Há anos, os investimentos em máquinas e equipamentos registram decréscimo. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) organizados pelo Departamento de Competitividade, Economia e Estatística (DCEE), da ABIMAQ, mostram que a taxa de investimento em relação ao PIB registra período de queda de 1996 a 2004, seguida de alta até 2012, quando a injeção de recursos no setor atingiu 20,9% do PIB, recorde histórico.
No entanto, essa evolução durou pouco, em 2016 atingia o indicador historicamente mais baixo, da ordem de 14,6%. Nesses últimos oito anos, movimentos de recuperação e queda se alternaram. Em 2023, por exemplo, a participação se elevou a 18% do PIB. Em 2024, contudo, a instabilidade global contribuiu para nova redução, correspondendo a cerca de 17% do PIB, computando de 2012 a 2024, queda de 18,5%.
À turbulência global, somam-se os juros em elevação contínua, que dificultam o crédito, uma vez que, com o juro mais baixo, as empresas obtêm financiamentos a taxas mais atrativas, facilitando a aquisição de máquinas e equipamentos de última geração, que oferecem maior eficiência energética, maior precisão, maior capacidade produtiva e melhores recursos tecnológicos, o que resulta em produtos de melhor qualidade, redução de custos e aumento da produtividade.
Como preconiza Gino Paulucci Jr. – presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ – “a história mostra que, até hoje, o crescimento econômico dos países só foi possível via aumento de sua produção, principalmente de bens e serviços de alto valor agregado, e via ampliação do fluxo de comércio com uma crescente inserção na economia mundial. Para isso precisamos de máquinas modernas, de alta tecnologia, capazes de gerar produtos de alta tecnologia e sustentáveis.”
Fundamentando sua posição em estatísticas internacionais, Paulucci destaca que, nos últimos anos, “os países mais industrializados investiram maciçamente no desenvolvimento industrial, enquanto o Brasil não contou com uma política nesse sentido. Precisamos reduzir as taxas de juros no Brasil e investir em inovação e tecnologia, com melhores condições para as indústrias, como menos burocracia, maior transparência e condições adequadas para o desenvolvimento do parque industrial brasileiro, que passa por uma necessária renovação das máquinas instaladas.”
A renovação do parque industrial brasileiro – que tem idade média ao redor de 15 anos, sendo que 38% do total estão próximos ou já ultrapassaram a definição do fabricante para o ciclo de vida ideal –, depende de o País criar as condições para a ampliação do investimento produtivo e, simultaneamente, reduzir ou eliminar as ineficiências sistêmicas para ampliar sua produção de bens e serviços, complexos e sofisticados, pré-condição necessária para voltar a crescer e para poder ampliar nossa inserção na economia mundial.
Nesse sentido – reforça o presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ –, “a indústria brasileira de máquinas e equipamentos é a principal responsável pela difusão tecnológica em toda a cadeia produtiva, tendo papel preponderante no aumento da produtividade nos setores agrícolas, de serviço e industrial e para continuar cumprindo o seu papel precisa de máquinas modernas, que possam ser adquiridas em boas condições de financiamento.”
Recentemente alguns pleitos vêm sendo atendidos, como a NIB – Nova Indústria Brasil, a depreciação acelerada no cálculo do IRPJ e da CSLL para máquinas, equipamentos e instrumentos novos, a reforma tributária e a extensão do período de desoneração da folha de pagamentos.
Mesmo assim, há muito a ser realizado, exigindo que a ABIMAQ se mantenha atenta e desenvolva ações diversas, inclusive aquelas articuladas direcionadas à mobilização das entidades empresariais, visando à melhoria contínua do ambiente econômico é caminho para estimular, facilitar e motivar o desenvolvimento das atividades produtivas.
A ênfase está em cinco pontos principais: reforma administrativa do setor público; reforma da legislação trabalhista; modernização do sistema previdenciário; reforma do sistema financeiro que priorize o desenvolvimento das atividades produtivas; reforma do Poder Judiciário, em especial do Judiciário Trabalhista.
Hiroyuki Sato – diretor Jurídico e de Financiamentos da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos e do Sindicato Nacional da Indústria de Máquinas (ABIMAQ/SINDIMAQ) –, ao analisar essas iniciativas, alinha resultados e benefícios para o setor industrial, assim como gargalos e pontos passíveis de serem aperfeiçoados.
