Os desafios históricos enfrentados pelo setor industrial no Brasil, como a falta de coordenação entre políticas industriais e macroeconômicas, o aumento da produtividade e investimentos para o desenvolvimento do setor e do País, estão continuamente presentes na pauta das indústrias de máquinas e equipamentos. A importância dessa temática torna esses assuntos recorrentes e norteou as apresentações do 9º Congresso Brasileiro da Indústria de Máquinas e Equipamentos, realizado pela ABIMAQ.
Os debates durante o Congresso também englobaram assuntos transversais, como Reforma Tributária, desoneração da folha de pagamento, reindustrialização, neoindustrialização, investimentos, taxa de juros, depreciação acelerada, por exemplo, apresentados por especialistas em cada tema.
Os diferenciais entre a Nova Indústria Brasil (NIB) e as iniciativas anteriores de definição de uma política industrial, a agenda do setor industrial em âmbito global, as necessidades demandantes de investimento em pesquisa e inovação, assim como a correlação entre as práticas brasileiras e de alguns outros países, o desenvolvimento econômico delas resultantes e o papel da atividade industrial na geração de renda, de conhecimento e de inovação, passaram pelo crivo de profissionais diversos, lideranças empresariais e políticas.
Já no início, o presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ, Gino Paulucci Jr. e o deputado federal por Vitor Lippi – presidente da Frente Parlamentas da Indústria de Máquinas e Equipamentos (FPMaq) – enfocaram as políticas públicas e suas consequências, a importância de incentivos e subsídios, as realizações mais recentes, entre outros temas.
Oportunidades e desafios para o setor industrial foram apresentados por quem vive o dia a dia da indústria, com cada representante falando de experiências vivenciadas nas empresas que integram. Sob a moderação de Dan Ioschpe, presidente do Conselho de Administração da Iochpe Maxion, as apresentações foram feitas por Alberto Kuba, CEO da WEG; André Clark, vice-presidente sênior da Siemens Energy para América Latina; e Paulo Alvarenga, CEO da Thyssenkrupp América do Sul.
As perspectivas para setor industrial, com análise econômica e geopolítica encerraram o evento, sob moderação de José Velloso, presidente-executivo da ABIMAQ/SINDIMAQ, e participação de Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados; e Christopher Garman, diretor-executivo para as Américas no Eurasia Group.
Temas globais e regionalizados, gerais ou específicos – a exemplo de impactos da elevação da temperatura global na economia internacional e dos conflitos entre nações, produção agropecuária, balança comercial, equilíbrio fiscal e equilíbrio macroeconômico – somaram-se às perspectivas para a economia da Comunidade Europeia e dos Estados Unidos, envolvendo possível desaceleração no início do ano, desinflação, elevação da dívida pública e impacto das eleições estadunidenses na conjuntura local e internacional.
Economia chinesa, taxas de crescimento e endividamento do Estado chinês; também destacaram-se na apresentação do cenário econômico e geopolítico mundial, da mesma forma que temas sensíveis à economia nacional, como reflexos no câmbio, na inflação, na bolsa de valores, nas exportações brasileiras, assim como taxa de juros e envelhecimento populacional.
Políticas Públicas x crescimento
“As políticas industriais anteriores focaram principalmente em incentivos e subsídios, mas sem uma conexão clara com ações macroeconômicas e sem metas definidas. Isso resultou em um processo de desindustrialização que ainda afeta o nosso desenvolvimento”, afirmou o presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ, Gino Paulucci Jr, que destacou a necessidade de o Brasil seguir o exemplo de países desenvolvidos, que têm avançado em políticas industriais centradas na tecnologia e na transição energética.
Mesmo reconhecendo que o Brasil lançou programas importantes ao longo das últimas décadas, como o Plano Brasil Maior e a Política de Desenvolvimento Produtivo, foi impossível evitar a desindustrialização precoce do País, declarou Paulucci.
Em relação à taxa de investimento, o presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ chamou atenção para o baixo percentual de formação bruta de capital fixo no Brasil. “A taxa de investimento no segundo trimestre de 2024 foi de 16,8% do PIB, muito abaixo do necessário para sustentar um crescimento de 5% ao ano. Estudos mostram que, para atingir essa meta, precisamos de uma taxa entre 24% e 25% do PIB”, explicou o líder empresarial, reafirmando que, para que o Brasil atinja seus objetivos da neoindustrialização, é necessário que a indústria recupere o protagonismo como impulsionador de serviços sofisticados, sustentando o crescimento de novas bases.
Os indicadores de crescimento do País, que são inferiores à média mundial são creditados por Vitor Lippi – deputado federal e presidente da Frente Parlamentas da Indústria de Máquinas e Equipamentos (FPMaq) – à desindustrialização acelerada, resultante da carência de políticas industriais efetivas. Mesmo assim, reconheceu iniciativas positivas, como a retomada do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e o aumento de legislações favoráveis à industrialização e à inovação no Brasil em 2024, como, por exemplo, a Lei dos Combustíveis do Futuro, que trata dos biocombustíveis, dos combustíveis renováveis do Brasil e, mesmo não aumentando subsídios, cria uma série de políticas de fortalecimento de produção tanto do biometano do etanol do biodiesel e do SAF, o combustível sustentável de aviação.
Para Lippi, a Reforma Tributária será um dos primeiros passos para a criação de um ambiente de negócios mais favorável. No entanto, para que traga resultados efetivos precisa ser acompanhada por outras medidas, como a reforma administrativa, para reduzir o custo do Estado e liberar recursos para investimentos.
“Sem a indústria o Brasil não cresce”, enfatizou o presidente da FPMaq, que reconhece a existência de “um ambiente produtivo para que possamos reduzir o Custo Brasil e melhorar a agenda que temos para a indústria nacional”, reforçou Lippi, citando o projeto de criação da LCD (Letra de Crédito de Desenvolvimento). “Nós já temos esses títulos no agronegócio e no setor imobiliário, e hoje eles movimentam mais de R$ 100 bilhões. Isso deverá acontecer também com a LCD, que será exclusiva para a indústria e para setores de desenvolvimento. Isso vai dar resultados daqui 1 ou 2 anos, quando teremos mais recursos no BNDES, que está ampliando o financiamento para a indústria”, explicou o deputado.
Expectativas para o futuro da indústria
Com a participação direta de integrantes do setor e do governo, os debates tiveram pontos recorrentes, como a necessidade de novas diretrizes para a indústria brasileira, com foco em inovação, sustentabilidade e competitividade. Transição energética e desenvolvimento de tecnologias verdes foram alinhadas entre as prioridades, ao lado da imprescindibilidade de políticas industriais com metas claras e alinhadas às necessidades do setor produtivo.
O foco esteve centrado no futuro da indústria no Brasil, especialmente no que se refere ao papel da inovação tecnológica e da qualificação da mão de obra. “Precisamos aumentar o valor adicionado por trabalhador, o que exige investimentos em capital fixo, máquinas e equipamentos modernos, além da qualificação da nossa mão de obra”, explicou Paulucci.
A ABIMAQ reiterou seu apoio à adoção de políticas industriais que promovam o desenvolvimento sustentável e a modernização tecnológica do setor, e que estejam alinhadas com as diretrizes macroeconômicas e de comércio exterior do País, realçando a indústria como o motor do desenvolvimento brasileiro, impulsionando a economia e contribuindo para o crescimento sustentável.
Desenvolvimento industrial no contexto internacional
Um cenário complexo marcado por múltiplos fatores, mudança de posicionamentos e inversão de papéis pode ser um dos resumos para a apresentação de Fernanda De Negri, diretora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Tudo começa pela consolidação da China como a grande fábrica do mundo, a maior produtora de bens industriais para todos os países, elevando a participação de Ásia e Oceania no PIB global. A consequente redução da presença da Europa e da América do Norte conduz ao ressurgimento das políticas industriais nesses países, enquanto, a América Latina continua com pequena participação e a África figura de modo praticamente irrisório.
Na concorrência direta com a China, Índia e Coréia do Sul vêm expandindo sua presença; Japão, mesmo integrando o continente asiático, perde muita participação; e a Alemanha, no continente europeu, é um pouco menos afetada, cconstata De Negri, contrapondo a essas situações a realidade vivenciada no Brasil, que, além de registrar queda na participação do PIB industrial brasileiro, exige o uso de lente de aumento para perceber sua contribuição no ecossistema mundial: “Entre 1990 e 2022, passamos de 2,2% do valor industrial adicionado no mundo para 1,3%, inclusive como consequência do crescimento da China, que mudou a configuração geopolítica do mundo e o cenário da produção industrial no mundo”.
Resumidamente, esse é o cenário global que serve de base à De Negri, que ainda agregou diversos outros pontos, como o crescimento “da preocupação fundamental dos governos do mundo com o desafio climático”, assim como, no âmbito brasileiro, do questionamento sobre o cálculo do PIB estar fundamentado na “quantidade de máquinas e equipamentos de trabalho aplicados na produção, sem olhar para o uso de recursos naturais, o capital natural, que vem declinando ao longo do tempo na proporção inversa à evolução do volume de máquinas e equipamentos produzido pelo ser humano. Isso também envolve produtividade e impacta nas contas”.
Com relação ao desafio climático, De Negri ainda discorreu sobre as desigualdades e as estatísticas que fundamentam o debate: os 50% mais pobres da população mundial emitem 12% do carbono, enquanto o 1% mais rico emite 18% do carbono. A longo prazo, “isso implica que se aqueles 50% mais pobres – grupo em que estamos, ao lado de boa parte da população chinesa e indiana – começarem a ter o mesmo padrão de consumo dos que estão na metade, não vai sobrar planeta”, alertou.
Em outras palavras, China e Índia terão muita dificuldade em querer regulamentar mercado de carbono, porque ao fazer isso e colocar um preço sobre o carbono emitido, a capacidade de esses países crescerem, gerarem renda e incluírem a sua população no mercado, será impactada.
Essa reflexão da diretora do Ipea conduz ao que ela define como “grande dilema da humanidade”: Como é possível continuar crescendo para reduzir desigualdades controlando as emissões de gases de efeito estufa? A resposta parece simples: É preciso continuar crescendo, mas não nos mesmos moldes. Surge, assim, novo dilema que norteia diversas discussões para buscar a forma de descolar o PIB do uso dos recursos naturais, uma vez que são diretamente proporcionais, levando à questão de qual crescimento é desejado, econômico ou de bem-estar.
A tecnologia com inovação, mudando a forma como se produz e se transforma os recursos naturais em bens serviços e qualidade de vida para as pessoas, é apontada por De Negri como a solução mais propícia. Adotando especificamente o Brasil como exemplo, pois ao longo do tempo registra baixo e lento crescimento da produtividade, ela assegura que, na verdade, a causa está “na configuração setorial da nossa estrutura produtiva que faz com que a nossa produtividade não cresça tanto. Há também problemas de produtividade dentro da nossa estrutura produtiva e dentro dos nossos setores produtivos, relacionados a várias questões, desde o ambiente de negócios muito burocratizado até a qualificação da mão de obra.”
Outro aspecto que torna o cenário global ainda mais complexo envolve investimentos em Pesquisa & Desenvolvimento e em novas tecnologias, em especial a Inteligência Artificial que, “pode sim trazer impactos expressivos em ganhos de produtividade”, garante De Negri, lembrando que diferentemente das evoluções tecnológicas anteriores, a IA vem sendo dominada por China e Índia, não mais pelos Estados Unidos”.
E as mudanças chegam também ao aspecto político, pois “muitas democracias estão mais ameaçadas do que há alguns anos. Temos, ainda, políticas industriais mais ativas, com práticas de conteúdo local, em países anteriormente contrários a elas, como os Estados Unidos”, alinha a diretora do Ipea.
Esses são alguns dos fatores que tornam o cenário muito mais complexo, de acordo com De Negri, que, ao final, deixa uma provocação: “Talvez as nossas medidas de política industrial percam um pouco de potência em relação ao resto do mundo dado que o mundo todo também está fazendo suas políticas industriaia. Então, essas são questões que temos de pensar nesse desenho das políticas industriais”.
Políticas industriais e desenvolvimento sustentado
Experiências de políticas industriais para o desenvolvimento sustentado foi o tema central de um painel moderado por Fernanda De Negri e que contou com a participação de Carlos A. Primo Braga, professor associado da Fundação Dom Cabral; Jorge Arbache, professor de economia da Universidade de Brasília; e Rafael Lucchesi, diretor de Desenvolvimento Industrial na Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Após as provocações da diretora do Ipea, Lucchesi discorreu sobre escolhas feitas pelo País no início do século XXI e que, apesar de ter levado ao desenvolvimento do agronegócio via isenções e incentivos diversos, vêm contribuindo para a redução da participação do setor industrial no PIB. Reivindica o reconhecimento de que a indústria e o agro se complementam, com o setor industrial situando-se como “o mais sofisticado da economia, aquele que assegura o maior progresso técnico, paga os melhores salários, empurra para cima a agenda de maior complexidade produtiva”.
O caminho apontado pelo diretor da CNI para fortalecer a indústria compreende a criação de uma estratégia de comunicação com a sociedade brasileira e uma agenda política, a construção de uma ideia superior de desenvolvimento sustentável e o posicionamento da indústria como a base do desenvolvimento.
Na estrutura industrial, a área de bens de capital, de máquinas e equipamentos, a siderurgia e o complexo químico são estratégicos, bem como toda a área de inteligência de digitalização. “Esse é o coração que pode impulsionar o Brasil para frente. A economia verde e a descarbonização produtiva têm papel-chave inclusive nas novas tecnologias. Um elemento-chave nesse processo é a política industrial”, resume Lucchesi e cobra ousadia, pois considera a Nova Industria Brasil (NIB), “pequena, com valores modestos, mas bem estruturada, a ponto de conseguir resultados surpreendentemente positivos.”
Estabelecendo uma comparação entre China e Brasil, Lucchesi garante: “A China fez tudo certo, e nós nos consagramos fazendo tudo errado do ponto de vista de destruição de complexidade produtiva. Está na hora de abandonarmos o fracasso. Estamos em um ponto em que olhar para a frente em torno da transição ecológica pode ser uma grande oportunidade para o Brasil e, sem dúvida, uma ação industrial coordenada como uma força dinâmica na sociedade brasileira disputando uma visão de projeto de país e uma construção de escolha de futuro será fundamental para que essa energia não se perca no tempo”.
Descarbonizar o passado e inovar para o futuro, para Arbache, talvez sejam as duas maiores oportunidade, inclusive para o Brasil, e abrem “a maior agenda de negócios conhecida na história, exigindo políticas industriais extremamente arrojadas”. Nesse cenário, geopolítica e segurança alimentar se constituem dois grandes pilares em um mundo que passa por mudanças climáticas que rapidamente vão alterar a capacidade de produzir alimentos.
As mudanças climáticas estão trazendo de volta a geografia como elemento fundamental, uma vez que a presença de recursos naturais em seus territórios dá aos países um poder de barganha até então não considerado, “colocando-os no jogo da competição global.”
“A água talvez seja o grande recurso definidor da geografia do investimento em nível global nas próximas várias décadas”, afirma o professor de economia da Universidade de Brasília, seja para produzir alimentos, seja para processos industriais, seja para produção de energia renovável, verde, segura, a custo barato. A disponibilidade de minerais críticos para transição energética, a biodiversidade e as florestas são outros diferenciais para os países no jogo na economia mundial.
E, nesse contexto, o Brasil se destaca de uma forma nunca imaginada, pois detém todos os elementos. Para entrar de fato no jogo e converter o potencial em realidade, a receita de Arbache exige dois ingredientes: política industrial e “um problema puramente metodológico do que é indústria, pois isso passa pela terciarização da produção. Por isso, a solução passa pela mudança das métricas, ou seja, pela forma como se mede.”
No que diz respeito à definição de uma política Industrial com visão global, Arbache conclama todos a “transformar o que a geografia do País disponibiliza para a descarbonização e a segurança alimentar na mais arrojada e ampla contribuição do Brasil para economia global, através de políticas e de negócios, incluindo a política industrial. Talvez essa seja a maior oportunidade de não só reduzir os nossos problemas sociais e problemas econômicos, mas de contribuir para o globo.”
O Brasil, com quase 87% da população urbana, registra um dos mais elevados indicativos desse quesito no mundo. Para avançar, terá de gerar empregos e renda nas zonas urbanas, resolver a pobreza e a desigualdade, e a indústria tem um papel fundamental na geração de cadeias de valor, pagando impostos, criando capacidade produtiva, reduzindo a informalidade, com repercussões sociais amplas.
Arbache estimula a reflexão, questionando: “Se é verdade que a geografia ganhou importância, se é verdade que somos extremamente competitivos nessas coisas todas que falamos, que criemos capacidade de investimentos muito ampla e muito sólida, visão global, para termos a competitividade que jamais sonhamos. Se assim é do nosso interesse, que cada vez mais os mercados sejam livres, porque temos hoje a capacidade de produzir produtos verdes que muitos países desenvolvidos, na melhor das hipóteses, só terão amanhã e ainda assim em boa parte só com subsídio, protecionismo e discriminação.”
Inverter o jogo para o Brasil, ter mercados globais que funcionem e remover obstáculo aos investimentos “passaram a ser do nosso interesse e fazem do Brasil um player potencial para as novas agendas do futuro. Na minha visão, é isso que a gente está chamando de política industrial”, crê o professor da UnB.
Partindo do princípio de que para participar do jogo global o Brasil precisa estar atento aos temas trabalhados nas mais de 3.000 iniciativas de intervenções de política industrial ao redor do mundo em 2023, número que até junho de 2024 atingiu o marco de 4.000 iniciativas, Primo Braga listou alavancagem da competitividade, agenda verde, preocupações com mudanças climáticas, aumento da resiliência de global de cadeias de produção, preocupações geopolíticas e com segurança nacional, entre outros, como motivadores dessas intervenções.
Mas, será que as intervenções são sempre positivas? Para Braga há um princípio infalível: “O mesmo estilo de política industrial pode dar muito certo ou muito errado dependendo do contexto”, pois devem proporcionar ganhos de competitividade e de produtividade, assuntos presentes na Missão 4 da Nova Indústria Brasil (NIB).
Como exemplo, utilizando disponibilidade de investimentos, o professor associado da Fundação Dom Cabral falou sobre a China e a Coréia do Sul. No caso da China – país que de 2011 e 2013 consumiu mais cimento do que os Estados Unidos em todo o século XX, desconsiderando dados adicionais sobre a indústria siderúrgica, entre outros segmentos –, o estrondoso crescimento da economia nos últimos anos, resultante entre outros fatores da situação de over investment, deve derivar para uma desaceleração decorrente, inclusive, do excesso de capacidade produtiva instalada.
A Coreia do Sul, por outro lado, em 1980, investia em Pesquisa & Desenvolvimento volume similar ao Brasil, ou seja, algo da ordem de 0,6% do PIB, sendo 80% proveniente do setor público e 20%, do privado. Hoje, é um dos países que mais investe em P&D, com inversão da origem dos recursos, ou seja, 80% originam-se no setor privado e 20% no setor público. A motivação inicial foi utilizar a industrialização para substituição de importações e, devido a uma eficiente forma de monitoramento, as empresas privilegiadas pelos recursos tinham de ser bem-sucedidas no comércio internacional. Então, detalha Braga, “o apoio estava associado à competitividade e, por conseguinte, à questão da produtividade”.