Atividade essencial a todos os segmentos industriais, a lubrificação de máquinas e equipamentos evolui em segurança, sustentabilidade e produtividade
Foi-se o tempo em que lubrificação era praticamente sinônimo perfeito de manutenção e que correspondia ao “coloca um oleozinho ali”. Independentemente da época, uma certeza perdura: a importância da lubrificação que, na atualidade, como em todos os outros campos da atividade industrial, registra avanços significativos resultantes de elevados investimentos em âmbito global, sendo impactada também pelos preceitos da manufatura avançada.
Ao longo dos anos, a lubrificação consolidou-se como uma disciplina da mecânica industrial e da manutenção, é prevista pelo projetista do equipamento e cobra desenvolvimentos especiais para máquinas específicas, sempre com a meta de limpar o sistema, proteger contra corrosão, vedar, contribuir na transmissão de força, manter a pressão interna, reduzir o desgaste, da vibração, de ruídos e do consumo energético, além de favorecer a troca térmica para combater o aquecimento excessivo dos componentes. Em outras palavras, os resultados da prática lubrificante relacionam-se com temas atualíssimos: segurança, meio ambiente e produtividade.
“Supondo duas superfícies aparentemente planas, uma sobre a outra, teremos pontos salientes (os picos) em contato e, quanto maior for a carga, maior será o número de pontos de atrito e, o consequente desgaste das partes metálicas provenientes do contato direto”
Vitor Viana – supervisor de vendas da Unotech
Além disso, aos líquidos de lubrificação somaram-se graxas (óleos semissólidos) e componentes para usos específicos; tecnologias e metodologias. Os resultados também foram potencializados, com reflexos em aumento da vida útil das peças; desenvolvimento de ferramentas de controle, de sistemas de lubrificação e de soluções de armazenamento de produtos; redução das possibilidades de contaminação e do desperdício. Consolidou-se o atendimento das especificações de projeto e de fabricação do maquinário, levando o usuário a repensar o lubrificante a ser aplicado no equipamento que possui.
Nesse cenário, persiste a questão sobre o momento em que deve ser feita (ou refeita) a lubrificação em máquinas e equipamentos. O equacionamento dessa dúvida, de acordo com os fabricantes de óleos e graxas, requer análises técnicas específicas e obediência a procedimentos e orientações.
“Se realizarmos uma análise de contorno das superfícies solidas, veremos que é quase impossível construir uma superfície verdadeiramente lisa ou plana, pois ampliando essa superfície veremos as imperfeições, que costumamos chamar de picos e vales. Supondo duas superfícies aparentemente planas, uma sobre a outra, teremos pontos salientes (os picos) em contato e, quanto maior for a carga, maior será o número de pontos de atrito e, o consequente desgaste das partes metálicas provenientes do contato direto”, descreve Vitor Viana – supervisor de vendas da Unotech, empresa que distribui a Whitmore no Brasil –, especificando a utilização de lubrificante de alta performance, que será responsável por “prover uma película de lubrificante hidrodinâmica, reduzindo o atrito e o desgaste entre as superfícies”.
Pedro Elias Sachet – consultor técnico da Iconic Lubrificantes, empresa formada da união da Ipiranga e da Chevron – lembra que “o projetista é quem conhece as condições de uso dos equipamentos e determina com que frequência os lubrificantes precisam ser substituídos”. Como exemplo, cita o caso de máquinas de grande porte, que, como utilizam grandes volumes de lubrificantes, viabilizam “a análise do lubrificante por laboratórios especializados. Assim, mediante uma série de testes físico-químicos, poderá ser determinado se o lubrificante continua ou não em condições de uso ou se necessita ser substituído”.
Esses procedimentos também reduzem os custos originados por paradas de linhas de produção em resposta a desgastes e quebras decorrentes de temperaturas de serviço e do esforço nos comandos de válvulas, atuadores e comutadores, atrito etc. No entanto, mesmo reconhecida pelos ganhos que proporciona, a prática da lubrificação em obediência aos preceitos mais avançados ainda carece de universalização, e as causas são diversas, envolvendo desinformação do usuário final, comportamento arraigado, e até justificam-se pela queda nos indicadores da indústria instalada no Brasil.