Preparado para consolidar a retomada, o setor mostra evolução tecnológica

Quatro anos transcorridos desde a última edição presencial da FEIMEC (2018) terão fim em 3 de maio, quando o Centro de Exposições São Paulo Expo, abrirá suas portas para receber os visitantes de uma das principais feiras de máquinas e equipamentos do mundo.

Desse modo, mesmo cumprindo todos os protocolos de segurança sanitária, os pavilhões voltam a ter muita luz, muito som – no caso do setor de bens de capital mecânico, muita máquina em operação –, muitas pessoas circulando e muitos estandes com todas as novidades e tecnologias que foram sendo desenvolvidas e mostradas virtualmente durante esse período de privação do contato físico e presencial.

Em outras palavras, as empresas voltam a ter maior exposição da marca e dos produtos e serviços ofertados, proximidade com os cliente e interação para o atendimento das necessidade do mercado, possibilidade de ampliação da carteira de clientes no mercado doméstico e no internacional e oportunidade de desenvolvimento de novos fornecedores.

A relação continua. Cada um inclui suas motivações, como Rogério Bosco – presidente da Câmara Setorial de Máquinas-Ferramenta (CSMF), da ABIMAQ –, para quem os eventos também são espaços que facilitam a realização de benchmarking com a concorrência e favorecem avaliar o nível de competitividade dos seus produtos e serviços.

No caso de Maurício Garcia – presidente da Câmara Setorial de Hidráulica, Pneumática e de Automação (CSHPA) e Denis Soncini – presidente da Câmara Setorial de Ar Comprimido e Gases (CSAG), o evento é a vitrine para apresentação de empresas, produtos, tendências, tecnologias e inovação aos clientes e usuários, e mais: “Vemos 2022 com otimismo. A FEIMEC irá confirmar isso. Será nosso termômetro”.

Complementando, Garcia aponta que as empresas que atuam nos segmentos de hidráulica, pneumática e automação “são responsáveis por prover força, movimento, controle e inteligência para as indústrias”; enquanto Ronaldo Tavares Santana – presidente da Câmara Setorial de Transmissão Mecânica (CSTM) –, com bom-humor, afirma: “Pós-pandemia é importante fazer-se presente para comprovar que está em plena atividade”.

Em comum, esses quatro segmentos representados acima têm o fato de que na FEIMEC a maioria dos participantes é cliente ou fornecedor, seja expositor ou visitante, ou seja, um grupo especialíssimo para quem vende, para quem compra, para quem desenvolve tecnologia e para quem deseja ser visto, conhecido e lembrado.

Contudo, a FEIMEC é muito mais do que isso, em especial esta edição, que, em vez de mostrar a evolução bienal do setor de máquinas e equipamentos, está expondo tudo que foi desenvolvido em tecnologia nos últimos quatro anos, assim como “os novos modelos de negócios que foram apresentados ao mercado, criando opções de produção direcionada a resolver necessidades específicas do mercado; e produtos e serviços mais modernos e produtivos, que foram sendo incorporados por várias empresas, ampliando a produtividade e, consequentemente, destacando-se ainda mais nos seus mercados”, resume Bosco.

“Novos produtos e serviços têm incorporado tecnologias relacionadas com a indústria 4.0, principalmente advindas da conectividade, pois geram mais dados e informações para análise e tomada de decisão dos fabricantes e dos usuários”, comenta Bosco, inserindo nesse conjunto as empresas de pequeno e médio portes, que com a pandemia “passaram a buscar as vantagens que as tecnologias da indústria 4.0 têm alavancado nas empresas de grande porte, como por exemplo IoT (Internet das Coisas), manufatura aditiva, automação etc.”

No setor representado pela CSAG, a evolução aconteceu via investimento em áreas específicas: redução do consumo de energia elétrica quando da geração de ar comprimido; melhoria da qualidade dos equipamentos no tratamento do ar comprimido; geração de ar comprimido isento de óleo; redução de impactos ambientais na fabricação e utilização dos equipamentos industriais, e adequação dos equipamentos para os preceitos da indústria 4.0, em especial em soluções de monitoramento a distância. A consequência dos pontos alinhados por Soncini envolve custos diretos, tanto do fabricante quando do cliente.

“As fabricantes de transmissão mecânica investiram em processos mais avançados de produção, que permitem maior quantidade com menor custo e também trazem economia de energia na hora de produzir. A evolução tecnológica deu-se no processo de fabricação, mais do que no produto final, e no desenvolvimento de ligas especiais para usos específicos em rolamentos, engrenagens, acoplamentos e redutores. A pesquisa de novos materiais capazes de agilizar a produção e diminuir o retrabalho também é contínua. Ou seja, as fábricas investiram em máquinas para fabricar transmissões mecânicas, e os novos materiais reduzem os processos na própria linha de fabricação da transmissão mecânica, encurtando o processo fabril”, garante Ronaldo Santana.

Lição de casa concluída, as indústrias representadas pela CSTM levarão aos visitantes da FEIMEC 2022 “processos mais rápidos e materiais para aplicações especificas, pois os produtos são baseados na Lei de Newton, que não muda”, reafirma Santana, ao fazer duas recomendações para quem utiliza esses sistemas: “Atenção ao dimensionamento correto da lubrificação e à utilização de óleos lubrificantes mais eficientes. Dê a correta importância ao projeto e à especificação da transmissão mecânica, pois respondem pela redução no tamanho do equipamento e até no número de componentes”.

Conectividade

A utilização de meios digitais para conectar os equipamentos e o uso de IoT (Internet das Coisas) desenvolveram-se muito nos dois últimos anos, como forma de vencer as barreiras sanitárias e também por contribuírem “diretamente com as equipes de manutenção dos usuários dos compressores e de outros equipamentos de tratamento de ar comprimido e geração de gases, identificando possíveis falhas antes que elas efetivamente aconteçam e, assim, evitando perdas por interrupção do processo produtivo durante a manutenção corretiva do equipamento”, adverte Soncini.

“Vimos realmente uma transformação digital se consolidar e chegar ao chão de fábrica. Vamos presenciar nessa edição um evento conectado ao mundo digital” notifica Garcia, reconhecendo que as tecnologias digitais popularizaram-se, “saíram dos sistemas supervisórios, dos softwares de computadores industriais e pessoais, dos smartphones e dos tablets e passaram a integrar máquinas e equipamentos mecânicos. Nossos cilindros pneumáticos também estão mais inteligentes, nossas válvulas hidráulicas conversam em nuvem, nossos sensores de vazão provêm prognósticos, nossa automação industrial traz o IIoT (Internet das Coisas Industrial), para a vida real”.

A implantação de redes 5G, na visão do presidente da CSMF gerará “uma revolução na conectividade e permitirá melhor qualidade de transmissão de dados e segurança cibernética”, acelerando ainda mais “o processo de digitalização das empresas, que cresceu durante a pandemia, principalmente no relacionamento entre as partes, que, de forma remota, pôde ser ampliado fazendo com que a informação chegasse a mais pessoas, de forma mais rápida. Os produtos e serviços também seguiram na direção da digitalização, com mais conectividade e geração de dados para os fabricantes, melhorando a produtividade dos usuários”.

Olhando além do horizonte conhecido, Garcia entende as tendências perpassadas transversalmente pelos conceitos resumidos na sigla ESG – Enviroment, Social and Corporate Governance – que, para ele, “resume o que o mundo está buscando e, por consequência, dará o tom para as tecnologias atuais e futuras. A preocupação com a preservação do meio ambiente, com as pessoas – seja no aspecto de segurança, seja na inclusão e diversidade –, e com governança fazem parte dos objetivos da totalidade das empresas que visa a se destacar e crescer”.