A ‘Quarta Revolução Industrial’ começa a ganhar formas junto à indústria mundial. No Brasil, os primeiros setores em contato com essa surpreendente realidade são o agronegócio e bens de capital (BK)
Quase nenhum brasileiro desconhece que a agricultura representa umas das principais bases da economia do País desde os anos da colonização. Quase nenhum cidadão nascido nos quatro cantos desta imensa nação desconhece que essa atividade migrou das monoculturas praticadas nas fases colonial e imperial – mandioca, tabaco, cana de açúcar e café, respectivamente – em direção a uma produção ampla e totalmente diversificada verificada nos dias atuais. Na mesma proporção, número significativo de brasileiros reconhece que a indústria nacional de bens de capital é diversificada e das mais avançadas do mundo em termos tecnológicos. Produtos brasileiros – máquinas-ferramenta, equipamentos diversos, implementos, acessórios, entre tantos outros – são exportados para todos os quadrantes do planeta, em patamar de importância quase igual ao representado pelas commodities do agronegócio.
Curiosamente, o que somente poucos brasileiros sabem é que o sucesso do primeiro setor (o agronegócio), representado pelos índices fantásticos de produção, produtividade e qualidade final dos produtos, tem vínculos fortíssimos com a oferta de máquinas e equipamentos disponibilizados pela indústria nacional de bens de capital. Seria, entretanto, uma leviandade, para não dizer erro crasso, creditar exclusivamente o sucesso internacional do ‘primeiro setor’ ao desempenho do ‘segundo setor’, aqui representado pela cadeia produtora de bens de capital. Na verdade, o sucesso de um está vinculado intimamente ao desempenho do outro, ou, dos outros setores que compõem a indústria de bens de capital no País. Os avanços de um impulsiona o desenvolvimento do outro, num círculo virtuoso ininterrupto.
O que também ainda não ganhou a devida publicidade, especialmente em relação ao agronegócio, é que o Brasil apresenta todas as condições possíveis e imagináveis para alcançar o posto de principal produtor e fornecedor de gêneros alimentícios para suprir a demanda adicional que deverá emergir, em futuro próximo, a partir da Ásia. Hoje, para quem não sabe, o País ocupa o posto de segundo maior fornecedor mundial de produtos agrícolas. No caso dos bens de capital, a posição ocupada pelos produtos brasileiros frente às demandas e exigências atuais, é diferente da apresentada pelas commodities do agronegócio, embora deva ser considerada privilegiada, em termos tecnológicos.
Agricultural Outlook
Quem informa sobre a situação atual do agronegócio brasileiro e projeta um futuro promissor é a Organização para Economia, Cooperação e Desenvolvimento, da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (OCDE-FAO), em seu relatório Agricultural Outlook 2015-2024, publicado em 2015, mas, ainda muito atual e fonte permanente de consulta. No segundo capítulo da publicação, dedicado exclusivamente ao Brasil, a organização estima que ”as vendas externas de carne de frango poderão evoluir à razão de, aproximadamente, 2,8% ao ano”. E, nesse ritmo, permitir ao País crescer nesse segmento “mais de 31% em uma década”. Tal desempenho garantiria ao Brasil a capacidade de responder por quase um terço do comércio mundial do produto nos próximos anos.
Sob as lentes do relatório da OCDE-FAO, o futuro para o agronegócio brasileiro é bastante promissor. Evidentemente, essa condição de ‘ator principal’ no futuro cenário da produção global de alimentos – agrícolas e pecuários – deverá ser alcançada não apenas com o equacionamento de dificuldades locais envolvendo a oferta de mão de obra qualificada; a produtividade por área cultivada, ou atividade realizada; o acesso fácil e descomplicado a linhas de financiamento à atividade produtiva no campo; e, finalmente, respeitando aspectos de preservação ambiental e sustentabilidade. Mas, quase que primordialmente, pela resposta que os setores fabricantes de máquinas, equipamentos, acessórios, softwares e soluções possam dar às demandas surgidas pelos produtores rurais brasileiros.
Ou seja, o desempenho futuro desse importante segmento econômico nacional estará, como em outras oportunidades, intimamente ligado à oferta e disponibilidade de soluções patrocinadas pelo parque industrial local. E não apenas isso – tais soluções precisam estar, necessariamente, adiante de seu tempo. Precisarão antecipar o futuro, romper paradigmas, reinventar as soluções disponíveis de forma a compor uma nova base produtiva a partir da qual as projeções e prognósticos elaborados pela OCDE-FAO possam ser alcançados. E não é absurdo algum afirmar que todas essas possibilidades perpassam a revolucionária ‘Indústria 4.0’.
Interessante observar também que, no Brasil, alguns segmentos industriais já se apresentam como líderes em desenvolvimentos inovadores e futuristas, se assim podem ser chamadas algumas das soluções resultantes das incursões nos ambientes da ‘Indústria 4.0’ (fase da atividade industrial global também conhecida como ‘Manufatura Avançada’, ou, ainda, ‘Indústria do futuro’). “Entre esses setores, representados pelo agronegócio, mineração, logística e saúde, o primeiro deles desponta como um dos mais arrojados em termos de ‘Indústria 4.0’ no Brasil”, comenta Bruno Jorge Soares, coordenador de Inovações e da Indústria de Alto Impacto, da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), entidade de apoio técnico vinculada ao Ministério de Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
Não é novidade alguma, por exemplo, o reconhecimento de que grandes áreas de cultivo, ou pastagem, no Brasil, já serem vigiadas, estudadas, protegidas, mapeadas, delimitadas, controladas, em tempo real por ‘drones’ (palavra inglesa que significa zangão
, na tradução literal, e que acabou transformando-se em sinônimo de qualquer tipo de aeronave não tripulada comandada à distância), algo inimaginável em tempos passados e muito próximos. Nesse passado ainda não apagado na memória do ‘homem do campo’, aquelas tarefas eram (e ainda são, em alguns locais) realizadas por vaqueiros, boiadeiros, peões, que verificavam as condições das áreas, ou controlam/conduzem rebanhos, montados em cavalos. Só mais recentemente é que os animais foram substituídos por veículos de quatro, ou duas rodas, para cumprir as jornadas e, assim mesmo, apenas em fazendas cuja gestão baseia-se em orientações mais ‘modernas’.
Essas duas realidades – ‘drones’ e ‘Indústria 4.0’ – são faces da mesma moeda. E, embora estejam interligadas, percorrem caminhos independentes. Não há vínculos intrínsecos de dependência entre elas. Originalmente, os ‘drones’ representam investidas de empreendedores arrojados em busca de alternativas de ‘lazer eletrônico’. A ‘Manufatura Avançada’, por sua vez, corresponde a uma evolução tecnológica sem precedente na história do processo industrial, envolvendo todos os segmentos da produção em redes de comunicação de última geração, bancos de dados planetários, robótica, produções customizadas, redução de custos operacionais, baixos preços finais, eliminação dos riscos de acidentes. Tudo isso sob os ‘guarda-chuvas’ da sustentabilidade, da limpeza extrema, do silêncio, da ordem, da rapidez, da perfeição. Pode-se até afirmar que os ‘drones’ representam estudos, investigações, pesquisas e produção industrial de ‘ultra última geração’. Entretanto, é enganoso afirmar-se que resultam diretamente do grau de desenvolvimento alcançado pela indústria mundial.
Grupos de trabalho
Como em tantas outras nações, a indústria brasileira de máquinas e equipamentos também dá seus primeiros passos nesse ambiente totalmente revolucionário, convencionalmente denominado “Quarta Revolução Industrial”, tal a magnitude e grau de inovação que representa. O conceito de ‘Manufatura Avançada’ surgiu para o mundo entre o final de 2012 e meados de 2013 na Alemanha, onde o tema foi formulado de maneira estruturada. Logo em seguida passou a ser discutido internacionalmente, onde transformou-se em objeto de discussão e de ações coordenadas entre o poder público, a academia e a iniciativa privada.
Na linha de frente dessa ‘onda’, que emergiu na Alemanha, estão nações como os Estados Unidos, China, Japão e Coreia do Sul. O Brasil entrou nesse novo cenário em resposta a duas forças independentes: por um lado, a agitação própria gerada em nível internacional pela discussão do tema: por outro, a quase ‘exigência’ de empresas de porte, cujas principais sedes (instaladas na Alemanha, Estados Unidos, Coreia do Sul e Japão, especialmente) caminham em direção a essa nova realidade produtiva e consideram apropriado que suas filiais brasileiras acompanhem o estado da arte experimentado pelas matrizes.
Por força imperiosa do tema, o País se voltou, literalmente, para o debate e implementação de estruturas condizentes com a ‘Manufatura Avançada’. Instâncias de governo, instituições de ensino, centros de pesquisa e entidades setoriais, como a ABIMAQ, abriram suas agendas e passaram a destinar atenção crescente à discussão do tema. No caso da ABIMAQ, o tema ganhou destaque, passando a ser enfatizado e apresentado, sempre que possível, em todos os seus aspectos práticos. Quase como resultado direto dessa importância, a associação criou, em 2014, um grupo de trabalho específico (Grupo de Trabalho de Manufatura Avançada) e entregou seu comando ao engenheiro Bruno Gellert. “A Linha Conceito da Manufatura Avançada, apresentada na Feira Internacional de Máquinas e Equipamentos (FEIMEC) do ano passado, foi outra iniciativa necessária e providencial para demonstrar a capacidade da engenharia das empresas brasileiras do setor de bens de capital frente aos desafios projetados por essa ‘nova’ indústria”, comentou recentemente João Alfredo Delgado, diretor Executivo de Tecnologia da entidade.
Tudo por conta, evidentemente, da importância do assunto. Afinal, a ‘Indústria 4.0’, no Brasil, envolve aspectos que devem ser tratados tanto na indústria quanto em universidades e áreas do governo central. Aspectos como formação profissional, qualificação e requalificação de recursos humanos, infraestrutura, regulação, tecnologias e integração da cadeia envolvendo fornecedores compõem parte essencial dessa discussão. Ninguém questiona, por exemplo, o fato de o Brasil dispor de um parque industrial bastante qualificado e de estrutura científica e de pesquisa capacitadas para colaborar, seja na discussão do tema, seja na transposição – lenta, gradual e pertinente – da realidade atual para outra, inquestionavelmente revolucionária no futuro próximo. Tanto que é ‘fato consumado’, entre todos os envolvidos diretamente com o assunto que “a indústria nacional não pode deixar de seguir a trilha proposta pela ‘Manufatura Avançada’”. E mais, que “a vantagem que o País apresenta é que, por aqui, essa transposição poderá ser realizada de maneira a queimar etapas e respeitando as características do parque industrial instalado”.
Em outras palavras, que todos os atores envolvidos aprofundem, sim, suas análises a respeito das experiências internacionais envolvendo a ‘Indústria 4.0’. Entretanto, o que se reconhece como fundamental, no momento, é que o País precisa recolher mais informações geradas no exterior sobre o assunto, filtrá-las e ponderá-las, de modo a identificar um caminho próprio. De todos os esforços já realizados, uma primeira orientação depreendida destacada que, no caso da ‘Indústria 4.0’, será erro grave importar e adaptar soluções praticadas por centros industriais mais adiantados ao Brasil. Outra lição imediatamente apreendida: o Brasil precisa, através de suas autoridades constituídas, definir seu potencial em relação ao tema tendo por base uma política industrial (ainda inexistente) adequada e voltada à inserção da indústria local nessa nova realidade. O País precisa estruturar-se rapidamente em termos de ‘Indústria 4.0’ apoiado em cenários proativos, seja técnico, ou financeiro. Sem esses elementos fundamentais, há grande risco de o Brasil ‘perder o bonde da história’, acreditam todos os envolvidos com o tema.
Novas oportunidades
Quando o assunto é ‘Manufatura Avançada’ e o cenário é o Brasil, dois aspectos precisam ser levados em consideração. O primeiro, reconhecer que essa revolução já está acontecendo de forma irreversível em vários centros industriais de ponta espalhados pelo mundo e que, por aqui, está começando. E, assim mesmo, aplicada em velocidades diferentes, quando analisa-se o perfil da indústria – maior velocidade junto às empresas de grande porte e com fortes vínculos internacionais; velocidade menor, em empresas de pequeno e médio porte, quase sempre sem conexões fora do País. E o segundo aspecto, que não se pode determinar um ‘perfil padrão’ para a empresa que dedica esforços à implementação dessa nova realidade industrial. No geral, comenta Bruno Jorge Soares, “observa-se que a inserção nessa nova realidade industrial vem ocorrendo, primeiramente, em empresas que enxergaram nesta ‘Quarta Revolução Industrial’ oportunidades para alcançar patamares comerciais, ou produtivos, antes inatingíveis, ou não identificados”.
Enfim, empresas que perceberam que a ‘Indústria 4.0’ pode revelar vários tipos de possibilidades antes despercebidas. Além disso, já se percebe que a efetiva transição da indústria nacional para esse novo patamar industrial ocorrerá de maneira progressiva e heterogênea, com empresas e segmentos seguindo ritmos diferentes – mais acelerado naquelas com perfil mais inovador e menos acelerado naquelas com perfil mais conservador. De qualquer forma, “levar o universo industrial brasileiro a esse novo patamar tecnológico será um grande desafio para o Brasil”, completa João Alfredo Delgado, da ABIMAQ.
Parte do universo composto pelas empresas que gravitam em torno do agronegócio brasileiro, por exemplo, já percebeu nitidamente as vantagens representadas pela adoção de novas tecnologias, novas estruturas produtivas, enquadradas na esfera da ‘Manufatura Avançada’. Esse grupo de empresas conseguiu identificar, em meio a um emaranhado de conceitos revolucionários e nem sempre muito claros, a existência de novos negócios que começam a emergir no horizonte.
xergou, nitidamente, que migrar para um novo patamar de produção representa como alternativa necessária para alcançar – e desfrutar – possibilidades antes desconhecidas. Percebeu que já existe um consenso, em âmbito federal, em nível de ferramentas públicas e apoio institucional, capaz de suportar ações e decisões direcionadas a novos cenários. E que essa nova realidade não se firma em decisões pontuais e/ou regionais. Decorre de posicionamento estratégico, de governo, caso contrário o País não realizará sua ‘imensa responsabilidade’ anunciada através do Agricultural Outlook 2015-2024, da OCDE-FAO.
Desempenho exemplar
Para vários especialistas dedicados ao tema, não há dúvida alguma que o agronegócio global atravessa período de mudanças significativas, tanto na oferta, quanto na demanda por alimentos. Não duvidam, também, que essas mesmas mudanças acabam refletidas numa alteração do perfil da indústria fabricantes de máquinas, equipamentos, acessórios e implementos destinados ao trabalho no campo. Uma mudança influenciando e sendo influenciada pela outra, ambas mirando produção e produtividades mais elevadas por hectare plantado, por cultura, ou criação trabalhada. No momento, não se consegue identificar muito bem quem influencia quem. No Brasil, por exemplo, sabe-se que o campo vem respondendo por números expressivos e surpreendentes – neste ano, a safra 2016/2017 deverá superar 227 milhões de toneladas de grãos, com destaque para a soja.
Em resposta a esse desempenho exemplar, fabricantes apressam-se em desenvolver e lançar máquinas cada vez mais revolucionárias. Como as que podem operar sozinhas (independente do horário de trabalho), monitoradas por informações disparadas de satélites e comandas à distância por pequenos aparelhos como tablets, ou smartphones. Dois exemplos desse arrojo são os ‘drones’, largamente utilizados como ferramentas de apoio ao trabalho no campo, e máquinas automatizadas a ponto de dispensar a cabine do operador, caso do trator modelo Magnum, recentemente apresentado ao mercado brasileiro.
Desenvolvido pela multinacional Case IH, empresa pertence ao grupo italiano CNH Industrial, o trator autônomo foi projetado a partir de uma linha tradicional de produtos da fabricante. Considerada a primeira máquina agrícola do mundo desprovida de cabine de operador, esse trator pode ser totalmente operado a partir de comandos enviados à distância por um simples tablet. Mais ainda. Foi desenvolvido a partir de tecnologias já existentes em vários mercados globais. Envolve, sim, soluções revolucionárias. Porém, no geral, não corresponde a nenhuma invenção (ou criação) espetacular, surgida praticamente do nada. Toda a tecnologia (de ponta) embarcada no trator, assim como as soluções revolucionárias empregadas (baseadas em comunicação à distância), já existem e encontram-se disponíveis no mercado atual. Resultado de alguns anos, o trator sem cabine foi testado (secretamente) em condições normais de trabalho por um produtor de grãos nos Estados Unidos. Todavia, seu ingresso no mercado deverá ocorrer “só em dez anos, por falta de regulamentações pertinentes”, informa o fabricante.
Máquinas autônomas poderão representar mais ganhos ao produtor, em função da inevitável redução mundial de mão de obra para a agricultura. Razão pela qual o campo deverá seguir o mesmo movimento de automação verificado na indústria pesada, nas últimas décadas, quando vários serviços passaram a ser executados por robôs. Dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), informam, por exemplo, que o número mundial de trabalhadores no campo diminuiu 85,4%, entre 2005 até 2014, chegando a 121 milhões de pessoas. O desenvolvimento do trator sem cabine da Case IH alinha-se perfeitamente às projeções futuras de escassa oferta de mão de obra no campo.
Fazenda inteligente
Para a feira Agrishow 2017, a ser realizada entre os dias 1 e 5 de maio em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, estão previstos lançamentos de máquinas, equipamentos, acessórios e implementos utilizados no campo que deixarão até os mais bem informados de ‘queixo caído’. Não faltará, como pode-se imaginar, uma profusão de ‘drones’, capazes de realizar as mais diversas e complexas operações, antes reservadas a experientes trabalhadores braçais. Entre as surpresas estará o modelo de uma ‘Fazenda Inteligente’ que destaca a importância da integração das mais avançadas tecnologias com o campo.
O projeto, denominado “Fazenda Inteligente: o futuro chegou”, compreende o esforço de seis startups que pretendem divulgar, de forma didática, não apenas os avanços tecnológicos que podem ser aplicados às atividades no campo. Mas, igualmente, mostrar como o uso integrado dessas tecnologias revolucionárias pode resultar no aproveitamento máximo das potencialidades das áreas cultivadas, ou trabalhadas. As startups só chegaram ao modelo a ser apresentado na Agrishow 2017 após extenso trabalho de pesquisa apoiado na vivência de cada uma com os problemas no campo. A ‘Fazenda Inteligente’ incorpora soluções aplicáveis à agricultura de precisão, monitoramento de irrigação, sistemas de gestão e uso de ‘drones’, entre outras tecnologias de ponta.
Indústria 4.0
Mais adiante, entre os dias 9 e 13 de maio, será a vez de a ‘Indústria 4.0’ (re)apresentar-se diante dos visitantes da Expomafe 2017, que ocorrerá no pavilhão São Paulo Expo. Iniciativa da ABIMAQ, a feira apresentará um estande denominado Demonstrador de Manufatura Avançada para esclarecer dúvidas, demonstrar conceitos, apresentar tecnologias e antever perspectivas e soluções. A proposta é uma evolução de iniciativa semelhante apresentada no ano passado, pela primeira vez no Brasil, durante a FEIMEC e ganhou atualizações em conceito, layout da linha e programas de controle.
O projeto foi desenvolvido pela ABIMAQ em parceria com o SENAI-SP e envolve, também, doze empresas realizadoras e patrocinadoras, além de seis startups, mais o Instituto Mauá de Tecnologia, o Centro Universitário FEI e oito empresas que cederam tecnologias complementares para operação da linha. O estande, que tem o apoio da Informa Exhibitions, conta ainda com apoio institucional da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP).
Embora a ‘Manufatura Avançada’ caminhe em ritmo peculiar no Brasil, o tema gera, pelos mais variados motivos, inúmeros questionamentos, principalmente junto a fabricantes de pequeno e médio portes. Com o ciclo de produção montado na feira, estes empresários, além de todos os visitantes presentes ao evento, poderão identificar os principais conceitos e tecnologias da ‘Indústria 4.0’ aplicados na prática. Nesse sentido, foi montada uma linha de produção de porta celulares personalizados no estande composta de cinco módulos que executam operações de forma totalmente autônoma e sincronizada, onde cada etapa do processo recebe e envia informações de ‘status’ da operação para os outros módulos da linha.
Dessa linha farão parte o módulo de ‘entrada de ordens’, totem onde o visitante convidado se identifica por meio de um QR-Code recebido no e-mail e dá início ao processo de produção do porta celular. Nessa etapa do processo, o visitante seleciona a cor e um texto que deseja ver impresso no porta celular. Nessa etapa do processo o visitante permitirá que seu aparelho celular seja escaneado para customização do encaixe no acessório. O módulo seguinte, de ‘usinagem’, será composto por dois centros de usinagem, um armazém de matérias-primas (blanks de resina), um robô de alimentação e retirada de peças no processo usinagem por meio de um sistema de manipulação e posicionamento. O terceiro módulo será o de ‘solda’, composto por um magazine de peças metálicas (aço inox), um robô de solda e um robô para alimentação e descarga das peças soldadas. O quarto módulo será o de ‘gravação a laser e multipinos’, operação alimentada por robôs. O quinto e último módulo será o de ‘montagem e saída’, etapa em que um robô colaborativo retira da esteira automatizada o produto personalizado, executa a montagem final e entrega ao cliente, a partir da sua identificação por meio do mesmo QR-Code da entrada. Todo esse conjunto de operações será orquestrado pelo Manufacturing Execution System (MES), um programa que gerencia todo o ambiente de produção. Não bastasse isso, o processamento do porta celular na feira evidenciará uma das características mais marcantes da ‘Indústria 4.0’: a customização.