Das 9.415 minas em regime de concessão de lavra em operação no Brasil, apenas 2%, ou 154, produzem mais de 1 milhão ton/ano. Quanto maior, mais equipamentos e processos mais complexos, com foco em segurança de operários, produtividade e redução do impacto ambiental, entre outros aspectos, demandando obra, manutenção e modernização de processo e de parque instalado.
Maior produtora mundial de minério de ferro, de pelotas de minério de ferro e de níquel, com carteira de produtos em que estão listados minério de manganês, ferroligas, carvão metalúrgico e térmico, cobre, metais do grupo da platina (“PGM”), ouro, prata e cobalto, a Vale se destaca também quando o tema é investimentos. Para este ano, a meta da Vale transmitida por seu diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores, Luciano Siani Pires, na última reunião com analistas, é ultrapassar os US$ 4 bilhões em investimentos.
A esse valor, soma-se a previsão de direcionar, nos próximos cinco anos, US$ 2,5 bilhões para o processamento a seco de minério de ferro, atividade que mereceu, nos últimos dez anos, US$ 17,4 bilhões na instalação e na ampliação do uso do processamento a seco – ou umidade natural – do minério de ferro produzido em suas operações nas minas de Carajás, Serra Leste e Complexo S11D Eliezer Batista, no Pará, e em diversas plantas em Minas Gerais, como Brucutu, Alegria, Fábrica Nova, Fazendão, Abóboras, Mutuca, Pico e Fábrica.
Especificamente no Pará, no chamado Sistema Norte, cerca de 80% das quase 200 milhões de toneladas produzidas pela Vale em 2018 utilizaram o processamento a seco. A principal usina de Carajás, a Usina 1, está em processo de conversão para umidade natural: das 17 linhas de processamento da planta, 11 já são a seco e as seis linhas a úmido restantes serão convertidas até 2022. Já em Minas Gerais, está previsto o emprego da metodologia nos projetos Apolo e Capanema, que atualmente encontram-se em fase de licenciamento ambiental.
Tratamento de rejeito a seco, controle e monitoramento inteligente, modernização, pós-venda, manutenção e reparos, processos de flotação e IoT estão nos planos de investimentos das mineradoras
Entre as empresas que se destacam na produção de minério de ferro também está a Mineração Usiminas (Musa), que tem em seu portfólio o mineral nos tipos Granulado Fino, Granulado Grosso, Sínter Feed, Pellet Feed e Concentrado, e responde pelo beneficiamento, blend de produtos e toda a parte de logística para o escoamento da produção.
Segundo Carlos Hector Rezzonico, diretor-presidente da Mineração Usiminas, no momento a Musa vem trabalhando de forma intensiva para tornar mais robustos os sistemas de segurança e também para obtenção de licenças para a expansão das operações. Os planos de melhoria contínua têm a segurança em primeiro lugar. Nesse sentido, o projeto de empilhamento a seco (Dry Stacking) é um importante passo, com previsão de conclusão até o fim de 2020 e investimentos ao redor de R$ 140 milhões. Em fase de licenciamento, o método traz ganhos ambientais e geotécnicos, apresenta maior vida útil da estrutura, eleva os níveis de recuperação de água, bem como oferece mais controle e estabilidade das estruturas.
Outra inovação na Musa é a utilização, a partir deste ano, de instrumento para o controle e monitoramento inteligente das barragens, desenvolvido pela startup Upsensor. “O sistema permite o acompanhamento geotécnico das estruturas de disposição de rejeitos em tempo real, o aumento da frequência das análises e a formação de banco de dados unificado”, descreve Rezzonico.
As ligações estreitas e os contatos frequentes entre a Mineração Usiminas (Musa) e o setor de máquinas e equipamentos também é destacado por Rezzonico que os credita “aos constantes investimentos em modernização e uso de novas tecnologias. A empresa necessita de atenção continuamente no pós-venda, com serviços periódicos de manutenção e reparos. As necessidades têm sido atendidas de maneira eficaz. Os custos são altos, principalmente devido à especificidade dos itens adquiridos ou contratados. Mas, a busca por portfólios de produtos atualizados é incessante, tanto por causa de demandas de expansão das operações quanto por reformas”.
A Musa, com suas quatro minas localizadas na região de Serra Azul (80 km de Belo Horizonte), detém ativos minerários com reservas potencialmente lavráveis estimadas em 2,4 bilhões de toneladas. Em 2018, suas vendas totalizaram 6,5 milhões de toneladas de minério de ferro, 38% das quais para a Usiminas e 62% para outros clientes, no mercado local e exportação. No primeiro semestre de 2019, as vendas foram de 3,7 milhão de toneladas, das quais 32% destinaram-se à Usiminas e 68% para outros clientes principalmente do Exterior, como China e Bahrein.
Já a Anglo American, que apenas no primeiro semestre de 2019 produziu 10,8 milhões de toneladas de minério de ferro (Pellet feed), totalmente direcionado a exportação, e 19,6 mil toneladas de níquel (ferroniquel), estima a produção anual de 19-21 milhões de toneladas de minério de ferro e de 42 mil a 44 mil toneladas de níquel, respectivamente nas unidades Minas-Rio (operação integrada de produção e transporte de minério de ferro composta por uma mina e planta de beneficiamento em Conceição do Mato Dentro-MG, um mineroduto de 529 km e uma planta de filtragem no Porto de Açu, em São João da Barra-RJ) e na Unidade de Níquel, nas plantas de Barro Alto (extração) e Codemin (beneficiamento), nos municípios de Barro Alto e Niquelândia (GO).
Não revelando os investimentos previstos, a empresa destaca as tendências tecnológicas relacionadas à sua atividade e que envolvem tratamentos de rejeito a seco para minérios de baixo teor, que permitam diminuir ou eliminar o uso de barragens; novos processos de flotação que resultem em maior eficiência na recuperação do minério em altas granulometrias; e utilização de internet das coisas (IoT), aumentando a preditividade de diversos tipos de atividades.
No mês em que comemora oito anos de operação (julho), a unidade de Vidal Ramos (SC) da Votorantim Cimentos, deu início a investimentos de R$ 55 milhões com o objetivo de se tornar a primeira cimenteira brasileira a utilizar a tecnologia by-pass, já consagrada e amplamente utilizada na Europa. A inciativa – que deve entrar em operação em outubro de 2020 – resulta da estratégia da empresa de promover a evolução técnica contínua das suas unidades.
“Com a nova tecnologia, a fábrica de Vidal Ramos será modelo em coprocessamento no Brasil”, destaca o gerente Regional Sul-Sudeste de Combustíveis Alternativos e Resíduos da Votorantim Cimentos, Bruno Marin.
Além disso, no primeiro semestre deste ano, a Votorantim Cimentos investiu R$ 4 milhões para ampliar a área de estocagem do coprocessamento e instalar um dosador para medição e mistura dos resíduos. Outros R$ 4 milhões foram investidos na modernização da moagem de coque e na instalação de transporte de finos de clinquer, o que melhorou o desempenho operacional da unidade, e mais R$ 1,5 milhão foram usados na inovação de equipamentos para reduzir o consumo de energia elétrica da fábrica, mesmo Vidal Ramos sendo referência mundial da VC nesse indicador.
Investimentos em tecnologias que reduzam o risco das barragens de rejeitos a montante também foram praticados pela Vallourec Mineração (VMN) na Mina Pau Branco. A mineradora optou por sistema inédito em âmbito global para empilhamento drenado de rejeitos de minério de ferro: o módulo de desaguamento por Filtros Prensa, que entrou em operação em novembro de 2015. Um novo módulo de filtragem com capacidade de desaguamento de 150 toneladas por hora vem merecendo investimentos em 2019.