Em 2024, a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) bateu seu recorde anual de projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), contratando 638 projetos com empresas por meio dos 93 centros de pesquisa aplicada (Unidades Embrapii) que integram a rede. “Isso, de forma agregada, representa mais de R$ 1 bilhão em investimentos em PD&I”, comemora Alvaro Prata, presidente da Embrapii, informando, ainda, que, em 2024, “colocamos em operação o modelo de Centros de Competência Embrapii, com nove centros credenciados em várias regiões do País. O foco é a criação de competências em áreas de vanguarda, como tecnologias quânticas, 6G, terapias avançadas, entre outras.”
Como ponte entre as empresas, as universidades e os centros de pesquisa, essa organização interage com entidades representativas da economia, como a ABIMAQ, participando de eventos como Expomafe e Abimaq Inova, Embrapii Days e desenvolvendo em conjunto diversas outras ações que visam a conectar e a ampliar o número de empresas associadas que se beneficiam do modelo Embrapii de inovação.
Os resultados superaram as expectativas, garante Prata: “Somando 2024 com os 10 anos anteriores desde a criação da Embrapii, já são mais de 3.000 projetos contratados com mais de 2.000 empresas. Esse conjunto de projetos representa um investimento de R$ 5,7 bilhões em PD&I (valor corrigido pelo IPCA), gerando diversos resultados, como mais de 1.000 depósitos de propriedade intelectual.”
Entre os pontos positivos do ano passado, o presidente da Embrapii destaca a crescente participação de microempresas, pequenas empresas e startups no portfólio de projetos da instituição. “Atualmente, elas representam 61% do total de empresas parceiras da Embrapii, ampliando a capilaridade e o número de atores que se beneficiam das diversas externalidades positivas geradas pela inovação”, constata ele.
O executivo lembra, ainda, a estruturação da Nova Indústria Brasil (NIB), que prevê investimentos significativos e está dinamizando o setor, conforme os dados de crescimento industrial de 2024 demonstram. Quantificando, Prata fala que “para as seis missões da NIB, a Embrapii projeta a contratação de 1.986 projetos entre 2023 e 2026. Isso representa um investimento direto da Embrapii de R$ 1,9 bilhão, que irá alavancar R$ 4,6 bilhões em projetos de PD&I. Essa estratégia promove uma mudança estrutural na economia, ampliando a competitividade das empresas brasileiras tanto no mercado interno quanto no exterior.”
Acesso facilitado
O modelo de contratação em fluxo contínuo – como é o caso da Embrapii, que, na verdade, nem possui edital – é muito importante para as empresas, pois oferece agilidade na contratação de projetos, permite maior previsibilidade aos investimentos empresariais em PD&I, reduz burocracia, evita a concentração de recursos em períodos específicos e possibilita maior acesso a pequenas empresas e startups.
O fim do contingenciamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) é essencial para ampliar a competitividade da economia brasileira, pois, agora, “é possível trabalhar com maior previsibilidade orçamentária, o que é fundamental para PD&I. Além disso, os recursos permitem ao País desenvolver projetos estratégicos para encontrar soluções para os grandes desafios da sociedade.”
Recursos não reembolsáveis
Agrega a isso, a mudança no indicador de juros, que passa a ter como base a TR, reduzindo substancialmente o custo do financiamento: “Juros menores incentivam empresas a investirem em inovação. No caso da Embrapii, vale lembrar que os recursos aportados são não reembolsáveis; ou seja, estamos assumindo riscos junto com as empresas, pois sabemos que inovar requer investimentos significativos.”
Os resultados, na visão de Prata, são estimulantes. Citando o Índice de Transformação Digital do Brasil (ITDBr), elaborado pela PwC e FDC, que registrou aumento para 3,7 pontos em 2024, em comparação com 3,3 no ano anterior, entende que esse crescimento “indica um avanço positivo na adoção de tecnologias digitais pelas organizações brasileiras, embora o ritmo de integração ainda precise melhorar significativamente.”
O presidente da Embrapii cita, ainda, que em 2024 foi registrado aumento recorde de recursos para inovação. “O Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) atingiu um orçamento histórico de R$ 12,7 bilhões, destinados ao apoio de atividades de pesquisa e desenvolvimento em empresas e instituições científicas e tecnológicas”, afirma.
Contudo, apesar dos avanços, é voz corrente que o Brasil ainda investe relativamente pouco em P&D e enfrenta desafios relacionados à qualificação de recursos humanos, infraestrutura deficiente e uma cultura de inovação pouco desenvolvida. A título de informação, o País alcançou a 50ª posição no Índice Global de Inovação 2024, divulgado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI).
“Embora o Brasil tenha mantido a liderança entre as economias da América Latina e do Caribe, caímos uma posição em relação ao ano anterior. Dado o tamanho e o potencial da economia brasileira, precisamos avançar ainda mais para alcançar uma posição mais adequada no ranking”, relata o presidente da Embrapii.
Perspectivas
Com base nesse cenário, as expectativas para 2025 são positivas e foram assim elencadas por Prata: “Além de superarmos o número recorde de projetos de 2024, esperamos credenciar mais Unidades Embrapii e Centros de Competência Embrapii, para aumentar a colaboração entre empresas e universidades, promover avanços tecnológicos em áreas estratégicas e fortalecer a posição do Brasil no cenário global de inovação. Também esperamos mobilizar mais empresas associadas à ABIMAQ para inovarem em parceria com a Embrapii.”
A Embrapii, com seus valores de agilidade, flexibilidade e baixa burocracia, representa um modelo dinâmico e efetivo para superar – junto com a indústria e os melhores centros de pesquisa – todos esses desafios.