais avançados ainda carecem de universalização

Entre as formulações, Silva cita graxas de complexo de sulfonato de cálcio que atendem as condições severas de lubrificação industrial em áreas de siderurgia, mineração, papel e celulose, mesmo quando a temperatura, a carga e a contaminação são muito severas; e linha para metalworking, voltada para usinagem de metais, com fluidos isentos de óleos e à base de biopolímero e água, que confere às funções de lubrificação e refrigeração performance superior às tecnologias convencionais à base de óleos minerais. Outras características se destacam nesses produtos: são biodegradáveis, não atacam a pele dos operadores, não corroem tintas e vedações e melhoram “o desgaste de ferramentas em até 30%”, garante.

Raphael da Matta – coordenador de Marketing da Moove, empresa responsável pela fabrição e comercialização do portfólio da Mobil, no Brasil – agrega outro aspecto: “Diante do impacto positivo da lubrificação nas indústrias e consequentemente na sua competividade, há um movimento crescente da indústria em buscar parceiros que possam auxiliá-la a aumentar sua eficiência e produtividade através da lubrificação ao invés de buscar apenas um fornecedor de lubrificante. Essa parceria consiste em oferecer um produto de alto desempenho e agregar serviços especializados e a expertise técnica de um time de campo. Conhecendo o negócio e a operação do cliente, é possível estabelecer um trabalho com foco em melhoria contínua”.

A capacitação das equipes dos clientes e a contratação de empresas especializadas para prestação de serviço são elencados por Viana como “preocupação crescente em relação à lubrificação industrial. Com isso, a diferenciação entre lubrificantes de alta performance para commodities começa a ficar mais visível, uma vez que, com a aplicação de um lubrificante especial, os ganhos podem ser enormes em termos de manutenção”, resume.